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A sororoca (também conhecida como ruído da morte ou “death rattle”, em inglês) consiste em uma respiração ruidosa, causada pelo acúmulo de secreções no trato respiratório superior. Ela apresenta significativa prevalência (12-92%) no contexto de últimas horas ou dias de vida. Apesar de desconfortável para os familiares que a presenciam, a sororoca surge durante estados de redução do nível da consciência, quando o paciente perde a capacidade de deglutição. Assim, ela não acarreta desconforto respiratório para o paciente, de forma que a aspiração de vias aéreas não é indicada.
O seu manejo não farmacológico consiste no reposicionamento do paciente no leito (lateralização e elevação de cabeceira) e comunicação (informação) com familiares/cuidadores a respeito dessa manifestação. Atualmente, nota-se o avanço de evidências clínicas a respeito do seu manejo farmacológico, no qual destaca-se o uso da escopolamina (butilbrometo de escopolamina).
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Evidências prévias que sugerem benefício no uso da escopolamina para o manejo da sororoca. Assim, o estudo Effect of Prophylactic Subcutaneous Scopolamine Butylbromide on Death Rattle in Patients at the End of Life: The SILENCE Randomized Clinical Trial, publicado no JAMA em outubro de 2021, propôs-se a avaliar essa intervenção de forma mais robusta:
Dos pacientes randomizados, 157 pacientes foram incluídos na análise primária (mediana de idade = 76 anos; 56% mulheres), divididos em 2 grupos (intervenção, n = 79; placebo n = 78).
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A despeito das inúmeras adversidades inerentes à condução de ensaios clínicos randomizados no contexto dos cuidados paliativos, o estudo em questão traz metodologia sólida para a construção de evidências sobre o manejo farmacológico da sororoca (“death rattle”). No cenário de processo ativo de morte (últimas horas ou dias de vida), o uso profilático de escopolamina subcutânea (20 mg 4x/dia) demonstrou-se superior ao placebo em reduzir a ocorrência de sororoca, além de não agregar aumento substancial de efeitos adversos.
Referências bibliográficas:
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