Nivolumabe pode aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de esôfago

Segundo um estudo, a utilização do nivolumabe, já aprovado no Brasil, pode dobrar a sobrevida dos pacientes com câncer de esôfago. Saiba mais.

A utilização do imunoterápico nivolumabe, já aprovado no Brasil, pode dobrar a sobrevida dos pacientes com câncer de esôfago, além de reduzir o risco de recidiva do tumor e óbito em mais de 30%. É o que mostra um estudo liderado por médicos do Baylor University Medical Center de Dallas e publicado por cientistas na revista New England Journal of Medicine (NEJM).

“É um grande passo para esses pacientes”, disse o médico Ronan Kelly, diretor de oncologia do Baylor University Medical Center em Dallas e principal autor do estudo. Até agora, a imunoterapia tem sido usada com mais frequência em cânceres em estágio avançado. E este ensaio clínico abre um caminho de esperança para os pacientes com esse tipo de câncer que resiste à maioria dos tratamentos.

Segundo especialistas internacionais, a descoberta marca um grande avanço no tratamento pós-cirúrgico do câncer de esôfago, que deve se tornar um novo padrão de tratamento.

enfermeiro fazendo infusão do nivolumabe em paciente com câncer de esôfago

Nivolumabe para câncer de esôfago

A pesquisa recrutou 794 voluntários em 29 países. Dois terços receberam nivolumabe (532) e um terço, placebo. Os pacientes foram diagnosticados com câncer de esôfago no estágio 2 ou 3. Todos haviam passado por quimioterapia e radioterapia, seguidas de cirurgia para remover os tumores. O estudo incluiu pacientes cujas cirurgias os deixaram com células cancerígenas residuais.

Os voluntários do estudo receberam nivolumabe por via intravenosa a cada duas semanas por 16 semanas, seguidos de quatro em quatro semanas por um ano. A maioria tolerou bem, de acordo com o estudo. Já 9% tiveram que interromper o tratamento por causa dos efeitos colaterais, em comparação com 3% no grupo placebo.

Aqueles que receberam um placebo experimentaram uma recorrência do câncer após onze meses. Quem recebeu nivolumabe viveu sem o tumor por duas vezes mais: 22,4 meses, em média. Estudos futuros da equipe médica avaliarão ainda as taxas de sobrevida global.

Sobrevida

A sobrevida dos pacientes com câncer de esôfago depende de diversos fatores como o grau de avanço da doença, o momento do diagnóstico e o tratamento correto e rápido.

“A sobrevida varia de 30% a 50% em cinco anos. Porém, quando o tumor é detectado em um estágio inicial, a chance de sobrevida com cirurgia aumenta para 90%”, disse o cirurgião oncológico Felipe José Fernández Coimbra, diretor do Instituto Integra Saúde e head da equipe médica da Cirurgia Abdominal do A. C. Camargo Cancer Center, que não participou do estudo.

Leia também: QT x QRT como neoadjuvantes no câncer de esôfago: qual a abordagem mais efetiva?

Mais estudos serão necessários

O câncer de esôfago apresenta uma alta taxa de mortalidade porque causa poucos ou nenhum sintoma até que esteja relativamente avançado, e não há protocolo de triagem para detectá-lo precocemente. Os fatores de risco incluem obesidade, tabagismo, má alimentação e refluxo ácido crônico.

Embora encorajadores, os resultados do novo estudo mostram que nem todos os pacientes responderam ao tratamento, e os pesquisadores terão que estudar por que e como melhorar os resultados dos pacientes.

Os pesquisadores já estão trabalhando para ajustar a melhor forma de usar o nivolumabe quando administrá-lo durante o tratamento e como combiná-lo com outros medicamentos.

Câncer de esôfago

O câncer de esôfago tem uma das menores taxas de sobrevivência de qualquer malignidade. Mesmo entre os pacientes diagnosticados antes da doença se espalhar, menos da metade sobrevive por cinco anos.

A estimativa é de que ocorram 572 mil novos casos de câncer de esôfago no mundo, sendo a incidência duas vezes maior nos homens do que nas mulheres.

Como não há triagem eficaz ou detecção precoce, a maioria dos pacientes apresenta doença metastática localmente avançada ou evidente. O carcinoma de células escamosas de esôfago é o tipo histológico mais comum em todo o mundo em áreas de alta incidência, como o leste da Ásia, e o adenocarcinoma é o tipo histológico dominante no oeste do continente.

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020, 11.390 novos casos de câncer de esôfago devem ter ocorrido no país, causando 8.716 óbitos. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de esôfago em homens é o quinto mais recorrente na região Sul, o sexto no Nordeste e no Centro-Oeste, o sétimo no Sudeste e o oitavo no Norte.

Inicialmente, o medicamento foi recomendado para câncer no pulmão e melanoma, no entanto, os pesquisadores observaram nos estudos mais recentes que é válido incluir esse medicamento nos tratamentos de câncer no rim, na bexiga e no esôfago, além do gástrico metastático e do linfoma de Hodgkin.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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