Novas recomendações na prevenção da morte súbita do lactente

Cerca de 3.500 bebês morrem anualmente nos Estados Unidos devido a distúrbios relacionados ao sono, incluindo a síndrome da morte súbita do lactente.

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Aproximadamente 3.500 bebês morrem anualmente nos Estados Unidos em decorrência de distúrbios relacionados ao sono, incluindo a síndrome da morte súbita do lactente, definida como morte abrupta de bebês durante o sono, que não pode ser explicada após uma investigação completa, incluindo autópsia.

Em novembro de 2016, a Academia Americana de Pediatria publicou uma atualização baseada em estudos epidemiológicos incluindo bebês de até um ano, contendo  recomendações para um ambiente de sono seguro.

É de suma importância que os profissionais de saúde tenham em mente tais recomendações afim de orientarem seus pacientes a tornarem seguro o ambiente de sono dos bebês, contribuindo assim para a diminuição da incidência da síndrome da morte súbita do lactente e outras causas de morte relacionadas ao sono.

  1. Posição supina. Os bebês menores de um ano devem  ser colocados para dormir em posição supina. Essa posição não aumenta o risco de aspiração, mesmo naqueles com refluxo gastroesofágico, porque a anatomia das vias aéreas dos bebês os protege.
    Posição prona é aceitável em situações em que o risco de morte por refluxo é maior que o de morte súbita, como em casos de alterações anatômicas como fissuras laríngeas ainda não submetidas à cirurgia.
    A elevação da cabeceira do berço não é eficaz na redução do refluxo e ainda pode contribuir para o bebê deslizar para o pé do berço e ficar em posição que comprometa a respiração e, portanto, não é recomendada. A partir do momento que o bebê aprende a rolar da posição supina para prona e prona para supina, ele pode ser mantido na posição que assumiu.
  1. Usar uma superfície firme. Os bebês devem dormir em um colchão firme, coberto por um lençol justo, sem outro tipo de roupa de cama, almofadas, travesseiros ou protetores de berço. Isso evita que o bebê se sufoque ou fique inalando o mesmo ar. O berço pode ser substituído por moisés ou berço portátil, desde que seguidas as orientações descritas e usados colchão e roupa de cama específicos para cada modelo. Os bebês não devem dormir em camas pelo risco de aprisionamento ou sufocamento.  Carrinhos, cadeirinhas, bebê conforto ou sling não devem ser usados rotineiramente para dormir , principalmente para bebês menores de 4 meses, que podem assumir posições que aumentam o risco de sufocamento ou asfixia.
    Caso sejam usados slings para carregar o bebê, deve-se certificar que a cabeça esteja para fora do tecido e nariz e boca sem qualquer obstrução.
    O bebê deve dormir em uma área livre de perigos como fios pendurados e cabos elétricos, pelo risco de estrangulamento.
  1. Aleitamento materno é recomendado. O aleitamento materno é fator protetor de morte súbita e deve ser realizado até os seis meses. A proteção aumenta com a exclusividade, mas qualquer aleitamento materno mostrou ser mais eficaz que nenhum.
  1. É recomendado que os bebês durmam no quarto dos pais, próximo à cama deles, porém em outra superfície, idealmente até completarem um ano ou, pelo menos, até os seis meses. Evidências comprovam que essa recomendação diminui o risco de morte súbita em 50%. Não há evidências a favor ou contra dispositivos promovidos para tornar a cama compartilhada “segura”. Muitos deles estão em estudo e, portanto, a força tarefa não é capaz de recomendá-los ou não.
    Dormir no sofá ou poltrona de amamentação aumenta muito o risco de morte súbita, portanto, caso os pais ou cuidadores percebam que há risco de adormecerem amamentando nestes locais, é mais recomendando amamentar na própria cama e, caso adormeçam, devem levar o bebê para o berço assim que acordarem.
    A cama compartilhada não é recomendada pela Academia Americana de Pediatria, mas há fatores que aumentam ainda mais o risco de morte súbita nesta circunstância, a citar:
    –  Bebês prematuros ou menores de 4 meses;
    –  Pais tabagistas ou mãe que fumou durante a gravidez;
    – Uso de álcool ou sedativos;
    –  Cama compartilhada com pessoas que não sejam os pais;
    –  Uso do sofá, poltronas ou outras superfícies que não sejam a cama;
    – Cama com travesseiros, lençois soltos, colchas;
    –  No caso de gêmeos, é recomendado que durmam em camas separadas.
  1. Manter objetos macios e roupa de cama solta fora do local de sono. Travesseiros, brinquedos macios, protetores de berço, roupa de cama solta podem obstruir nariz e boca, levando ao sufocamento ou estrangulamento do bebê e devem ser mantidos fora do berço.
    Caso esteja frio, é preferível uso de roupas quentes ou saco de dormir.
  1. Considere oferecer chupeta na hora de dormir. Apesar de o mecanismo ser incerto, estudos apontam o uso da chupeta como fator protetor de morte súbita, mesmo que esta caia da boca durante a noite. Logo a chupeta deve ser colocada na boca do bebê quando ele for dormir e, caso caia, não precisa ser recolocada.
    Para bebês em aleitamento materno, a chupeta deve ser oferecida quando a amamentação estiver bem estabelecida. Não há evidências que demonstrem que chupar o dedo proteja contra morte súbita.
  1. Evitar exposição ao cigarro durante e após a gestação. O fumo passivo também aumenta muito o risco de morte súbita.
  1. Evitar álcool e drogas ilícitas durante e após a gestação.
  1. Evitar hiperaquecer e cobrir a cabeça do bebê. Deve-se vestir o bebê de forma adequada à temperatura do ambiente, com no máximo uma camada de roupa a mais que o adulto. Deve-se observar sinais de hiperaquecimento, tais como sudorese ou tórax do bebê quente ao toque.
  1. Gestantes devem ter atendimento pre-natal regular, com frequência determinada por guidelines específicos.
  1. A imunização deve ser seguida de acordo com os calendários Academia Americana de Pediatria e Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
  1. Evitar o uso de dispositivos comerciais que contenham inconsistências com as recomendações de sono seguro.
  1. Não usar monitores cardiorrespiratórios para reduzir o risco de morte súbita. Não há comprovação de que estes monitores sejam eficazes em reduzir a incidência de morte súbita.
  1. Recomenda-se que o bebê permaneça um tempo em posição prona, quando acordado e sob supervisão, com o objetivo de prevenção de plagiocefalia e para aumento de força da cintura escapular, necessária a alguns marcos do desenvolvimento.
  1. Não há evidências para recomendação do swaddle para redução do risco de morte súbita. Caso usado, a criança deve sempre , ser colocada em posição supina, com o swaddle firme, porém permitindo movimentos amplos dos quadris. Quando o bebê esboçar sinais de que irá aprender a rolar, o swaddle passa a ser contraindicado.
    Não há evidências referentes à diminuição de morte súbita com o swaddle e seu uso deve ser uma escolha pessoal dos pais, dependendo das necessidades do bebê.
  1. Profissionais de saúde devem endossar as recomendações acima descritas desde o nascimento do bebê, orientando pais e cuidadores.
  1. A mídia deve seguir diretrizes de sono seguro em seus anúncios.
  1. As campanhas de segurança no sono com objetivo de diminuir o risco de morte súbita e outras causas de morte relacionadas ao sono devem continuar.
  1. Pesquisas visando eliminar essas mortes devem avançar.

Para maiores detalhes acerca deste tema, sugiro a leitura completa das recomendações da Academia Americana de Pediatria, contidas no artigo.

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