Neobrain Brasil 2019: escore clínico modificado de Sarnat

Em 1976, Sarnat e Sarnat publicaram um artigo sobre encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI). Veja quais foram os objetivos desse estudo.

Em 1976, Sarnat e Sarnat publicaram o artigo Neonatal encephalopathy following fetal distress. A clinical and electroencephalographic study, sobre encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI). Os objetivos desse estudo foram:

  • Fornecer uma abordagem clínica sistemática para a identificação dos sinais neurológicos transitórios que aparecem sequencialmente após a asfixia (no momento do nascimento ou próximo a ele);
  • Sugerir uma relação da duração desses sinais com o prognóstico dos bebês com EHI secundária à asfixia perinatal.

Naquela época, os autores descreveram que a EHI era a doença neurológica mais comum do período perinatal e uma das principais causas de incapacidade crônica na infância. Os autores propuseram um sistema de estadiamento para os achados neurológicos observados após o insulto hipóxico-isquêmico perinatal.

Nesse escore, conhecido como Escore de Sarnat e Sarnat, eram avaliadas características distintivas de três estágios clínicos da EHI em recém-nascidos (RN) a termo. No entanto, uma versão modificada desse escore tem sido usada como base para a avaliação neurológica de RN inscritos em protocolos de hipotermia terapêutica (HT) – o escore modificado de Sarnat (Quadro 1).

Leia também: Neobrain Brasil 2019: hipotermia terapêutica em neonatologia

EHI: Escore modificado de Sanart

Normal Estágio 1 (leve) Estágio 2 (moderada) Estágio 3 (grave)
  • Nível de consciência
Alerta, responsivo a estímulos externos Hiperalerta, responde a estímulos mínimos, inconsolável Letárgico ou embotamento Estupor ou coma
  • Atividade
Normal Normal ou aumentada Diminuída  Ausente
  • Postura
Normal Flexão distal leve  Flexão distal moderada, completa extensão Descerebração
  • Tônus
Normal Tônus periférico normal ou ligeiramente aumentado Hipotonia (focal ou generalizada) ou hipertonia Flácido ou rígido
  • Reflexos primitivos

(circule apenas o nível mais alto em cada sinal; a pontuação máxima é de apenas 1 em qualquer categoria) 

Sucção Normal Normal ou incompleta Fraca ou ausente Ausente
Moro Completo Completo, limiar baixo Incompleto Ausente
  • Sistema autonômico

(circule apenas o nível mais alto em cada sinal; a pontuação máxima é de apenas 1 em qualquer categoria)

Pupilas No escuro: 2.5–4.5 mm

Na luz: 1.5–2.5 mm

Midríase Constritas  Desviadas / dilatado / não reativas à luz
Frequência cardíaca 100 – 160 bpm Taquicardia (>160 bpm) Bradicardia (<100 bpm) Variável
Respiração Regular Hiperventilação (>60 irpm) Periódica Apneia ou requer ventilação

Legenda: EHI – encefalopatia hipóxico-isquêmica. | Nota: O nível de encefalopatia será atribuído com base em qual nível de sinais (moderado ou grave) predomina entre as seis categorias. Se sinais moderados e graves são igualmente distribuídos, a designação é então baseada no nível mais alto da categoria 1, o nível de consciência. Se o nível de consciência for igual, a designação do estágio da EHI será baseada no tônus (Categoria 4). Uma criança com convulsões será EHI moderada ou grave, dependendo do exame neurológico. A convulsão com EHI normal ou leve ou EHI moderada no exame neurológico será “EHI moderada”. A convulsão com EHI grave será “EHI grave”. | Fonte: Adaptado de THAYYIL et al. (2017)4 e QUEENSLAND CLINICAL GUIDELINES (2016).

Atualmente, a incidência do comprometimento do desenvolvimento neurológico em RN extremamente prematuros e naqueles com EHI secundária à asfixia perinatal continua elevada, mesmo com os avanços nos cuidados perinatais.

A utilização do escore modificado de Sarnat foi amplamente abordada no congresso Neobrain Brasil 2019.

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Referências bibliográficas:

  • SARNAT, H. B.; SARNAT, M. S. Neonatal encephalopathy following fetal distress. A clinical and electroencephalographic study. Arch Neurol, v.33, n.10, p.696-705, 1976
  • BRENNAN, K. G. Neonatologia. In: POLIN, R. A.; DITMAR, M. F. (Eds.). Secrets – Pediatria. Tradução de Luciana Cristina Baldini Peruca, Sandra Mallmann e Sílvia Spada. 6ª ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2018. Cap.11, 726 p
  • VARIANE, G. F. T et al. Early amplitude-integrated electroencephalography for monitoring neonates at high risk for brain injury. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v.93, n.5, p.460-466, 2017
  • THAYYIL, S. et al. Hypothermia for encephalopathy in low and middle-income countries (HELIX): study protocol for a randomised controlled trial. Trials, v.18, n.1, p.432, 2017
  • QUEENSLAND CLINICAL GUIDELINES. Hypoxic-ischaemic encephalopathy (HIE). Disponível em: https://www.health.qld.gov.au/__data/assets/pdf_file/0014/140162/g-hie.pdf. Acesso em 10 de nov. 2019

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