Mortalidade infantil: Estudo mostra associação com a educação dos pais

Uma revisão sistemática mostrou que a baixa escolaridade dos pais são fatores de risco para mortalidade infantil. Saiba mais.

Uma revisão sistemática com metanálise publicada no jornal The Lancet mostrou que a baixa escolaridade materna e paterna são fatores de risco para mortalidade infantil, mesmo após o controle de outros marcadores de nível socioeconômico familiar.

Nas últimas décadas, grandes campanhas internacionais abordaram a educação e a sobrevivência infantil, notadamente a Convenção sobre os Direitos da Criança e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas (ODM).

Até 2015, nem a meta de mortalidade de menores de cinco anos nem a meta de educação primária foram alcançadas, apesar do progresso em direção aos ODM. Esta agenda inacabada foi estendida para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem metas para reduzir a mortalidade infantil (ODS 3), alcançar uma educação de qualidade inclusiva e equitativa (ODS 4) e reduzir as desigualdades (ODS 10).

Portanto, a educação tem sido considerada um determinante social fundamental da saúde com o ODS 4, que se concentra na promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, com ênfase específica em uma melhor educação para as meninas. A escolaridade dos pais, em especial das mães, tem sido associada a níveis mais baixos de mortalidade infantil. No entanto, não existe um consenso sobre a magnitude dessa relação globalmente.

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mortalidade infantil

Estudo sobre a mortalidade infantil

Dessa forma, Balaj et al. realizaram um estudo cujo objetivo foi estimar a redução total da mortalidade em crianças menores de 5 anos associada ao aumento da educação materna e paterna. Os pesquisadores conduziram uma revisão sistemática global abrangente e meta-análise de todos os estudos existentes sobre os efeitos da educação dos pais na mortalidade neonatal e de menores de cinco anos, juntamente com análises primárias de dados do Demographic and Health Survey (DHS).

Método

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em sete bancos de dados (CINAHL, Embase, MEDLINE, PsycINFO, PubMed, Scopus e Web of Science) no período entre 23 de janeiro e 8 de fevereiro de 2019. Posteriormente, houve uma atualização em 7 de janeiro de 2021. O intuito era estimar as reduções totais na mortalidade de crianças menores de cinco anos que estão correlacionadas com o aumento da educação materna e paterna, em seis intervalos de idade distintos (neonatal [0-27 dias], infância pós-neonatal [1-11 meses] e infância [1-4 anos, 0-4 anos, 0 –11 meses e 1 mês-4 anos]).

Dessa forma, foram incluídos artigos que analisaram a associação entre a educação dos pais (definida como anos de escolaridade, maior nível de escolaridade ou alfabetização) e a mortalidade de seus filhos em qualquer idade inferior a cinco anos.

A revisão sistemática não foi restrita por tempo, local ou idioma, resultando em 5339 registros individuais e envolvendo revisão de texto completo em 15 idiomas. Após exclusões, 186 estudos foram obtidos. Os dados do DHS foram compilados a partir de 114 inquéritos únicos, capturando 3.112.474 nascidos vivos. Os dados extraídos da revisão sistemática foram sintetizados juntamente com os dados primários do DHS, para meta-análise em um total de 300 estudos de 92 países.

Resultados

O aumento da educação materna e paterna mostrou uma relação dose-resposta associada à redução da mortalidade de menores de cinco anos, com a educação materna emergindo como um preditor mais forte. Uma redução na mortalidade em menores de cinco anos de 31% foi descrita para crianças nascidas de mães com 12 anos de escolaridade e de 17,3% para filhos nascidos de pais com 12 anos de escolaridade, em comparação com aqueles nascidos de pais que não estudaram.

Os pesquisadores também observaram que um único ano adicional de escolaridade estava, em média, associado a uma redução na mortalidade de menores de cinco anos de 3,4% para a educação materna e 1,57% para a educação paterna. A associação entre maior escolaridade dos pais e menor mortalidade infantil foi significativa para ambos os pais em todas as idades estudadas e foi maior após o primeiro mês de vida.

Conclusão

Segundo os autores, este estudo é o primeiro esforço para quantificar sistematicamente a importância transgeracional da educação para a sobrevivência infantil em nível global. Os resultados mostraram que a menor escolaridade materna e paterna são fatores de risco para a mortalidade infantil, mesmo após o controle de outros marcadores de nível socioeconômico familiar.

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Dessa forma, este estudo fornece evidências robustas para a educação universal de qualidade como um mecanismo para atingir a meta 3.2 do ODS de reduzir a mortalidade neonatal e infantil. Além disso, fornece dados bastante objetivos que destacam a relevância da educação como um ponto-chave global para melhorar a saúde das gerações futuras e promover o desenvolvimento sustentável através da melhoria das oportunidades e da participação e proporcionando efeitos positivos indiretos para outros determinantes sociais da saúde.

Referências bibliográficas:

  • Balaj M, York HW, Sripada K, et al. Parental education and inequalities in child mortality: a global systematic review and meta-analysis [published online ahead of print, 2021 Jun 10]. Lancet. 2021;S0140-6736(21)00534-1. doi: 10.1016/S0140-6736(21)00534-1

 

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