Novo exame de sangue identifica síndrome da fadiga crônica

A plataforma de diagnóstico pode até mesmo ajudar a identificar possíveis medicamentos para tratar a síndrome da fadiga crônica.

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Em breve, as pessoas que sofrem da síndrome da fadiga crônica podem receber uma grande notícia: a prova científica da sua doença. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford criaram um exame de sangue que pode sinalizar a presença da enfermidade, que atualmente necessita de um teste de diagnóstico padrão para ser atestada.

“Muitas vezes, essa doença é categorizada como imaginária. Quando os indivíduos com síndrome da fadiga crônica procuram ajuda médica, eles podem passar por uma série de testes que verifica as funções hepática, renal e cardíaca, assim como as contagens de células sanguíneas e imunológicas. Todos esses testes diferentes, normalmente, guiam o médico para uma doença ou outra, mas para pacientes com síndrome da fadiga crônica, os resultados sempre retornam ao normal”, explica Ron Davis, PhD, professor de bioquímica e genética da Escola de Medicina da Universidade de Stanford.

O problema é os médicos não estavam olhando o problema com a profundidade suficiente. Por esse motivo, o professor associado em Engenharia Genética do Departamento de Bioquímica do Stanford Medical School, Rahim Esfandyarpour, e seus colegas criaram um teste de sangue que identifica com sucesso os pacientes com a síndrome da fadiga crônica.

Síndrome da fadiga crônica

Diagnóstico da síndrome da fadiga crônica

O teste, que ainda está em fase piloto, é baseado em como as células do sistema imunológico de uma pessoa respondem ao estresse. Com amostras de sangue de 40 pessoas – 20 com síndrome da fadiga crônica e 20 sem – o teste produziu resultados precisos, indicando todos os pacientes com síndrome da fadiga crônica e nenhum dos indivíduos saudáveis.

A plataforma de diagnóstico pode até mesmo ajudar a identificar possíveis medicamentos para tratar a síndrome da fadiga crônica. Ao expor as amostras de sangue dos participantes aos candidatos e refazer o teste, os cientistas poderão observar se a droga melhorou a resposta das células imunológicas. A equipe já está usando a plataforma para rastrear possíveis medicamentos, que eles esperam poder ajudar pessoas com a síndrome da fadiga crônica.
Um artigo descrevendo os resultados da pesquisa foi publicado de forma online no dia 29 de abril deste ano na revista Proceedings of National Academy of Sciences.

Diagnóstico

O diagnóstico da síndrome da fadiga crônica baseia-se na análise dos sintomas, como exaustão, sensibilidade à luz e dor inexplicável – e ocorre somente depois que outras possibilidades de doenças foram eliminadas. A abordagem emprega um “ensaio nanoeletrônico”, que é um teste que mede as mudanças em quantidades minúsculas de energia como um substituto para as células saudáveis do sistema imune e do plasma sanguíneo.

O diagnóstico contém a tecnologia de milhares de eletrodos, que cria uma corrente elétrica, bem como câmeras para armazenar amostras de sangue simplificadas compostas de células imunes e plasma. Dentro das câmeras, as células do sistema imunológico e o plasma interferem na corrente, alterando o seu fluxo de uma ponta a outra. A mudança na atividade elétrica está diretamente relacionada com a saúde da amostra.

O objetivo é enfatizar as amostras de pacientes saudáveis ​​e doentes usando sal e, em seguida, comparar como cada amostra afeta o fluxo da corrente elétrica. Mudanças na corrente indicam mudanças na célula: quanto maior a mudança na corrente, maior a mudança no nível celular. Uma grande mudança não é boa notícia, sendo um sinal de que as células e o plasma estão se debatendo sob estresse e incapazes de processá-lo adequadamente. Todas as amostras de sangue de pacientes com a síndrome criaram um claro pico no teste, enquanto as amostras de controles saudáveis ​​retornaram com dados que estavam relativamente equilibrados.

“Desconhecemos ainda a razão das células e do plasma estarem agindo dessa forma, ou até mesmo o que estão fazendo. Mas há evidências científicas de que essa doença não é uma invenção da mente de um paciente. Nós claramente vemos uma diferença na forma como células saudáveis e as do sistema imunológico da fadiga crônica processam o estresse”, disse Davis.

Além de diagnosticar a doença, os pesquisadores também estão aproveitando para rastrear tratamentos baseados em medicamentos, uma vez que atualmente as opções são escassas. “Usando o ensaio de nanoeletrônica, podemos adicionar doses controladas de muitos medicamentos potencialmente terapêuticos diferentes às amostras de sangue do paciente e executar o teste de diagnóstico novamente”, conta Esfandyarpour.

Se as amostras de sangue tiradas ainda responderem negativamente ao estresse e gerarem um pico de corrente elétrica, significa que o medicamento não funcionou. Até agora, a equipe já encontrou uma droga que parece restaurar a função saudável das células do sistema imunológico e do plasma. O medicamento, apesar de bem-sucedido no ensaio, não está sendo usado atualmente em pessoas com a síndrome, mas os pesquisadores estão esperançosos de que possam testar as suas descobertas em um ensaio clínico no futuro.

Todas as drogas testadas já estão aprovadas pela FDA ou em breve estarão amplamente acessíveis ao público, o que é fundamental para o rápido acesso e disseminação de qualquer um desses compostos.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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