Neuropatia diabética: atualização no tratamento da dor

Estima-se que a neuropatia diabética atinja cerca de 50% em diferentes grupos de pacientes, sendo na evolução da doença.

Em maio de 2017, a revista Neurology publicou uma revisão sistemática sobre o tratamento farmacológico da neuropatia diabética e seu impacto no controle da dor e na qualidade de vida dos pacientes.

Estima-se que a frequência da neuropatia diabética seja de 50% em diferentes grupos de pacientes, sendo maior quanto mais prolongada a evolução da doença. Entretanto, quando considerados métodos mais sensíveis para seu diagnóstico, sua prevalência pode chegar próximo a 100%.

Dados da Sociedade Brasileira de Diabetes apontam que há mais de 13 milhões de pessoas com diabetes no país, cerca de 6,9% da população. A elevada prevalência da doença e sua incursão por praticamente todas as especialidades torna necessário seu conhecimento, e de suas complicações, por todos os médicos.

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A presente revisão contou com 106 artigos e se propõe a atualizar as ultimas publicadas, em especial a de Griebeler et al (2014). Foi utilizada como estratégia de busca a consulta aos trabalhos citados em revisões sistemáticas publicadas de 2011 a 2015, bem como a edição das estratégias de buscas de algumas dessas revisões a fim de incluir estudos publicados entre 2013 a 2016.  Por fim foram pesquisados resultados de estudos disponíveis em plataforma especializada cujas publicações não puderam ser identificadas.

Seguem os resultados obtidos:

 CONTROLE DA DOR

Os principais resultados para cada medicação (ou classe de medicação) avaliada referem-se respectivamente à sua efetividade e à força das evidencias analisadas:

Anticonvulsivantes:

  • Pregabalina: Efetiva, Baixa;
  • Gabapentina: Não efetiva, Baixa;
  • Oxcarbazepina: Efetiva, Baixa.

 Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina: Efetiva, Moderada;

  • Duloxetina: Efetiva, Moderada;
  • Venlafaxina: Efetiva, Moderada.

 Antidepressivos Tricíclicos: Efetiva, Baixa;

  • Imipramina: Efetiva, Baixa.

Opioides:

  • Oxicodona: Não efetiva, Baixa;
  • Tramadol e Tapentadol: Efetiva, Baixa.

Agentes tópicos:

  • Capsaicina tópica 0,075%: Não efetiva, Baixa.

Outros agentes:

  • Dextrometorfan: Não efetiva, Baixa;
  • Mexiletine: Não efetiva, Baixa;
  • Toxina Botulínica: Efetiva, Baixa.

A revisão atual não encontrou evidências suficientes a cerca das seguintes medicações: zonisamida, carbamazepina, desipramina, amitriptilina, capsaicina patch 8%, clonidina tópica e os canabinoides nabilone e nabiximols.

Mais da autora: ‘Manejo da sialorreia em pacientes neurológicos’

 DANOS

Também foram avaliados os efeitos adversos mais frequentes (relatados por mais de 10% dos participantes dos estudos) para cada classe de medicação:

Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina: tontura, náuseas e sonolência.

Anticonvulsivantes: tontura, náuseas e sonolência.

Tricíclicos: xerostomia, sonolência e insônia.

Opioides: constipação, náuseas e sonolência.

QUALIDADE DE VIDA

 Apesar de pretender avaliar o impacto do tratamento na qualidade de vida dos pacientes, os autores concluem que os estudos pouco abordam o tema, e quando o fazem é de forma heterogênea (omissão de valores para qualidade de vida, relato inconsistente), o que impede uma conclusão sobre o assunto.

CONSIDERAÇÕES

As características dos estudos selecionados e os critérios adotados para sua seleção devem ser considerados na análise dos resultados, conforme o discutido pelo próprio autor. A comparação de eficácia foi realizada entre medicação versus placebo, e não entre medicação versus medicação.

A maior parte dos estudos teve duração inferior a três meses. Foram excluídos os estudos nos quais pacientes com neuropatia diabética apresentavam também outros tipos de neuropatia. Em razão da heterogeneidade dos estudos foram selecionados apenas aqueles com escalas de dor para sintetizar os resultados das medicações. No entanto, as próprias escalas de dor apresentam limitações.

Veja também: ‘Neuropatia diabética: diretriz indica prevenção, tratamento e manejo’

Os resultados apontam para a diversidade das publicações sobre o tema, contexto que dificulta comparações entre elas. Destaca-se a necessidade de maior padronização na avaliação da dor e de investigação mais profunda sobre da qualidade de vida desses pacientes

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • GRIEBELER, M. L. et al. Pharmacologic Interventions for Painful Diabetic NeuropathyAn Umbrella Systematic Review and Comparative Effectiveness Network Meta-analysisPharmacologic Interventions for Painful Diabetic Neuropathy. Annals of internal medicine, v. 161, n. 9, p. 639-649, 2014.
  • MILECH, A. et al. Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes (2015-2016). São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf.  Acesso em 03 de junho de 2017.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES: Disponível em https://www.diabetes.org.br. Acesso em 03 de junho de 2017.
  • WALDFOGEL, Julie M. et al. Pharmacotherapy for diabetic peripheral neuropathy pain and quality of life A systematic review. Neurology, v. 88, n. 20, p. 1958-1967, 2017.

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