Nova cirurgia para disfunção erétil é testada no Brasil

Pesquisadores brasileiros anunciaram os resultados da reinervação peniana, cirurgia que promete corrigir a disfunção erétil em homens.

Pesquisadores brasileiros anunciaram os resultados da reinervação peniana, cirurgia que promete corrigir a disfunção erétil em homens que retiraram a próstata. Por enquanto, a equipe da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (Unesp) já operou 62 homens, com uma taxa de sucesso de 60%. E os outros 40% demonstram vários graus de melhora na ereção.

“O procedimento retira o nervo sural da perna e cria com ele uma ligação entre o nervo femoral e o pênis. O nervo femoral passa pela região da bacia e dá sensibilidade e força para a coxa e os músculos envolvidos na caminhada”, explica o cirurgião plástico Fausto Viterbo, um dos desenvolvedores da técnica cirúrgica.

Segundo o pesquisador, normalmente, esse nervo não está envolvido na ereção. Mas, como ele ativa os movimentos corporais, a equipe teve a ideia de utilizá-lo como substituto do nervo cavernoso, que comanda a ereção do pênis.
Os resultados do estudo foram publicados no British Journal of Urology International.

nova cirurgia para disfunção erétil

Reinervação peniana: a quem se destina

O público-alvo principal é o indivíduo que precisa retirar a próstata para tratar um tumor maligno na glândula.
Entretanto, o grupo de cientistas já operou três pacientes voluntários diabéticos. Como a doença também prejudica o sistema nervoso dos membros, a nova operação também pode ajudá-los. Os primeiros resultados foram positivos.

A indicação cirúrgica não leva em consideração a idade. Até o momento, foram operados indivíduos entre 53 e 73 anos, com resultados semelhantes entre as faixas etárias.

Outra indicação possível é o indivíduo que sofreu um trauma na bacia. A equipe médica estuda, inclusive, se o reforço na inervação da região compensa a falta de circulação local.

“Isso ainda está sendo estudado, mas acreditamos que o método pode ser eficaz em quem tem pequenas perdas vasculares”, reforça Fausto Viterbo.

Para o urologista Carlos Teodósio da Ros, coordenador do Departamento de Medicina Sexual e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), os resultados são interessantes, mas por enquanto trata-se apenas de uma série de casos. “A técnica é interessante e se realmente for reaplicada com sucesso é uma alternativa para o tratamento de casos de disfunção erétil após a cirurgia da próstata”, diz o especialista.

Leia também: Disfunção erétil masculina: como o generalista pode abordar?

Como a cirurgia é realizada

Depois de uma anestesia geral ou peridural, o médico faz algumas incisões nos dois lados da virilha, na base do pênis e nas laterais de ambas as pernas para retirar o nervo sural. Em seguida, o mesmo é dividido em dois, sendo inserida cada metade em um lado da virilha.

A operação dura, em média, cinco horas. A recuperação envolve um treinamento de excitação, com estímulos visuais e masturbação para incentivar a ereção. Com exceção dos incômodos comuns da cirurgia, não foram registrados efeitos colaterais importantes até o momento. Só houve uma ocorrência de perda de sensibilidade na lateral dos pés, quase imperceptível.

Enquanto a técnica não é realizada por mais profissionais de saúde ou incluída no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos planos de saúde, os interessados precisam entrar na lista de espera da Faculdade de Medicina de Botucatu.

Disfunção erétil: números e prevenção

Segundo o urologista Carlos da Ros, os estudos epidemiológicos de disfunção erétil foram realizados na década de 90 e são utilizados até hoje. Aproximadamente 50% dos homens com mais de 40 anos de idade têm problemas de ereção, e quanto maior é a faixa etária, maior a probabilidade de disfunção erétil, bem como a sua gravidade.

“Estamos na segunda campanha de conscientização da população para que os jovens sejam encaminhados para os urologistas (#VemProUro). Essa campanha visa informar, orientar e avaliar os meninos. Debater temas como DSTs, anticoncepção e sexualidade são muito importantes”, avalia o médico.

O urologista lembra que um em cada seis homens adultos vai ter câncer de próstata e que somente essa informação deveria ser o suficiente para levar mais homens aos consultórios dos urologistas.

“Mas tem também a questão sexual. Aproximadamente 30% dos homens adultos têm diminuição da testosterona. Cerca de 10% têm curvatura peniana. Na verdade, todos os homens vão apresentar o crescimento benigno da próstata em algum momento da vida, mas apenas metade vai ter sintomas urinários”, ressalta Carlos da Ros.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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