O risco de doença cardíaca congênita está associado à história materna de perda gestacional?

A doença congênita cardíaca é uma das anomalias mais comuns com prevalência de 9 a 18 por 1.000 nascidos, com 2,6 milhões de mortes em 2017.

As perdas gestacionais tanto precoces quanto a ocorrência de natimortos são bastante desafiadoras para as equipes médicas. A busca por respostas que justifiquem os eventos e que possam ser rastreadas em gestações futuras são objetos de vários estudos durante muito tempo. A doença congênita cardíaca é uma das anomalias congênitas mais comuns com prevalência de 9 a 18 por 1.000 nascidos vivos, perfazendo 2,6 milhões de mortes em 2017. Sua etiologia é complexa e em 20 a 30% das vezes uma causa genética ou ambiental pode ser identificada.

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Alguns estudos de casos-controles (2 deles) e 1 estudo transversal sugerindo antecedente materno de aborto prévio e natimortos prévios apontaram na literatura correlação entre antecedente materno de aborto de natimorto como fatores de risco para doença cardíaca congênita. Entretanto, outro estudo mostrou correlação nula. A inconsistência entre os estudos tornou difícil a criação de nexo e causalidade.

O risco de doença cardíaca congênita está associado à história materna de perda gestacional

Estudo recente

Um estudo publicado no JAMA em 10 de novembro de 2021, onde uma coorte de base populacional dinamarquesa estudou 2.393.576 nascimentos produtos de gestações únicas entre 01 de janeiro de 1977 e 31 de dezembro de 2016. Foram excluídas mães com menos de 15 anos de idade em 1977, resultando na coorte final de 1.642.534 fetos únicos vivos nascituros.

Desfechos

  • A prevalência geral de doença cardíaca congênita foi de 1,85%, sendo 1,88% em meninos e 1,81% em meninas;
  • O tempo médio do achado diagnóstico ficou em 101 dias após o nascimento;
  • 60,2% dos diagnósticos ocorreram antes de 1 ano de idade:
    • 23,3% tiveram diagnóstico entre 1 e 4 anos de idade;
    • 15,3% chegaram ao diagnóstico entre 5 e 17 anos de idade;
    • 1,07% só receberam seu diagnóstico na idade adulta;
  • A prevalência de doenças cardíacas congênitas foi bem maior em mães com diabetes prévias e um pouco mais elevada naquelas tabagistas.

As pacientes com DM tipo 2 caracterizam-se por deficiência relativa de insulina causada por resistência a insulina e disfunção células 𝛽 pancreáticas. O efeito da incretina, irregularidade imunológica associados ao processo inflamatório formam o conjunto fisiopatológico responsável da diabetes tipo 2 nos abortos recorrentes e mal formações cardíacas. Nas perdas gestacionais prevalece o fator imunológico.

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Os achados dessa coorte contribuem muito para as evidências observadas sobre filhos de mães com abortos espontâneos e natimortos terem maior risco de serem diagnosticados com malformação cardíaca. Esses achados corroboram a defesa da realização de um pré-natal com atenção para os antecedentes obstétricos, com identificação dessas mulheres com maior risco para que possam ser referenciadas a um pré-natal mais experiente permitindo uma assistência pós-natal para essas crianças com doenças cardíacas congênitas. Os achados também revelam a importância do screening para diabetes durante o pré-natal.

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Referências bibliográficas:

  • Ji H, et al. Association of Maternal History of Spontaneous Abortion and Stillbirth With Risk of Congenital Heart Disease in Offspring of Women With vs Without Type 2 Diabetes. JAMA Netw Open. 2021;4(11):e2133805. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.33805.

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