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Não é raro nos serviços de pronto atendimento de urgência e emergência nos depararmos com um paciente com taquicardia – sabendo que a frequência cardíaca normal varia entre 60 a 100 bpm -, que pode ser caracterizada como ventricular ou supraventricular, sendo necessária uma rápida distinção entre ambas, devido a diferenças no prognóstico e tratamento.
Após uma história clínica, a pergunta inicial que devemos fazer é se o paciente encontra-se hemodinamicamente estável ou com instabilidade – dor torácica, diminuição do nível de consciência, síncope, diminuição da pressão arterial e dispneia. Caso haja instabilidade, a cardioversão elétrica imediata está indicada; caso contrário, devemos seguir algumas etapas para o diagnóstico e tratamento.
Como proceder
Inicialmente, olhamos o complexo QRS: se é estreito (<120ms) ou alargado (>120ms), FIGURA 1. Assim, seguimos para outras etapas, com a finalidade de avaliar a regularidade do intervalo R-R, a presença de onda P antes do QRS e a relação RP/PR, conforme as principais arritmias mostrado na FIGURA 2.
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Após seguir as etapas da FIGURA 2, descartando as arritmias com RR irregular, cujo tratamento é diferente, passamos para o tratamento das taquiarritmias com RR regular. A primeira opção no paciente estável é a manobra vagal, seguido da adenosina, atentando-se obrigatoriamente às principais contraindicações: doença pulmonar broncoespástica ou broncoconstritiva e bloqueios atrioventriculares.
A manobra vagal e a adenosina servem tanto para reverter a taquicardia quanto para alentecer a condução AV, podendo assim ajudar no diagnóstico de arritmia como flutter atrial, aumentando o bloqueio AV e nos permitindo uma melhor visualização das ondas F (típico de flutter atrial).
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Caso o paciente permaneça com arritmia, é permitido o uso de outros antiarrítmicos como, por exemplo, amiodarona, betabloqueadores, antagonista dos canais de cálcio, propafenona, dentre outros.
É importante lembrar que o uso de qualquer medicação endovenosa deve ser sempre realizado em unidade com monitorização cardíaca e na presença de cardiodesfibrilador, pelo risco de desencadear uma taquicardia ventricular. A adenosina deve ser utilizada da maneira correta – infusão rápida empurrando com solução fisiológica e elevando o membro da aplicação -, lembrando-se sempre de, antes da administração, avisar ao paciente que a medicação poderá lhe causar mal-estar.
O procedimento de ablação por cateter utilizando energia de radiofrequência é uma evolução para o tratamento dessas arritmias, melhorando a qualidade de vida e muitas vezes deixando o paciente sem medicamentos por via oral, com baixas taxas de complicações.
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Referências:
- Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes para Avaliação e Tratamento de Pacientes com Arritmias Cardíacas, Arq Bras Cardiol volume 79, (suplemento V), 2002
- Braunwald – tratado de doenças cardiovasculares. Douglas L. Mann, et al.; 10. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.