Nova técnica corrige deformidades nas pernas de crianças e adolescentes com a doença de Blount

Uma paciente do INTO foi submetida a uma cirurgia com uma nova técnica para corrigir a deformidade nas pernas, resultado da doença de Blount. 

Uma paciente de dez anos foi a primeira do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro, a ser submetida a uma cirurgia com técnica inovadora para corrigir a deformidade nas pernas, provocada pela doença de Blount. 

A pequena paciente desenvolveu a enfermidade a partir dos três anos, quando o encurvamento das duas pernas começou a se tornar mais grave. De acordo com os pais, a menina sentia muitas dores e tinha muita dificuldade para andar. 

“Depois da cirurgia, em pouco tempo de tratamento, as pernas da minha filha começaram a voltar para o lugar. Fiquei muito feliz porque o resultado foi muito rápido e satisfatório”, contou emocionado o pai da criança, Valdemir Carmo do Nascimento, em entrevista ao portal do INTO. 

Pioneiro no Brasil, o procedimento foi criado em julho de 2020 e garante um tratamento mais confortável e muito menos doloroso às crianças e adolescentes. Pacientes dessas faixas etárias estão entre os casos mais recorrentes, uma vez que se trata de um distúrbio de crescimento, e com maior controle das correções ortopédicas. 

“Inicialmente, essa técnica foi desenvolvida para corrigir deformidades causadas em crianças pela doença de Blount, mas isso não impede que seja utilizada em adultos que ainda tenham sofrido nenhuma intervenção cirúrgica para tratar o problema”, esclareceu o médico Flávio dos Santos Cerqueira, chefe do Centro de Alongamento e Reconstrução Óssea do INTO e idealizador da técnica, em entrevista ao Portal PEBMED.

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doença de Blount

Dupla osteotomia de abertura gradual e controlada 

Batizada de dupla osteotomia de abertura gradual e controlada, a técnica cirúrgica consiste na inserção de um fixador externo na perna do paciente para a realização de duas aberturas ósseas. 

Por realizar essas aberturas de maneira gradual, o novo procedimento é muito menos doloroso (quase indolor) e reduz as chances de necrose da pele e de lesões dos tecidos encurtados. Ademais, a estrutura do aparelho utilizado na técnica é mais leve e menor, facilitando os movimentos e a higienização do paciente, como explica melhor o seu idealizador. 

“Esse método consiste na colocação de um fixador externo monolateral, que consegue corrigir deformidades severas causadas pela doença de Blount. Antes somente era possível fazer essa correção com fixadores externos circulares, que geravam incômodos e desconfortos maiores para os pacientes”, explicou o médico Flávio Cerqueira. 

Outra vantagem do método é devolver a autoestima e a confiança das crianças. 

“Isso é mais do que uma deformidade física, pois acaba se tornando uma deformidade social, uma vez que, por conta dessa condição, as crianças não querem mais ir à escola por vergonha ou bullying. Essa técnica, mais do que corrigir uma deformidade, devolve a autoestima e a confiança da criança, melhorando sua qualidade de vida”, apontou o idealizador do método.  

Tratamento continua em casa 

Após a realização da cirurgia no hospital, o tratamento tem continuidade em casa com a abertura manual realizada pelo responsável da criança ou do adolescente e orientada pela equipe médica. O tempo de recuperação depende de cada paciente, mas em poucos meses já é possível notar os resultados. 

“Na cirurgia, são realizados dois cortes em dois pontos diferentes no osso. E essa correção, por ser gradual, tem continuidade em casa. O paciente ou seus pais recebem uma chave, na qual eles irão rodando o aparelho, abrindo aos poucos o mesmo e promovendo a correção desta deformidade aos poucos. De forma gradual e controlada para não ocasionar nenhum tipo de dano na estrutura óssea da perna. Sendo assim, torna-se uma técnica mais segura e quase indolor para os pacientes, possibilitando aos médicos uma correção mais apurada. 

Para saber mais sobre a técnica, assista ao vídeo explicativo em inglês, no link.

Sobre a doença de Blount 

Conhecida ainda como tíbia vara, a doença de Blount é caracterizada por causar alterações no desenvolvimento do osso das pernas, provocando deformação progressiva. 

A patologia pode ser classificada conforme a idade do paciente e os fatores que estão ligados a ela. Na infância, a enfermidade é observada entre um e três anos de idade, estando ligada à marcha precoce. Já na fase tardia, pode ser percebida quando a criança possui de quatro a dez anos, ou até mesmo na adolescência, estando, nesse caso, mais relacionada com o sobrepeso. 

Os principais sintomas são: dificuldade para andar; tamanho diferente entre as pernas e dores na região. 

Geralmente associada a fatores genéticos, a enfermidade pode ser causada também pela obesidade infantil e a marcha precoce antes do primeiro ano de vida. Com relação à genética, ainda não se sabe a causa. Já em relação ao sobrepeso, ele pode ocasionar aumento da pressão que ocorre no osso responsável pelo crescimento, fazendo com que fique deformado. 

Trata-se de um problema progressivo, no qual a curvatura das pernas é aumentada com o passar do tempo, fazendo com que a reestruturação não aconteça com o crescimento. O diagnóstico é realizado através de consulta médica, quando o profissional deve avaliar as condições do paciente, por meio de exames clínicos e físicos. 

Além disso, pode ser necessária a realização de um raio x para verificar o alinhamento entre o fêmur e a tíbia.

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Sobre o INTO 

No final do ano passado, o INTO foi eleito pela revista norte-americana Newsweek como um dos melhores hospitais do mundo especializados em ortopedia. A instituição ocupa atualmente a 39ª posição no ranking, em uma lista que reúne 125 unidades hospitalares. 

A pesquisa ouviu cerca de 40 mil profissionais de saúde, entre médicos, gerentes de hospitais e pacientes de mais de 20 países. Os resultados foram validados por um conselho global de especialistas renomados. 

“Todos os profissionais do INTO trabalham diariamente para alcançar os melhores resultados, devolvendo qualidade de vida aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Ter esse tipo de reconhecimento nos incentiva e ressalta a importância do INTO para a sociedade”, destacou a diretora-geral do Instituto, Germana Bahr. 

Referência no país, o INTO integra ainda a International Society of Orthopaedic Centers (ISOC), que congrega os 23 melhores centros de ortopedia no mundo, sendo o único representante brasileiro participante.

 

Referências bibliográficas:

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