O uso de diuréticos em neonatos prematuros com lesão renal aguda (LRA)

Em neonatos a LRA está associada a um tempo mais longo de internação hospitalar, de permanência em UTIN e maior necessidade de VM.

A lesão renal aguda (LRA) é definida como uma redução abrupta da função renal, determinando aumentos séricos de ureia e creatinina e resultando na incapacidade do rim em regular a homeostase de fluidos, eletrólitos e o equilíbrio ácido-básico. Em neonatos, bem como nas outras faixas etárias, a LRA está associada a um tempo mais longo de internação hospitalar, de permanência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e maior necessidade de ventilação mecânica (VM). Além disso, aqueles que sobrevivem a um episódio de LRA podem evoluir com doença renal crônica. 

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O manejo da LRA no período neonatal consiste basicamente em fornecer suporte para os estágios iniciais da LRA e terapia renal substitutiva (TRS), quando indicada. Em relação às estratégias de suporte, essas incluem a prevenção de lesões renais adicionais, precaução no uso de medicamentos nefrotóxicos, manutenção da perfusão renal e controle do equilíbrio de fluidos, usando terapia diurética. Essa última, apesar de ser usada por várias décadas em neonatos prematuros e bebês internados na UTIN com LRA, não possui dados baseados em evidências para orientar as melhores práticas nessa faixa etária.

O uso de diuréticos em neonatos prematuros com lesão renal aguda (LRA)

Análise recente

Um estudo multicêntrico retrospectivo cujos dados foram obtidos através do Sistema de Informações de Hospitais Pediátricos nos Estados Unidos, foi publicado em maio no jornal Pediatric Nephrology, com o objetivo de identificar os padrões de utilização de diuréticos em neonatos prematuros com LRA, além de avaliar a associação da terapia diurética com o tempo de internação hospitalar, uso de VM e sobrevida nesses pacientes. 

Foram incluídos 2.121 bebês prematuros, com idade gestacional (IG) menor que 37 semanas, e com diagnóstico de LRA de 46 hospitais com UTIN, sendo a maioria do sexo masculino (61%). Os prematuros precoces, com IG de 22 a 28 semanas, e os tardios, com IG de 29 a 36 semanas, eram comparáveis (50%/50%). Desses, 76% receberam pelo menos uma dose de diuréticos, com um tratamento médio de 18 dias. Além disso, ciclos longos (maiores ou iguais a 5 dias) foram predominantes. A prescrição de diuréticos variou de 42% a 96% entre os hospitais e o diurético mais prescrito foi a furosemida

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Os diuréticos foram usados ​​com mais frequência em bebês prematuros precoces e nos bebês com menor peso ao nascimento. Nesses, a terapia diurética foi associada a piores desfechos, como maior prevalência de VM e maior tempo de internação hospitalar. Recém-nascidos prematuros que foram tratados com diuréticos até 28 dias após nascimento tiveram pior sobrevida em comparação com aqueles que não receberam diuréticos antes de 28 dias. Essa associação pode ser o resultado e não a causa de doenças mais graves nesses bebês.

Conclusão

O estudo apresenta uma série de limitações, como provável viés de seleção, ao limitar as informações aos diagnósticos de alta com base na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde décima edição (CID-10). Nesse caso, o reconhecimento e a notificação de LRA podem estar subestimados, uma vez que neonatos e bebês que tiveram LRA listada como diagnóstico de alta, provavelmente tiveram LRA mais grave. 

O uso dessa classe de medicamentos é variável e, nessa população de pacientes, prescritos off-label. Portanto, é essencial que novos estudos prospectivos sejam feitos para melhor determinar a segurança do paciente e os resultados do tratamento com diuréticos em neonatos prematuros e bebês com LRA.

Referências bibliográficas:

  • Mohamed TH, Klamer B, Mahan JD, Spencer JD, Slaughter JL. Diuretic therapy and acute kidney injury in preterm neonates and infants [published online ahead of print, 2021 May 21]. Pediatr Nephrol. 2021;10.1007/s00467-021-05132-6. doi:10.1007/s00467-021-05132-6

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