O que sabemos sobre a epidemia de influenza do Rio de Janeiro que se espalha em surtos pelo país?

A epidemia de influenza no estado do Rio de Janeiro já dá sinais em outros locais do país e deixa em alerta as autoridades sanitárias.

A epidemia de influenza no estado do Rio de Janeiro já dá sinais em outros locais do país e deixa em alerta as autoridades sanitárias, especialmente com a proximidade das festas de final de ano e das férias escolares. 

Enquanto a capital fluminense já contabilizou mais de 23 mil casos da doença nas últimas semanas, na capital paulista foram 19 internações na semana terminada no dia 14, contra 12 casos de março a junho do ano passado. Nesta quarta-feira, a Bahia registrou o primeiro óbito relacionado ao vírus, que já chegou também a Rondônia, Amazonas, Pará, Minas Gerais e Espírito Santo.

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influenza

Fatores agravantes para os surtos atípicos 

Somente em 2020 e em grande parte de 2021, os casos da Covid-19 foram os predominantes no país, com quase nenhum caso de influenza sendo registrado. Porém, a tendência está mudando neste mês de dezembro. 

A situação inusitada ocorre acelerada, em parte, pela disseminação do novo vírus da influenza tipo A (H3N2), apelidado de Darwin. 

“Provavelmente isso está acontecendo por um conjunto de fatores. O novo coronavírus deslocou a sazonalidade viral no pico da pandemia e os vírus respiratórios, como, por exemplo, o VSR e o FLU A e B reduziram e muito sua circulação nessa mesma época. Houve ainda uma queda na cobertura vacinal em todo o país e também contra a influenza, principalmente entre as crianças. Isso além da conhecida diminuição da imunidade ao vírus após seis meses a um ano da vacina ou da doença. Outro fator é a baixa proteção cruzada das cepas contidas nas vacinas aplicadas no início do ano e agora com a cepa que está circulando neste momento no Rio de Janeiro, a H3N2 Darwin. Por último, sem a circulação sazonal anual do vírus da influenza há uma redução de infectados e queda coletiva de imunidade não somente pela falta da vacina e pelo tempo em que ela foi aplicada, mas também pela ausência da infecção natural, pontuou o pediatra a infectologista pediátrico Marcio Nehab, mestre em Saúde da Criança e da Mulher, e que atua no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). 

Mais um fator agravante, segundo o especialista, é a volta da circulação pela cidade da população como antes da pandemia da Covid-19 e a redução das medidas de proteção, como uso de máscaras, o distanciamento social e a lavagem das mãos.

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A vacina atual protege contra o vírus H3N2? 

Surgido em Hong Kong na década de 1960, o vírus influenza A (H3N2) sofreu uma nova mutação na Austrália este ano, o suficiente para aumentar os atendimentos nos prontos-socorros e internações nos hospitais do Rio de Janeiro e São Paulo. 

Desde que a nova variante foi encontrada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma nova formulação para as vacinas contra a gripe que serão aplicadas no ano que vem.   

A vacina contra a influenza disponibilizada atualmente não tem uma ação direta contra essa nova variante H3N2. Mas, vale ressaltar, que infectologistas alertam que mesmo assim, a vacina à disposição ajuda a reduzir os riscos de hospitalização, pois existe uma reação cruzada protetora. 

“Quem não tomou a vacina contra a gripe deve fazer o mais rápido possível, lembrando que a proteção somente é máxima após duas semanas da aplicação. Os médicos devem incentivar seus pacientes sobre a importância dessa cobertura vacinal. Outra recomendação é usar máscaras, principalmente, em ambientes fechados e naqueles abertos onde haja grande aglomeração de pessoas. Evitar circular e cumprir o isolamento de dez dias quando tiver a síndrome gripal. Além disso, as pessoas com fatores de risco devem procurar atendimento imediato para avaliação terapêutica ou profilática. E o restante da população deve procurar atendimento em emergências, caso apresentem sinais de gravidade”, concluiu o pediatra e infectologista pediátrico Marcio Nehab.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED 

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