O tamanho do GAP na lesão do tendão de aquiles afeta o resultado do tratamento funcional?

Classicamente as lesões do tendão de Aquiles eram tratadas de maneira cirúrgica, este conceito vem sendo recentemente questionado.

Classicamente as lesões do tendão de Aquiles eram tratadas preferencialmente de maneira cirúrgica devido a chance de rerruptura menor do que a do tratamento conservador. Este conceito vem sendo recentemente questionado. O uso de protocolos de tratamento conservador utilizando reabilitação funcional permitindo sustentação precoce de carga e mobilidade controlada surgiu como uma estratégia promissora de tratamento.

O tratamento funcional vem se tornando um tratamento cada vez mais popular. Esta estratégia evita as possíveis complicações de uma cirurgia e proporciona baixas taxas de rerruptura de maneira semelhante ao tratamento cirúrgico.

Apesar dos estudos publicados, ainda existem evidências limitadas a respeito da influência do tamanho do GAP entre as extremidades lesionadas do tendão e o sucesso do tratamento.

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O tamanho do GAP na lesão do tendão de aquiles afeta o resultado do tratamento funcional?

Achados recentes

Um estudo publicado em novembro de 2020 no The Bone & Joint Journal se propôs a avaliar se o GAP do tendão rompido afeta o resultado do tratamento funcional.

Trata-se de um estudo do tipo coorte prospectiva incluindo 131 pacientes tratados com protocolo funcional em um hospital do Reino Unido entre agosto de 2016 a janeiro de 2019.

O diagnóstico da lesão foi confirmado em todos os pacientes por ultrassonografia dinâmica e o tamanho do GAP foi medido com o tornozelo em flexão plantar total. Os pacientes foram acompanhados por um período mínimo de 12 meses com registro do escore funcional ATRS (Achilles Tendon Total Rupture Score) para avaliação dos resultados obtidos.

Considerando as perdas ocorridas ao longo do estudo restaram 82 pacientes com registro dos escores completos para a análise dos dados. Estes pacientes apresentavam idade média de 51 anos e obtiveram um escore funcional médio de 76 (valor máximo possível = 100), com um acompanhamento médio de 20 meses após a lesão. O tamanho do GAP do tendão afetou inversamente os escores, com um coeficiente de correlação de Pearson de -0,30 (p = 0,008).

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O escore médio foi menor com GAP inferior a 5 mm em comparação com GAP maior do que 5 mm (73 vs 82 p = 0,031). O escore médio foi mais baixo com GAP maiores que 10 mm (média 70), com diferenças significativas na percepção de força e dor. A taxa de rerruptura geral foi de 2 em 131 (1,5%).

Mensagem final

O estudo permite concluir que o índice de rerruptura é baixo com o uso do tratamento conservador utilizando protocolo de reabilitação funcional independente do GAP apresentado. O aumento do GAP está associado a um resultado funcional mais baixo mensurado através do escore ATRS. Mais estudos são necessários para avaliar se os pacientes com maior GAP no tendão podem se beneficiar de um tratamento alternativo ao avaliado.

Referências bibliográficas:

  • Yassin M, Myatt R, Thomas W, Gupta V, Hoque T, Mahadevan D. Does size of tendon gap affect patient-reported outcome following Achilles tendon rupture treated with functional rehabilitation? Bone Joint J. 2020 Nov;102-B(11):1535-1541. doi: 10.1302/0301-620X.102B11.BJJ-2020-0908.R1

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