Obesidade está associada a risco cardiovascular mesmo em quem pratica atividade física

Sabemos que pessoas obesas têm risco cardiovascular aumentado, mas estudos sugerem que as que praticam atividade física teriam risco reduzido.

Sabemos que pessoas obesas têm risco cardiovascular aumentado, porém alguns estudos sugerem que os obesos que praticam atividade física teriam esse risco reduzido e que a meta principal para redução de risco deveria ser realizar atividade física e não perda de peso.

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Obesidade está associada a risco cardiovascular mesmo em quem pratica atividade física

Estudo recente

Um estudo espanhol publicado na European Journal of Preventive Cardiology analisou a relação do índice de massa corpórea (IMC) e nível de atividade física (AF) com três fatores de risco principais para doença cardiovascular. Os participantes foram divididos pelos níveis de IMC em três grupos: peso normal (IMC 20-24.9 kg/m2), sobrepeso (IMC 25-29,9 kg/m2) e obesos (IMC ≥ 30 kg/m2). Dentro de cada grupo os pacientes foram subdivididos de acordo com a intensidade de atividade física realizada em: inativo (não realiza atividade física moderada ou intensa), atividade física insuficiente (atividade física moderada < 150 min/semana ou intensa < 75 min/semana) e atividade física regular (atividade física moderada ≥ 150 min/semana ou intensa ≥ 75 min/semana).

O estudo foi observacional e os participantes eram pessoas seguradas de uma empresa de prevenção de riscos ocupacionais. Todos passaram por uma avaliação de rotina no período de 2012 a 2016, onde foram obtidos dados em relação a prevalência de diabetes (uso de medicação ou glicemia > 125 mg/dL), hipercolesterolemia (uso de medicação ou colesterol total ≥ 240 mg/dL) e hipertensão (uso de medicação ou medida de pressão arterial ≥ 140/90mmHg). Foi feita regressão logística para determinar a associação entre cada grupo IMC/AF e a prevalência dos fatores de risco cardiovasculares, com ajuste para variáveis demográficas, idade, sexo e tabagismo.

O total de participantes foi de 527.662, sendo 32% mulheres, idade média 42,3 ± 9,4 e o IMC 26,2 ± 4,3 kg/m2. 42% dos participantes tinham peso normal, 41% sobrepeso e 18% obesidade. Em relação a atividade física, 63,5% eram inativos, 12,3% faziam atividade física insuficiente e 24,2% atividade física regular. A prevalência dos fatores de risco foi de 30% para hipercolesterolemia, 15% para hipertensão e 3% para diabetes.

Achados e conclusão

Os achados mostraram que atividade física regular ou insuficiente foi fator protetor para os fatores de risco estudados quando comparado a ser inativo em todas as categorias de IMC, sendo que hipertensão e diabetes parecem diminuir de forma progressiva conforme aumenta o nível de atividade física realizado.

Ao contrário de alguns estudos que sugerem que a atividade física reduz o risco cardiovascular em pacientes com sobrepeso e obesidade a níveis semelhantes ao de pessoas com peso normal, este estudo sugere que a atividade física pode sim atenuar os efeitos deletérios do excesso de peso, com menor ocorrência dos fatores de risco já citados. Porém, os indivíduos com sobrepeso ou obesidade tiveram maior ocorrência dos fatores de risco quando comparados aos indivíduos com peso normal, independentemente do nível de atividade física.

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Apesar de este estudo ter avaliado uma enorme quantidade de indivíduos, apresenta uma série de limitações: é estudo observacional transversal, não houve controle pela dieta nem atividade física realizada em períodos de lazer e não houve análise de desfechos cardiovasculares.

Conclui-se a partir desses estudo que a realização de atividade física traz benefícios para os pacientes de qualquer IMC e, no caso de hipertensão e diabetes, isso ocorre de forma dose dependente (AF regular é melhor que insuficiente, que é melhor que ser inativo). Porém, a perda de peso deve ainda ser o alvo principal das políticas de saúde para redução de risco cardiovascular, com a realização de atividade física de forma associada.

Referências bibliográficas:

  • Valenzuela PL, et al. Joint association of physical activity and body mass index with cardiovascular risk: a nationwide population-based cross-sectional study. European Journal of Preventive Cardiology , zwaa151. doi: 1093/eurjpc/zwaa151

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