Novo guia clínico para manejo da Chikungunya

Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue e Zika devem se manter estáveis, no entanto, está previsto que as infecções por Chikungunya aumentem.

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Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue e Zika devem se manter estáveis este ano no Brasil, no entanto, está previsto que as infecções por Chikungunya aumentem ainda mais. Por isso, é muito importante que os profissionais de saúde estejam preparados para este cenário. Para te ajudar nessa, separamos os principais pontos do novo guia clínico para manejo da doença.

Evolução da Chikungunya

Os casos sintomáticos da doença podem evoluir em três fases: aguda ou febril, subaguda e crônica.

1) Aguda ou febril:

Fase caracterizada por febre de início súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo (presente em mais de 50% dos casos) cefaleia e fadiga, com duração média de sete dias. A mialgia quando presente é, em geral, de leve a moderada intensidade.

2) Subaguda:

Nesta fase ocorre o desaparecimento da febre, podendo haver persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em mãos, mais frequentemente nas falanges, punhos e tornozelos. O comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de intensidade variável.

Podem estar presentes também astenia, recorrência do prurido generalizado e exantema maculopapular, além do surgimento de lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas. Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga e sintomas depressivos. Se os sintomas persistirem por mais de três meses, após o início da doença, estará instalada a fase crônica.

3) Crônica: 

Os estudos variam em relação a esta fase, que pode atingir mais da metade dos pacientes. Os principais fatores de risco para a cronificação são: idade acima de 45 anos, significativamente maior no sexo feminino, desordem articular preexistente e maior intensidade das lesões articulares na fase aguda.

O sintoma mais comum é o acometimento articular persistente ou recidivante nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, caracterizado por dor com ou sem edema, limitação de movimento, deformidade e ausência de eritema.

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Diagnóstico 

A avaliação do paciente é feito através de uma combinação entre investigação da história do paciente, exame físico e laboratorial

-> Exame físico

O exame físico do paciente deve conter, no mínimo:

– Sinais vitais
– Examinar a pele em busca de lesões maculares, papulares, vesiculares ou bolhosas
– Exame neurológico e oftalmológico, quando queixas na anamnese estiverem presentes
– Exame articular
– Exame físico dos membros superiores e inferiores

-> Exame laboratorial

Diante de suspeita de chikungunya, o hemograma deve ser solicitado obrigatoriamente para os pacientes do grupo de risco, e com bioquímica como transaminases, creatinina e eletrólitos para os pacientes com sinais de gravidade e pacientes com critérios de internação. Na ausência dessas condições, a solicitação fica a critério médico

Diagnóstico diferencial

Veja as principais diferenças entre os sinais e sintomas entre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes:

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Conduta

Na fase aguda, a maioria dos casos pode ser acompanhada ambulatorialmente, sem necessidade de acompanhamento diário. Os pacientes devem ser orientados a retornar à unidade de saúde em caso de persistência da febre por mais de cinco dias, aparecimento de sinais de gravidade ou persistência dos danos articulares.

Indivíduos em maior risco (gestantes, pacientes com comorbidades, idosos e menores de 2 anos) necessitam de observação diferenciada pelo risco de desenvolvimento das formas graves da doença. Deve ser feito o acompanhamento diário até o desaparecimento da febre e ausência de sinais de gravidade (acometimento neurológico, dor torácica, palpitações e arritmias, dispneia, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros).

O acometimento articular causa importante incapacidade física e impacta negativamente a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento da dor envolve todas as fases da doença, devendo ser efetivo desde os primeiros dias de sintomas.

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A dor aguda tratada de forma inadequada é uma das principais causas de cronificação da doença. Na infecção pelo CHIKV, existe a necessidade de uma abordagem eficaz no controle da dor visando inclusive diminuir o tempo de doença clínica.

Ainda não há tratamento antiviral específico para chikungunya. A terapia utilizada é de suporte sintomático, hidratação oral (2 litros no período de 24 horas) e repouso. Recomenda-se a utilização de compressas frias como medida analgésica nas articulações acometidas de 4 em 4 horas por 20 minutos. Existem evidências de que o repouso é fator protetor para evitar evolução para fase subaguda, sendo de extrema importância.

Os anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, nimesulida, ácido acetilsalicílico, associações, entre outros) não devem ser utilizados na fase aguda da doença, devido ao risco de complicações renais e de sangramento. A aspirina também é contraindicada.

O uso de corticoide é indicado apenas nas fases subaguda ou crônica, com dor moderada a intensa. A medicação padrão para uso oral é a prednisona. No tratamento da dor, a dose indicada é 0,5 mg/Kg de peso/dia, em dose única pela manhã. Em caso de remissão completa da dor, manter a dose por mais três a cinco dias.

Na fase crônica o atendimento deve ser feito em unidade de referência com profissionais capacitados para atender pacientes com este perfil. Os medicamentos desta fase de tratamento apresentam efeitos adversos próprios de cada classe terapêutica e necessitam de monitorização clínica e laboratorial específica antes e durante o uso.

Veja aqui o guia completo do Ministério da Saúde.

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Referências:

  • https://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/dezembro/25/chikungunya-novo-protocolo.pdf

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