Haloperidol venoso na sedação: devemos usar?

O haloperidol, antipsicótico de alta potência, é uma das medicações mais conhecidas para controle de pacientes agitados em emergências e CTI.

O haloperidol é uma das medicações mais conhecidas para controle de pacientes agitados em emergências e CTI. Trata-se de um antipsicótico típico de alta potência, indicado em casos de síndromes paranoides, confusão mental aguda, alcoolismo (síndrome de Korsakoff) e no tratamento da agitação psicomotora. Sua solução injetável apresenta-se na posologia de 5mg/mL.

Normalmente é prescrito sob a forma intramuscular, mas sabemos que o uso intravenoso é frequente em hospitais. Contudo, tal uso é considerado “off-label”, não sendo recomendado pelo FDA americano. A principal indicação do uso sob a forma venosa se dá em estados de agitação psicomotora quando a medicação oral não é possível.

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Efeitos do uso intravenoso do haloperidol

Há vários efeitos colaterais associados e, em especial, sob esta via de administração. Os efeitos extrapiramidais são comuns também nas apresentações oral e intramuscular. Quanto ao uso IV, há vários estudos correlacionando prolongamento do intervalo QT no ECG.

Portanto, tal administração deve ser ainda mais cautelosa em pacientes que já possuam prolongamento do intervalo QT ou arritmia ventricular (predispõe Torsades de Pointes); sendo esta a principal razão que justifica a recomendação do não uso IV. Também podem ocorrer taquicardia e hipotensão. Há risco de morte súbita.

Quando evitar?

Deve-se evitar quando já há depressão do sistema nervoso central (rebaixamento do nível de consciência); doença de Parkinson; alergia; lesão nos gânglios da base; encefalopatias; formas graves de nefropatia e cardiopatia; primeiro trimestre da gestação.

Atenção para a síndrome neuroléptica maligna (hipertermia precoce, rigidez muscular generalizada, instabilidade autonômica, alteração do nível de consciência, aumento das enzimas musculares). Neste caso, descontinuar o uso de forma imediata. E há indicação de terapia intensiva.

Podem também ocorrer crises convulsivas em pacientes com pré-disposição e no caso da abstinência alcoólica.

Recomenda-se cautela em hepatopatas graves (metabolismo hepático).

Caso o uso seja necessário, faz-se imprescindível a monitorização contínua do eletrocardiograma. Importante também avaliar riscos modificáveis (eletrólitos) e não modificáveis, que predispõem tais alterações cardíacas para garantir um pouco mais de segurança.

Não há antídoto no caso de super-dosagem, sendo necessário o suporte clínico. Em casos de efeitos extrapiramidais importantes, optar pelo uso de antiparkinsonianos (ex: mesilato de benzatropina, 12mg IM ou IV).

Apesar de tais considerações, há artigos que defendem seu uso IV como seguro e eficaz para pacientes agitados nos contextos de emergência e CTI.

Se optar pelo uso, a dose inicial varia de 0,5 a 10 mg, dependendo do grau de agitação. Se a resposta for inadequada, repetir bolus (dobrando sequencialmente a dose de bolus anterior) a cada 15 ou 30 minutos até que o paciente se acalme. Para manutenção, administrar 25% da dose inicial de bolus a cada 6h. Uma vez que haja estabilidade do quadro, a terapia com haloperidol pode ser mantida por alguns dias, segundo opinião de especialistas. As segurança e eficácia não estão comprovadas neste sentido.

A infusão contínua tem sido usada com doses entre 0,5 e 2 mg/hora. Há também a opção de se iniciar com 0,5mg IV, com manutenção de 0,1mg/h em infusão contínua por 12h. Ou 0,5 a 1mg a cada 8 horas.

LEIA TAMBÉM: Quetamina é alternativa eficaz ao haloperidol no paciente agitado?

 

 

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