A endometriose é uma doença inflamatória benigna que pode gerar dor pélvica incapacitante e infertilidade (MARIN, 2021), sua prevalência é estimada entre 05 a 20% nas mulheres na menacme (CUNHA, 2021). O tratamento desta patologia ainda é um desafio, pois até o momento, envolve o uso de progesterona, sintomáticos, além da cirurgia videolaparoscopica para ressecção das lesões (ARCOVERDE, 2021). Porém nem todas as pacientes se adaptam ao uso de progesterona, sendo necessário estudos para avaliar uma terapêutica alternativa não-hormonal.
Estudo sobre a endometriose
Em agosto de 2021 foi publicada uma pesquisa realizada em grandes centros de saúde da mulher dos Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Austrália, na revista Science Translational Medicine. O objetivo dos autores foi avaliar a possibilidade de um tratamento não-hormonal para pacientes com endometriose. Eles alavancaram análises genéticas em duas espécies com endometriose: humanos e o macaco rhesus, para descobrir alvos de tratamento.
Os pesquisadores sequenciaram o DNA de 32 famílias de humanos que contribuem para um sinal de ligação genética no cromossomo 7p13-15 e observaram uma super-representação significativa de variantes de codificação de baixa frequência deletérias preditas em NPSR1, o gene que codifica o receptor 1 do neuropeptídeo S, em casos de endometriose profunda. Ligação significativa com a região ortóloga para 7p13-15 humano foi replicado em uma linhagem de 849 macacos rhesus. Essas associações foram confirmadas através de cirurgia comprovando a endometriose profunda.
De acordo com Tapmeier (2021) a análise imunohistoquímica, qRT-PCR e a citometria de fluxo demonstraram que o NPSR1 foi expresso no epitélio glandular do endométrio eutópico e ectópico e nos monócitos no líquido peritoneal. O inibidor de NPSR1 SHA 68R bloqueou a sinalização mediada por NPSR1, a liberação de TNF- pró-inflamatória e a quimiotaxia dos monócitos in vitro, e levou a uma redução significativa do infiltrado de células inflamatórias e dor abdominal em um modelo de camundongo de inflamação peritoneal, bem como em um modelo de camundongo de endometriose (TAPMEIER, 2021).
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Conclusão
Os autores concluíram que o sistema NPSR1/NPS é um alvo não hormonal geneticamente validado para o tratamento da endometriose com provável maior relevância para a endometriose profunda. Este fato é de extrema relevância, afinal, é urgente a necessidade de terapias alternativas com poucos efeitos adversos para o tratamento de endometriose.
Referências bibliográficas:
- Tapmeier TT, et al. Neuropeptide S receptor 1 is a nonhormonal treatment target in endometriosis. Sci Transl Med. 2021 Aug 25;13(608):eabd6469. doi: 10.1126/scitranslmed.abd6469. PMID: 34433639.
- Arcoverde F, Andres MP, Souza CC, Neto JS, Abrão MS. Deep endometriosis: medical or surgical treatment? Minerva Obstet Gynecol. 2021 Jun;73(3):341-346. doi: 10.23736/S2724-606X.21.04705-5. PMID: 34008388.
- Machairiotis, N.; Vasilakaki, S.; Thomakos, N. Inflammatory Mediators and Pain in Endometriosis: A Systematic Review. Biomedicines 2021, 9, 54. https://doi.org/10.3390/biomedicines9010054
- Cunha FLD, Arcoverde FVL, Andres MP, Gomes DC, Bautzer CRD, Abrao MS, Tobias-Machado M. Laparoscopic Treatment of Ureteral Endometriosis: A Systematic Review. J Minim Invasive Gynecol. 2021 Apr;28(4):779-787. doi: 10.1016/j.jmig.2020.11.022. Epub 2020 Nov 27. PMID: 33253957.
- Marin, M.L.C., Coelho, V., Visentainer, J.E.L. et al. Inhibitory KIR2DL2 Gene: Risk for Deep Endometriosis in Euro-descendants. Reprod. Sci. 28, 291–304 (2021). https://doi.org/10.1007/s43032-020-00255-x
2 abr. 2024 
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