O que influencia na remissão de diabetes após cirurgia de bypass gástrico (BGYR)?

Trials recentes reportam que BGYR tem o potencial de remissão de DM2 seis vezes maior que abordagens não-cirúrgicas. Saiba mais.

Considerando a crescente prevalência de pacientes com obesidade severa, aqueles com índice de massa corpórea (IMC) > 35 kg/m2, nas últimas décadas e sua correlação direta outras comorbidades como diabetes mellitus tipo 2 (DM2), tem-se buscado abordagens terapêuticas mais efetivas, incluindo opções cirúrgicas. Nesse contexto, a cirurgia de bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) figura como ferramenta efetiva não somente na perda de peso, mas também no controle de comorbidades como DM2.  

Trials recentes reportam que BGYR tem o potencial de remissão de DM2 seis vezes maior que abordagens não-cirúrgicas, porém cerca de ⅓ desses pacientes podem recidivar a longo prazo. Foi objetivando elucidar os fatores que contribuem na remissão e posterior recidiva de DM2 após BGYR, definindo assim o perfil de paciente diabético que obteria maior benefício no controle glicêmico por meio da indicação de tratamento cirúrgico para obesidade, que centro norte americano realizou estudo vasto estudo retrospectivo pelo período de 24 anos.  

BGYR

O estudo

Compuseram o estudo o total de 621 pacientes com DM2 submetidos à BGYR com seguimento mínimo de um ano. A idade média foi de 46,7±10,6 anos, o sexo predominante foi feminino (81%, N=500), o IMC médio de 49,8±8,3 kg/m2 e 30% era insulino-dependente. Dentre outras comorbidades associadas, as mais prevalentes foram hipertensão (75%), doença do refluxo gastroesofágico (55%), dislipidemia (48%) e apnéia obstrutiva do sono (44%).  

O total de 74%, 73%, 63% e 47% obtiveram remissão de DM2 no primeiro ano, entre um e três anos, entre três e dez anos e após dez anos da abordagem cirúrgica, respectivamente. Dos pacientes em remissão, a grande maioria ocorreu em três anos (93%) da BGYR, sendo que 25% destes recidivaram em um tempo médio de 5,3 anos após remissão. O perfil de pacientes que obtive remissão era mais jovem (idade média de 46,4 versus 50,6 anos, p < 0,001), menos insulino-dependente (22% versus 59%, p < 0.001) e menos hipertenso (73% versus 83%, p=0.019) anteriormente à cirurgia. Adicionalmente, a magnitude de perda total de peso no primeiro ano após a cirurgia também foi associada à maior taxa de remissão. Em contrapartida, elevado reganho de peso no primeiro ano de pós-operatório e insulinoterapia pré-operatória foram associados à recidiva de DM2.  

Em conclusão, o estudo demonstrou que a BGYR é uma ferramenta efetiva para remissão de DM2 principalmente em pacientes jovens, que ainda não apresentaram exaustão pancreática (não insulino-dependentes) e que obtiveram significativa perda de peso no primeiro ano após cirurgia. 

Leia também: Uso do balão intragástrico (BIA) ajustável para o tratamento da obesidade

O que levar para casa  

A indicação de BGYR para controle de obesidade deve ser ponderada considerando comorbidades que serão diretamente impactadas por essa decisão. No contexto do paciente diabético com obesidade severa, a escolha da abordagem cirúrgica precoce (em jovens não insulino-dependentes), associada a medidas que otimizem perda de peso efetiva no pós-operatório, parece ser uma abordagem promissora não somente na remissão de DM2, mas também no controle de recidiva a longo prazo.

Referências bibliográficas: 

  • Pessoa BM, Browning MG, Mazzini GS, Wolfe L, Kaplan A, Khoraki J, Campos GM. Factors Mediating Type 2 Diabetes Remission and Relapse after Gastric Bypass Surgery. J Am Coll Surg. 2020 Jan;230(1):7-16. doi: 10.1016/j.jamcollsurg.2019.09.012. Epub 2019 Oct 28. PMID: 31672669.

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