Mudanças na frequência de convulsões e drogas para epilepsia durante a gravidez

A epilepsia durante a gravidez é um jogo de equilíbrio entre a necessidade de medicamentos e a possibilidade de efeitos colaterais.

O acompanhamento de uma gestante portadora de epilepsia ou que desenvolve síndrome convulsiva durante a gravidez pode representar a necessidade de equilíbrio entre a necessidade de medicamentos para controle das crises que podem ser ruins para a mãe, para o feto ou até fatais para ambos e a possibilidade de efeitos colaterais das drogas utilizadas para esses fins no feto em desenvolvimento.

Leia também: Epilepsia de lobo temporal: aspectos importantes para a prática clínica

Mudanças na frequência de convulsões e drogas antiepilépticas durante a gravidez

Estudos recentes

Vários estudos citam taxas próximas de 79% de aumento nas crises de epilepsia, podendo evoluir com morte súbita relacionada às crises convulsivas durante a gravidez. A Academia Americana de Neurologia ainda tem poucos estudos que comprovem que a gravidez piora as crises em pacientes convulsivos prévias por falta de estudos com controles não grávidas para observar sua evolução durante a gravidez.

Com intuito de estudar gestantes e não gestantes, foi publicado no New England Journal Of Medicine em 24 de dezembro de 2020 um estudo com os seguintes objetivos:

  1. Mulheres epilépticas prévias têm maior frequência de crises durante a gravidez do que fora da gravidez.
  2. Avaliar se esse aumento de frequência se dá no pré parto, durante o parto ou pós-parto.
  3. Avaliar mudança de dose das drogas anticonvulsivantes durante a gravidez e fora dela e os fatores de risco fetais com essa mudança de dose.

Através de um estudo observacional, prospectivo reunindo 20 centros americanos que trabalham com síndromes convulsivas, incluindo mulheres de 14 a 45 anos de idade, basicamente excluindo aquelas que não conseguiam fazer a contagem do número de crises (por doença neurológica instalada e avançada), que tenham feito abuso de álcool ou drogas no último ano, QI menor que 70 ou que tenham feito alterações nas dosagens de suas medicações nos últimos 90 dias ou recentemente antes da gravidez. A avaliação foi feita de dezembro de 2012 a janeiro de 2016, resultando numa coorte de 460 mulheres (351 grávidas e 109 controles).

Saiba mais: Epilepsia: conheça o guia básico de prescrição de drogas anti-epilépticas [Purple Day]

As gestantes recebiam visitas regulares durante a gestação (pré parto número total de 4visitas, periparto em até 10 dias e seguimento por 18 meses pós parto) e anotações eram feitas checando número de crises, mudanças de medicações, eventos gestacionais como abortos, óbitos fetais.

Conclusões do estudo:

  • As pacientes apresentaram maior frequência de crises durante a gravidez do que no período de peri ou pós parto. Sendo similar no grupo de não grávidas que era acompanhado em paralelo.
  • As mudanças de dosagens das medicações foram observadas nas gestantes em relação ao mesmo período observacional das não gestantes.

Por se tratar de estudo observacional as limitações observadas relacionaram-se às possíveis classificações dos subtipos de crises convulsivas que poderiam ser utilizadas e a monitorização do uso das medicações pode não ter sido eficaz já que os dados eram registrados somente nas visitas às pacientes e controles.

Referências bibliográficas:

  • Pennell PB, et al. Changes in Seizure Frequency and Antiepileptic Therapy during Pregnancy. N Engl J Med 2020; 383:2547-2556. doi: 10.1056/NEJMoa2008663

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.