Noções de anestesia para cirurgiões

O bloqueio de nervos periféricos é de muita utilidade para o cirurgião ao permitir realização de procedimentos cirúrgicos com menor repercussão sistêmica.

O bloqueio de nervos periféricos é de muita utilidade para o cirurgião ao permitir realização de procedimentos cirúrgicos com menor repercussão sistêmica. Também podem ser associados a anestesia geral, garantindo menor dor pós-operatória com retorno mais rápido às atividades laborais, além de menor quantidade de sedação e bloqueio neuromuscular para realização da anestesia geral.

A seguir, saiba a dose máxima de cada anestésico a ser utilizada para realização de bloqueios de nervos periféricos e na sequência a técnica e aplicação dos bloqueios mais frequentes e utilizados no dia-a-dia do cirurgião geral.

Leia também: Como abordar paciente com lesão renal aguda no perioperatório?

Bloqueio dos nervos ileoinguinal e ileo-hipogástrico

Como fazer: Estes nervos são originados de L1. Sua localização mais próxima a pele possibilitando o bloqueio regional da área que inervam é a cerca de 2 centímetros cranial e medial à crista ilíaca antero-superior, sendo a agulha introduzida perpendicularmente à pele. Neste momento, são infiltrados cerca de 5 ml de solução anestésica entre os músculos oblíquo interno e externo. Posteriormente, pode-se prosseguir com a infiltração com trajetória em leque pela agulha.

Indicações: Grande uso em cirurgias inguinoescrotais, a saber: hérnia inguinal, varicocele, orquidopexia. Além de diminuir a dor pós-operatória, aliada à anestesia geral, permite despertar mais rápido.

Complicações: São raras.

Bloqueio peniano

Como fazer: O pênis é sabidamente inervado pelos nervos ileoinguinal e penianos direito e esquerdo; além de ramos perineais sacrais e o nervo dorsal do pênis, ramo do nervo pudendo. A infiltração deste é realizada através da punção no ponto médio da base dorsal do pênis, bem próximo à sínfise púbica. Neste ponto, o anestésico é injetado cerca de 1 a 2 ml de cada lado da base, seguindo a trajetória de um ‘V’ invertido. É injetada mesma quantidade na face ventral, entre base do pênis e bolsa escrotal, na prega entre essas duas estruturas, tomando cuidado com a
topografia da uretra.

Indicações: Apresenta uso, obviamente, em cirurgias do pênis.

Complicações: Pode ocorrer hematoma, injeção vascular e isquemia.

cadastro portal

Bloqueio intercostal

Como fazer: O paciente pode ser posicionado em decúbito dorsal, lateral ou mesmo sentado. Na sequência, identifica-se o espaço intercostal, sabendo que os nervos intercostais constituem ramos torácicos de T1 a T12 e que os mesmos percorrem o sulco costal inferior. É introduzida uma agulha em direção à borda inferior do arco costal superior. Lembre-se de aspirar antes de infiltrar, descartando punção vascular. Por fim, são injetados de 3 a 5 ml de anestésico local. A quantidade de espaços intercostais a serem bloqueados será determinada pela extensão da área que se pretende bloquear.

Indicações: Apresenta extensa aplicabilidade na realização de procedimentos na parede torácica e mama, sendo, inclusive, útil na analgesia pós-operatória. Um exemplo do uso diário nas emergências desse tipo de bloqueio pelo cirurgião geral, é para realização da drenagem de tórax.

Complicações: É o tipo de bloqueio regional que mais promove absorção sistêmica do anestésico local

Bloqueio dos membros

Leia mais: Oxigenoterapia hiperbárica na prevenção e manejo de complicações de anastomoses

Referências bibliográficas:

  • Moiniche S, Kehlet H, Dahl JB. A qualitative and quantitative systematic review of preemptive analgesia for postoperative pain relief. Anesthesiology 2002; 96 (3): 725-41.
  • Conselho Federal de Medicina. Resolução número 1670, 2003.
  • Liu SS, Hodgson PS. Local Anesthetics, In: Barash PG, editor. Clinical Anesthesia 4th. Philadelphia: Lippincott Wiliams & Wilkins; p 449-72.
  • Portella A, Dos Santos EJA. Anestesia locorregional para o cirurgião. Sistema de Educação Médica Continuada a Distância. PROACI. Programa de Atualização em Cirurgia. Ciclo 1. Módulo 4. Pag 93-122.
  • Atanassoff PG, et al. Intercostal nerve block for minor breast surgery. Regional Anesthesia 1991; 16 (1): 23-7.
  • Netter FH. Membro Superior e Membro Inferior, em: Atlas de Anatomia Humana 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 391-452 e 453-510.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.