NeurologiaMAI 2020

Novo coronavírus pode infectar neurônios humanos?

O novo coronavírus é capaz de infectar neurônios humanos, segundo pesquisadores brasileiros. O estudo foi desenvolvido na Unicamp.

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Por Úrsula Neves
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O novo coronavírus é capaz de infectar neurônios humanos, segundo pesquisadores brasileiros. O estudo, desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu através de testes em laboratório como o vírus acessa as células neurológicas humanas. O próximo passo será entender quais as mudanças biológicas causadas pelo vírus nos neurônios dos indivíduos.

O ponto de partida do estudo foi a constatação clínica de que pacientes com a Covid-19 apresentaram dificuldade de fala, de organizar os pensamentos e até convulsões. Esses sintomas levaram os pesquisadores a cultivarem as células neurológicas e infectá-las com o novo coronavírus para identificar como elas podem ser atingidas.

A proteína utilizada pelo novo coronavírus para se conectar ao corpo humano, a ACE-2, também está presente nos neurônios, segundo explica o coordenador da pesquisa, Daniel Martins-de-Souza, que também é professor do Instituto de Biologia da Unicamp.

“Possuímos em laboratório estes neurônios cultivados, sabemos que os neurônios têm a porta de entrada do vírus, que é a proteína ACE-2. Sabemos que os vírus conseguem invadir essas células e estamos investigando agora como eles se transformam biologicamente dentro do neurônio”.

Leia também: Covid-19: heparina pode reduzir infecção pelo SARS-CoV-2?

A porta de entrada descrita pelo pesquisador, a ACE-2, é uma das proteínas envolvidas no controle da pressão arterial. Essa enzima está presente na membrana de diversas células espalhadas pelo corpo humano.

“Imagine que essa proteína é uma porta na qual o vírus tem a chave para entrar. Então, ele se utiliza dessa proteína para invadir as nossas células”, esclarece o pesquisador.

Hipóteses estudadas

Os cientistas estão estudando duas principais hipóteses sobre a maneira que o novo coronavírus chega os neurônios.
Uma delas é através do próprio sangue, com o vírus passando pela barreira hematoencefálica.

“É para proteger o cérebro de patógenos. Em princípio, vírus e outros micro-organismos não deveriam conseguir passar pela barreira hematoencefálica, mas alguns passam. Ainda temos que descobrir se o novo coronavírus consegue passar por essa barreira”, afirma Daniel Martins-de-Souza.

Outra hipótese é a entrada do vírus pelo nervo olfatório, uma vez que um dos sintomas dos pacientes é a anosmia. “Esse nervo tem uma terminação nervosa no nariz, então, eventualmente, poderia ser que o vírus se instalasse e chegasse por lá”.

Veja mais: Covid-19: médicos do RJ organizam formulário para investigar ligação da doença à anosmia

Próxima etapa do estudo

Para a segunda etapa do estudo, as substâncias que compõem as células serão comparadas antes e depois da contaminação para localizar as diferenças existentes a partir das células produzidas em laboratório.

“Mesmo que in vitro, podemos comparar melhor como o vírus funciona dentro de neurônios, para nos ajudar a melhor compreender o caminho percorrido pela Covid-19 dentro do corpo humano”, afirma o professor.

Daniel Martins-de-Souza ressalta que é ainda cedo para conclusões clínicas, mas afirma que a infecção dos neurônios pelo vírus traz a possibilidade de mais riscos aos pacientes.

“Começamos a observar na literatura científica o surgimento de sintomas neurológicos em pacientes. Mas, antes disso até, um dos primeiros sintomas que aparecem em pessoas acometidas pelo coronavírus é a anosmia”, disse.

“O fato de haver anosmia, dos pacientes apresentarem sintomas neurológicos e já ter alguns estudos sendo publicados, mostrando algumas lesões observadas pós-morte no cérebro de pacientes com Covid-19, pode sugerir que, se o novo coronavírus de fato chegar ao cérebro, pode ser prejudicial para o paciente”, explicou.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

O novo coronavírus é capaz de infectar neurônios humanos, segundo pesquisadores brasileiros. O estudo, desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu através de testes em laboratório como o vírus acessa as células neurológicas humanas. O próximo passo será entender quais as mudanças biológicas causadas pelo vírus nos neurônios dos indivíduos.

O ponto de partida do estudo foi a constatação clínica de que pacientes com a Covid-19 apresentaram dificuldade de fala, de organizar os pensamentos e até convulsões. Esses sintomas levaram os pesquisadores a cultivarem as células neurológicas e infectá-las com o novo coronavírus para identificar como elas podem ser atingidas.

A proteína utilizada pelo novo coronavírus para se conectar ao corpo humano, a ACE-2, também está presente nos neurônios, segundo explica o coordenador da pesquisa, Daniel Martins-de-Souza, que também é professor do Instituto de Biologia da Unicamp.

“Possuímos em laboratório estes neurônios cultivados, sabemos que os neurônios têm a porta de entrada do vírus, que é a proteína ACE-2. Sabemos que os vírus conseguem invadir essas células e estamos investigando agora como eles se transformam biologicamente dentro do neurônio”.

Leia também: Covid-19: heparina pode reduzir infecção pelo SARS-CoV-2?

A porta de entrada descrita pelo pesquisador, a ACE-2, é uma das proteínas envolvidas no controle da pressão arterial. Essa enzima está presente na membrana de diversas células espalhadas pelo corpo humano.

“Imagine que essa proteína é uma porta na qual o vírus tem a chave para entrar. Então, ele se utiliza dessa proteína para invadir as nossas células”, esclarece o pesquisador.

Hipóteses estudadas

Os cientistas estão estudando duas principais hipóteses sobre a maneira que o novo coronavírus chega os neurônios.
Uma delas é através do próprio sangue, com o vírus passando pela barreira hematoencefálica.

“É para proteger o cérebro de patógenos. Em princípio, vírus e outros micro-organismos não deveriam conseguir passar pela barreira hematoencefálica, mas alguns passam. Ainda temos que descobrir se o novo coronavírus consegue passar por essa barreira”, afirma Daniel Martins-de-Souza.

Outra hipótese é a entrada do vírus pelo nervo olfatório, uma vez que um dos sintomas dos pacientes é a anosmia. “Esse nervo tem uma terminação nervosa no nariz, então, eventualmente, poderia ser que o vírus se instalasse e chegasse por lá”.

Veja mais: Covid-19: médicos do RJ organizam formulário para investigar ligação da doença à anosmia

Próxima etapa do estudo

Para a segunda etapa do estudo, as substâncias que compõem as células serão comparadas antes e depois da contaminação para localizar as diferenças existentes a partir das células produzidas em laboratório.

“Mesmo que in vitro, podemos comparar melhor como o vírus funciona dentro de neurônios, para nos ajudar a melhor compreender o caminho percorrido pela Covid-19 dentro do corpo humano”, afirma o professor.

Daniel Martins-de-Souza ressalta que é ainda cedo para conclusões clínicas, mas afirma que a infecção dos neurônios pelo vírus traz a possibilidade de mais riscos aos pacientes.

“Começamos a observar na literatura científica o surgimento de sintomas neurológicos em pacientes. Mas, antes disso até, um dos primeiros sintomas que aparecem em pessoas acometidas pelo coronavírus é a anosmia”, disse.

“O fato de haver anosmia, dos pacientes apresentarem sintomas neurológicos e já ter alguns estudos sendo publicados, mostrando algumas lesões observadas pós-morte no cérebro de pacientes com Covid-19, pode sugerir que, se o novo coronavírus de fato chegar ao cérebro, pode ser prejudicial para o paciente”, explicou.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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Úrsula NevesÚrsula Neves
Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), pós-graduada em Comunicação com o Mercado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e em Gestão Estratégica da Comunicação pelo Instituto de Gestão e Comunicação (IGEC/FACHA)