O tempo para o início do antibiótico na sepse faz diferença?

O tratamento da Sepse é baseado em atendimento médico rápido, medidas protocolares direcionadas para resgate do paciente em estado inflamatório agudo desencadeado por uma infecção. As eficiência na escolha terapêutica e o tempo sempre foram considerados parâmetros fundamentais para um melhor desfecho destes pacientes. A associação entre o tempo para o início da antibiótico terapia e …

250-BANNER4O tratamento da Sepse é baseado em atendimento médico rápido, medidas protocolares direcionadas para resgate do paciente em estado inflamatório agudo desencadeado por uma infecção. As eficiência na escolha terapêutica e o tempo sempre foram considerados parâmetros fundamentais para um melhor desfecho destes pacientes.

A associação entre o tempo para o início da antibiótico terapia e o desfecho clínico dos pacientes com sepse grave ou choque séptico foi estudada exaustivamente nos últimos nãos. Três grandes estudos retrospectivos apontam que o atraso no inicio da terapia antibiótica aumenta a mortalidade de 30% para 47%. Ademais, estes estudos também sugerem que o início no tempo correto impacta em uma redução no tempo de permanência hospitalar (TPH), o que impacta de maneira significativa nas finanças do sistema de saúde e na satisfação do paciente.

Análises prospectivas para o uso de antibióticos precoce, pré disfunção orgânica da sepse, não haviam sido realizadas até o presente momento. Este tipo de análise permitiria a avaliação de paciente imediatamente a chegada na unidade e o tempo de  administração de antibiótico em pacientes sem disfunção orgânica. Sabemos que nesta fase, a escolha antibiótica correta, pode ter um efeito diferencial já que aproximadamente 22% dos pacientes evoluem com disfunção orgânica após admissão hospitalar.

Desta maneira, um grupo de pesquisadores realizou um estudo prospectivo, em três emergências de hospitais holandeses, para análise da associação entre o tempo de administração de antibiótico no paciente com infecção na unidade emergência  e o impacto em TPH e mortalidade em 28 dias.

Publicado na revista  Critical Care em Abril de 2015, o estudo foi composto por 1168 pacientes organizados em três subgrupos de acordo com o PIRO score (predisposição, infecção, resposta e organ failure), sendo elegível pacientes com infecção, na unidade de emergência, com escolha para tratamento com antibiótico venoso.

O desfecho primário foi o a sobrevida pós internação em relação ao dia 28, isto é se o paciente teve alta no 5o dia da unidade de emergência, o  número de dias pós internação seriam 23, utilizado como uma medida inversa ao TPH. O desfecho secundário foi a mortalidade em 28 dias. Diversos dados foram coletados, o foco principal foi o tempo para o início de administração do antibiótico, que correspondia ao tempo do paciente chegar a recepção do hospital até a enfermeira checar a administração no prontuário. Do total 85% e 95% dos pacientes receberam antibióticos com 3 e 6 horas, respectivamente.

Os resultados do estudo apontaram que a redução no tempo de início do tratamento antibiótico não foi associada a desfechos clínicos relevantes. Na visão dos autores outros estudos são necessários. Estes devem correlacionar se outras medidas como a escolha do antibiótico, o resgate volêmico adequado e uso de oxigênio terapia, possuem efeitos determinantes na abordagem do paciente na fase pré disfunção orgânica e choque séptico.

O tratamento da sepse é um desafio e as metas devem ser claras para um melhor desfecho. Muitos estudos, ainda em andamento, devem modificar como abordamos estes pacientes na Unidade de Emergência e na Unidade de terapia intensiva. Protocolos estão sendo revistos e novos estudos prometem modificar este cenário. A tendência é que o tratamento torne-se cada vez menos engessado permitindo uma avaliação mais individualizada. Todos esses elementos são fundamentais para reduzirmos a mortalidade imediata e aumentarmos a sobrevida a logo prazo destes pacientes.

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Referências Bibliográficas:

The Association Between Time to Antibiotics and Relevant Clinical Outcomes in Emergency Department Patients With Various Stages of Sepsis. Bas de Groot; Annemieke Ansems; Daan H Gerling; Douwe Rijpsma; Paul van Amstel; Durk Linzel; Piet J Kostense; Marianne Jonker; Evert de Jonge – Crit Care. 2015;19(1)

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