Paciente com colecistostomia: O que fazer?

O tratamento da colecistite é cirúrgico, porém nem sempre o paciente possui condições clínicas para que seja submetido a a um procedimento de maior porte.

O tratamento da colecistite é cirúrgico, porém em algumas situações específicas o paciente não possui condições clínicas mínimas para que seja submetido a um procedimento de maior porte. Neste cenário existe a possibilidade da realização da colecistostomia percutânea, que é ótimo para debelar o quadro infeccioso, porém não trata a condição básica e o paciente continua propenso a novos episódios de colecistite.

Assim sempre surge a dúvida de quando realizar a colecistectomia após o sucesso terapêutico da drenagem percutânea.

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Equipe de cirurgia realiza uma colecistectomia em paciente com colecistite.

Introdução à colecistectomia

A colecistectomia videolaparoscópica é um dos procedimentos mais realizados no EUA, e quando realizada após a drenagem percutânea possui valores aumentados de lesões dos ductos biliares. Existem diversos pequenos estudos com recomendações amplas para quando realizar a colecistectomia, variando de dias até semanas após a drenagem. O objetivo deste estudo foi analisar em qual momento seria mais apropriado realizar a cirurgia no tratamento da colecistite.

Métodos

Foi utilizado o banco de dados do estado de Nova York, e foram identificados pacientes maiores de 18 anos os quais foram submetidos a drenagem da vesícula biliar. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, aqueles que realizaram colecistectomia precoce (< 8 semanas) e aqueles que realizaram colecistectomias tardias (> 8 semanas). Assim foram analisados todos os eventos adversos relacionadas a cada grupo.

Resultados do estudo sobre colecistectomia

Foram identificados 9.728 pacientes com drenagem da vesícula biliar, sendo que 2.998 realizaram colecistectomia no período de observação (nos anos 2000 a 2014). No grupo de realização de colecistectomia precoce havia 1.211 pacientes (40,4%) enquanto no grupo de colecistectomia tardia 1.787 pacientes (59,6%). Os pacientes com maiores comorbidades ou complicações no momento do implante da drenagem possuíam uma maior chance de realizarem uma colecistectomia tardia (P < 0,001). Não houve diferença estatística de lesões de vias biliares entre os dois grupos. No entanto os pacientes do grupo precoce possuíram um maior risco global de complicações mesmo após excluir os fatores confundidores (P = 0,0125) e maior tempo de internação hospitalar (P = 0,0004). Não houve diferença nas taxas de readmissões hospitalares em 30 dias.

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Discussão

O melhor momento para a realização de colecistectomia continua controverso e este estudo mostrou que a maioria foi realizada num momento tardio, sendo bastante compreensível uma vez que a cirurgia seria realizada num momento de menor inflamação do paciente. Os pacientes do grupo precoce apresentaram uma maior taxa de complicação global, porém não houve diferença em de lesões de vias biliares e/ou readmissões hospitalares.

Por questões da evolução inflamatória da vesícula, acredita-se que há uma janela precoce favorável para realização da colecistectomia, um período intermediário não favorável e posteriormente um período tardio o qual também seria favorável a realização da colecistectomia. No entanto ainda há bastante variação no intervalo que delimita estes períodos. Este estudo foi capaz de demostrar que após o implante do dreno, uma cirurgia após 8 semanas o paciente apresentou menores complicações.

Infelizmente ainda há diversas limitações que ainda devem ser sanadas para que se obtenha uma conclusão mais definitiva a respeito do tema.

Conclusão

A colecistectomia precoce (< 8 semanas), deve ser evitada, pois apesar de apresentar taxas de lesões de vias biliares semelhantes, os pacientes apresentam maiores complicações globais e tempo de internação.

Este artigo corrobora o senso comum que em um paciente grave, que não tem condições de realizar uma colecistectomia, deve-se espaçar o momento mais crítico até a realização da colecistectomia definitiva. De forma indireta, podemos inferir que as cirurgias possuíam um maior grau de dificuldade técnica. Uma vez que ambos grupos apresentaram taxas elevadas de lesão de vias biliares quando comparada as colecistectomias eletivas.

Referências bibliográficas:

  • Altieri MS, Yang J, Yin D. et al. Early cholecystectomy (≤ 8 weeks) following percutaneous cholecystostomy tube placement is associated with higher morbidity. Surg Endosc. 2020;34:3057-3063. https://doi.org/10.1007/s00464-019-07050-z

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