Número de óbitos de jovens por IAM tende a crescer na pandemia

Especialistas estão preocupados com o agravamento do número de jovens acometidos por infartos agudos do miocárdio (IAM) na pandemia.

Especialistas estão preocupados com o número crescente de jovens acometidos por infartos agudos do miocárdio (IAM) nos últimos anos, com a pandemia de Covid-19, esse cenário vem se agravando, gerando mais casos de tabagismo em decorrência do estresse, casos de obesidade em decorrência do sedentarismo, além de agravar quadros de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia. Segundo um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no Brasil, registrando mais de 1.100 óbitos por dia, cerca de 46 por hora.

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Número de óbitos de jovens por IAM tende a crescer na pandemia

Os mais jovens têm maiores chances de ter infartos fulminantes

“Quando o idoso apresenta oclusão de uma coronária, as outras artérias, ou seus ramos, podem dar conta de suprir o miocárdio isquêmico. Porém, quando o paciente tem menos de 40 anos, o fato da circulação colateral não ser tão desenvolvida, quando há a obstrução, os ramos colaterais das outras artérias não dão conta de suprir a região afetada de forma eficaz, facilitando a necrose de toda aquela região afetada”, explica o cardiologista Roberto Yano, que também é especialista em Estimulação Cardíaca Artificial pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV).

Isso acontece porque a circulação colateral demanda tempo para se constituir no músculo cardíaco e desempenhar o fundamental papel de compensar eventuais obstruções arteriais. Sob esse ponto de vista, indivíduos mais velhos podem ter uma resistência maior a episódios de infarto.

Como os mais jovens possuem uma quantidade menor de circulação colateral no coração, o IAM costuma ser fulminante, ou seja, mata nas primeiras horas, sem muitas possibilidades de salvamento ou tratamento complementar, ainda mais durante a pandemia.

Aumento de notificações de óbitos por doenças cardíacas na pandemia

De acordo com dados recentes do Portal da Transparência, plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), aumentou muito o número de notificações de óbitos no país em relação ao ano anterior.

Entre os óbitos causados por doenças cardíacas, muitas vezes relacionados à Covid-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta um aumento de 5,1%, passando de 270.203 para 284.117. O registro que apontou maior crescimento foi o de óbitos por causas cardiovasculares inespecíficas, que cresceu 28,8% entre os anos, sendo que o aumento dos óbitos em domicílio na pandemia é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico dos óbitos causados por doenças cardíacas.

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As mortes por causas cardíacas, como IAM, fora de hospitais também dispararam em 2020, ano do começo da pandemia, com registro de aumento de 26,9% na comparação com o ano anterior.

Neste tipo de enfermidade, o maior aumento aconteceu nas chamadas causas cardiovasculares inespecíficas (67,8%), muito em razão do falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da enfermidade. Também cresceram os óbitos em casa por acidente vascular cerebral (AVC), aumento de 26,3%, e infartos, que cresceram 3,2%.

Especialistas acreditam que a mortalidade pode estar aumentando pelo não tratamento ou pelo tratamento muito retardado, e pela não procura dos indivíduos infartados por um atendimento da maneira adequada com medo de contraírem a Covid-19 nos hospitais.

O presidente da SBC, Marcelo Queiroga, alerta para a necessidade de as pessoas buscarem atendimento médico para outras doenças que não apenas a Covid-19. “É necessário realizar campanhas públicas para conscientizar sobre a importância do cuidado cardiovascular, mesmo durante esse período desafiador. É de notar que os efeitos deletérios sobre eventos cardiovasculares podem durar mais que a própria pandemia, pois as prevenções primárias e secundárias estão sendo adiadas nesse contexto”, afirmou Queiroga.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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