Novas evidências: Laser fracionado de CO2 para tratamento de atrofia vaginal

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O laser fracionado de CO2 ganha cada vez mais credibilidade no tratamento de patologias urogenitais: síndrome genitourinária da menopausa, vulvodínia, líquen genital, ressecamento vaginal puerperal, clareamento e cuidados estéticos da região íntima.

laser fracionado

Estudo

No início deste mês, a revista JAMA publicou um novo trabalho australiano com resultados um tanto quanto desanimadores para quem investe na ideia do laser como tratamento da atrofia vaginal da menopausa.

O trabalho foi desenvolvido em Sydney como um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por simulação, e incluiu 85 mulheres com sintomas vaginais pós-menopáusicos. 

As pacientes foram submetidas a três sessões de laser de CO2 fracionado com intervalo de 4 a 8 semanas, sendo que 43 mulheres foram randomizadas para o grupo do laser enquanto 42 para o grupo placebo. Tanto os médicos quanto os pacientes foram cegados no estudo para resultar em evidências mais sólidas.

A gravidade dos sintomas vaginais foi avaliada usando:

  • A escala analógica visual (VAS), intervalo, 0-100; 0 indica nenhum sintoma e 100 indica os sintomas mais graves,  
  • Questionário de Sintomas Vulvovaginal (VSQ; intervalo, 0 -20; 0 indica nenhum sintoma e 20 indica os sintomas mais graves) em 12 meses. 

A diferença mínima clinicamente importante foi especificada como uma diminuição de 50% nos escores de gravidade VAS e VSQ. 

Além disso, foram avaliados 5 desfechos secundários pré-especificados, incluindo:

  • qualidade de vida (variação, 0-100; pontuações mais altas indicam melhor qualidade de vida), 
  • Índice de Saúde Vaginal (variação, 5-25; pontuações mais altas indicam melhor saúde) 
  • Histologia vaginal (estado pré-menopáusico ou pós-menopáusico).

Após 12 meses, o tratamento com laser de CO2 fracionado em comparação com o tratamento placebo resultou em uma mudança na pontuação da escala visual analógica para a gravidade geral dos sintomas de -17,2 vs -26,6 (faixa, 0-100; pontuações mais baixas indicam menos gravidade dos sintomas) e sintoma vulvovaginal Pontuação do questionário de -3,1 vs -1,6 (intervalo de 0-20; pontuações mais baixas indicam menos sintomas). 

Infelizmente, nenhuma das comparações foi estatisticamente significativa

Neste estudo isoladamente, entre as mulheres com sintomas vaginais na pós-menopausa, o tratamento com laser de CO2 fracionado não obteve resultados superior ao placebo após 12 meses.

Os autores se surpreenderam com o relato de melhora dos sintomas com o braço placebo, em que essas mulheres que foram simuladas a estimulação do laser referiram muitas vezes grande melhora nos parâmetros subjetivos. O evento motivou os autores a estudar mais profundamente esse efeito placebo que é tão evidente nesse contexto de menopausa. Quando falamos de sintomas vasomotores, por exemplo, alguns trabalhos já demostram um efeito de até 70% de melhora com o placebo.

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Olhar cauteloso para os resultados

Vale destacar que apesar deste estudo trazer evidências contra a utilização da nova técnica, outros trabalhos demostram resultados positivos com a utilização do laser de CO2 na atrofia vaginal, sintomas urinário, vulvodínia, líquen genital, entre outros.

Além disso, os parâmetros utilizados na aplicação do laser podem diferir entre um estudo e outro, como estaqueamento, potência utilizada, e, impactam de forma significativa no resultado do tratamento.

Portanto, torna-se evidente a necessidade da realização de mais ensaios clínicos com uma amostra maior de pacientes. O médico ginecologista deve ter um olhar cauteloso antes da prescrição da técnica do laser fracionado de CO2, evitando-se promessas milagrosas de resultados, e sim entendendo que o laser pode ser um aliado, adjuvante terapêutico em certas ocasiões. 

Referencias bibliográficas:

  • Li FG, Maheux-Lacroix S, Deans R, et al. Effect of Fractional Carbon Dioxide Laser vs Sham Treatment on Symptom Severity in Women With Postmenopausal Vaginal Symptoms: A Randomized Clinical Trial. JAMA. 2021;326(14):1381–1389. doi: 10.1001/jama.2021.14892

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