Nas espondiloartrites periféricas precoces, qual a frequência do acometimento axial?

Estudo avalia o acometimento axial, através do uso de ressonância magnética de sacroilíacas e coluna lombar, em casos de espondiloartrites.

As diferentes formas de espondiloartrites (SpA) compõem um grupo complexo de doenças, capazes de se manifestar de maneira pleomórfica: são uma combinação variável de acometimentos axial, periférico e entesítico, associados ou não a manifestações oculares, intestinais e cutâneas. Dados a respeito do acometimento axial em pacientes com SpA periférica são escassos.

O objetivo do atual estudo foi avaliar o acometimento axial, através do uso de ressonância magnética (RM) de sacroilíacas (SI) e coluna lombar, em pacientes com SpA periférica precoce, incluindo tanto os pacientes com artrite psoriásica, (PsA) quanto não-PsA.

Estudo avalia acometimento axial em espondiloartrites

Doctor radiologist looking at x-ray images

Como foi feita a avaliação da frequência do acometimento axial nas espondiloartrites periféricas

Os pacientes analisados fazem parte do estudo CRESPA (Clinical Remission in Peripheral Spondyloarthritis), que incluiu pacientes com SpA periférica precoce, definida como sintomas iniciados há menos de doze semanas. Esse estudo foi inicialmente desenhado para avaliar se os pacientes que faziam uso de golimumabe precocemente, seriam capazes de manter remissão sustentada livre de medicamentos.

Dos pacientes incluídos no CRESPA, 56 pacientes (93% do total) foram submetidos à RM de SI e coluna lombar antes do início do golimumabe. Após atingir remissão clínica sustentada da SpA periférica, o tratamento foi retirado e uma segunda RM foi realizada.

O edema medular ósseo (EMO) e as alterações estruturais foram avaliados através do método SPARCC por três especialistas. O preenchimento dos critérios ASAS para SpA axial foram registrados e as imagens da coluna foram avaliadas através do sistema de pontuação Canadá/Dinamarca. Os resultados foram comparados com 61 pacientes da coorte belga de SpA axial (Be-GIANT).

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Resultados

Dos 56 pacientes, 36% apresentaram EMO na RM do baseline. Todas essas alterações encontradas preencheram os critérios ASAS para sacroiliíte. Apesar disso, não houve associação com lombalgia. Surpreendentemente, 21% apresentaram também alterações estruturais nas SI (16% de todos os pacientes do CRESPA apresentavam erosões). Não houve diferença entre os pacientes com PsA e os pacientes com SpA periférica não-PsA.

Quando comparados com os pacientes do Be-GIANT, os pacientes do CRESPA com EMO apresentaram uma distribuição similar e valores de escores no SPARCC comparáveis.

Já quando avaliadas as lesões em coluna lombar, o EMO foi menos proeminente, com escores médios de inflamação muito baixos.

Após uso do golimumabe, os escores do SPARCC reduziram substancialmente naqueles com EMO na RM de SI no baseline (8,9 vs. 3,7, p=0,041).

Comentários

Este foi o primeiro estudo a avaliar acometimento axial através da RM em pacientes com SpA periférica precoce. Foi encontrada uma prevalência inesperadamente alta de EMO (36%) e alterações estruturais (21%, especialmente erosões) nas SI. A coluna lombar, em compensação, foi pouco acometida.

Este estudo demonstra que existe uma carga inflamatória maior do que aquela suspeitada clinicamente e que o golimumabe foi capaz de suprimir essa inflamação clinicamente inaparente.

No entanto, é prematuro assumir que existe uma melhora a longo prazo, tanto da inflamação quanto da progressão radiográfica e piora funcional, uma vez que esse estudo não foi desenvolvido para esse propósito. Desse modo, não é possível recomendar ainda que seja realizado o rastreamento de pacientes com SpA periférica assintomáticos do ponto de vista axial. Necessitamos de novos estudos a esse respeito, para entender melhor o papel da RM de SI nesse subgrupo de pacientes.

Referência bibliográfica:

  • Renson T, Carron P, de Caremer A-S, et al. Axial involvement in patients with early peripheral spondyloarthritis: a prospective MRI study of sacroiliac joints and spine. Ann Rheum Dis. 2021; 80:103-8.

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