O uso da tecnologia móvel (mHealth) para o autogerenciamento das lombalgias

Devido à alta prevalência da lombalgia na população geral, os profissionais de saúde têm buscado diferentes caminhos e formas de intervenção.

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A dor lombar é uma das principais razões para o paciente buscar o serviço de saúde. Devido à alta prevalência da lombalgia na população geral, os profissionais da área da saúde têm buscado diferentes caminhos e formas de intervenção para reduzir os impactos sociais e econômicos.

Para se ter uma noção do tamanho do problema, um estudo americano aponta que os custos diretos e indiretos com o tratamento e cuidados de saúde com os casos de lombalgias representam US$ 86 bilhões por ano. Embora o tratamento possa seguir diferentes condutas, dependendo da condição clínica, funcional e resultado do exame de imagem, o exercício físico é uma forma de abordagem bastante utilizada nos casos de lombalgias.

Entretanto, a prática regular de atividade física requer uma mudança de hábito dos pacientes. Além disso, existem barreiras que podem influenciar na aderência dos pacientes no tratamento presencial, como a dor e a incapacidade física, distância, tempo e dinheiro. Neste sentido, recentemente, ocorreu um aumento do uso de tecnologias da informação em saúde, para oferecer um meio, com o qual os pacientes possam ser orientados a realizar o autogerenciamento das intervenções (ex: exercícios) e melhorar a qualidade de vida da população com lombalgia.

mhealth

Lombalgia e mHealth

A tecnologia da informação em saúde (eHealth) consiste em sistemas eletrônicos usados por profissionais e pacientes para armazenar, compartilhar e analisar informações de saúde. O uso de dispositivos eletrônicos, principalmente o mHealth (mobile health) vem ganhando espaço como forma de intervenção e gerenciamento, principalmente nas doenças crônicas degenerativas. Este fato é fundamentado pela grande absorção e uso de telefones celulares, dispositivos de monitoramento e equipamentos sem fio na população geral. Estima-se que 75% da população mundial tenha acesso a smartphones e aproximadamente 63% desses os usam para acesso à Internet.

Os aplicativos de celular (apps) estão entre as tecnologias de saúde móvel mais utilizadas, com uma estimativa de 100 mil apps disponíveis. A principal vantagem é criar a oportunidade de poder intervir a qualquer hora e lugar. Além disso, os apps de celular são constantemente acessíveis, eliminando as barreiras físicas e facilitando a abordagem conforme a necessidade do paciente.

As funções e/ou características dos aplicativos móveis de saúde são extensas e incluem lembretes e instruções, como controle do uso de medicamentos e prática de exercícios físicos. Os apps também têm a capacidade de rastrear e exibir os parâmetros de saúde de pacientes, incluindo sintomas, sentimentos, consumo de álcool, ingestão de alimentos e medicamentos, o que pode auxiliar no monitoramento dos pacientes em grande escala e à distância.

Desta forma, o autogerenciamento, com o auxílio da tecnologia da informação de saúde, especialmente a saúde móvel, pode ser uma alternativa para o aumento da prática regular de exercícios físicos e, consequente, promover a melhora da funcionalidade, da qualidade de vida, do equilíbrio e na redução da dor em pacientes com lombalgia. Entretanto, na prática clínica, essa forma de intervenção realmente funciona?

O uso do mHealth permite a quebra de barreiras físicas, facilita a vida do paciente e apresenta baixo custo financeiro, entretanto, existem alguns fatores limitantes, como acesso à Internet, usabilidade, design e o próprio envolvimento do usuário com o app.

Em recente estudo publicado por Lopes et al., 2017 foi observado que o uso de dispositivo eletrônico (pulseira digital) aumentou a prática de exercícios a curto prazo (duas primeiras semanas) em trabalhadores sedentários do setor administrativo, mas com o passar do tempo, após quatro semanas, os usuários diminuíram o uso da pulseira e reduziram a quantidade de atividade física diária/semanal. Os autores concluíram que o dispositivo eletrônico não trouxe benefícios para os níveis de atividade física e da qualidade de vida dos trabalhadores após 12 semanas de intervenção.

Embora a tecnologia da informação de saúde possa ser utilizada como ferramenta para o autogerenciamento da prática regular de exercícios físicos e nos casos de lombalgia, com o objetivo de desenvolver e empoderar os pacientes com o autocuidado, recente revisão sistemática da literatura demonstrou a dificuldade de adesão dos pacientes com o uso dos apps, não sendo conclusivo sobre os seus reais benefícios e apontou para a necessidade de mais estudos dentro do tema.

Não resta dúvida que a tecnologia veio para ficar e cada vez ela estará mais presente nos processos de avaliação, intervenção, atualização, pesquisa, etc, devido à praticidade, alcance e “baixo custo”. Entretanto, ainda é preciso entender melhor como, onde e quando o uso da tecnologia pode ser indicada, implementada, treinada, acompanhada e testada, incluindo os casos de lombalgia e na saúde geral da população.

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Referências:

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  • World Bank. 2012. Information and Communications for Development 2012: Maximizing Mobile. Washington, DC: World Bank. DOI: 10.1596/978-0-8213-8991-1; website: http://www.worldbank.org/ict/IC4D2012.
  • Lopes MC, Bittar CML, Quemelo PRV. Influence of the smart watch band interventions on health promotion in office workers. Facta Univ Series Physical Education and Sport. 2017;15:73-82.
  • Machado GC. et al. Smartphone apps for the self-management of low back pain: A systematic review. Best Practice & Research Clinical Rheumatology. 2016;30(6):1098-1109.
  • Baysari MT and Westbrook JI. Mobile applications for patient-centered care coordination: a review of human factors methods applied to their design, development, and evaluation. Yearbook of medical informatics. 2015;10(1):47.
  • National Institute of Health and Care Excellence (2014). NICE Guidance.

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