O que são e qual é o significado clínico dos “cristais da morte”?

Os cristais da morte são representados por inclusões azul-esverdeadas encontradas no citoplasma de neutrófilos. Saiba mais.

Mesmo com o grande avanço tecnológico dos analisadores hematológicos automatizados nas últimas décadas, a hematoscopia do sangue periférico, ou seja, a contagem “leitura” manual do esfregaço sanguíneo em uma lâmina por microscopia óptica, ainda é de grande importância em determinadas situações.  

Devido ao seu elevado desempenho analítico, os contadores automatizados, na ausência de células anormais, fornecem contagens altamente fidedignas. Entretanto, especialmente nas situações onde são encontradas alterações quantitativas ou sinalização de alarmes (“flags”) emitidos pelos aparelhos, a hematoscopia é imperiosa. 

A análise morfológica dos leucócitos (série branca), é uma das partes do hemograma que mais se beneficiam da hematoscopia, sendo utilizada na avaliação de uma ampla gama de condições patológicas, como infecções e neoplasias hematológicas, por exemplo.

Saiba mais: Como analisar a efetividade dos testes diagnósticos?

cristais da morte

Os “cristais da morte”

Descritos pela primeira vez em 2009, esses achados morfológicos são representados por inclusões azul-esverdeadas encontradas no citoplasma de neutrófilos e/ou monócitos no sangue periférico, após uma coloração de rotina.  

Análises histológicas posteriores demonstraram que esses grânulos são compostos lipofuscina, uma espécie de pigmento rico em gordura armazenado nos lisossomos, produto do desgaste celular dos hepatócitos. Uma vez liberada na circulação, após um dano/necrose das células hepáticas, a lipofuscina é fagocitada por neutrófilos e/ou monócitos, depositando-se em seus citoplasmas. 

Nos trabalhos que estudaram essas inclusões, foi observado que o seu aparecimento no sangue periférico indicava um pior prognóstico, levando a um aumento importante da mortalidade em pouco tempo (dias) após a sua identificação. Devido a esses achados, essas inclusões foram chamadas de cristais ou grânulos da morte.

Leia também: Quais os principais interferentes em imunoensaios?

Conclusão 

Essas raras e, por vezes, subnotificadas inclusões observadas em neutrófilos e/ou monócitos, são associadas a presença de quadros clínicos graves (entre eles casos críticos de Covid-19), com disfunção hepática aguda e acidose lática. 

Devido a essa correlação entre o aparecimento dessas inclusões citoplasmáticas com um pior prognóstico e mortalidade à curto prazo, é importante que o microscopista relate no laudo do hemograma esses grânulos, bem como que o médico solicitante devidamente valorize esse achado peculiar.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo