Pacientes transplantados e terceira dose da vacina contra a Covid-19

Em pacientes transplantados é protocolo a administração de duas doses da vacina contra Covid-19, porém começasse a especular a necessidade de terceira dose.

Nos pacientes transplantados é protocolo a administração de duas doses da vacina tipo RNA mensageiro contra Covid-19, porém os próprios pacientes e profissionais da área de saúde começaram a especular a necessidade de um reforço, ou seja, de uma terceira dose para esses pacientes a fim de melhorar a sua resposta imunológica uma vez que eles já apresentam um grau considerável de imunossupressão principalmente pelo uso constante de drogas imunossupressoras. Porém, questões como segurança e eficácia vêm surgindo. Em relação a isso foi realizado um estudo duplo cego, randomizado com duas populações de pacientes transplantados que receberam placebo e a terceira dose da vacina, seguindo todos os protocolos pré-estabelecidos dos institutos de análise. 

Leia também: Os pacientes com alto risco de reações anafiláticas podem receber a vacina Pfizer-BioNTech?

Pacientes transplantados e terceira dose da vacina contra a Covid-19

Estudo

Foram analisados 120 pacientes transplantados, sem diagnóstico prévio de Covid-19, com idade média de 66 anos e com transplante realizado há aproximadamente 3,16 anos e que receberam efetivamente duas doses da vacina anti-mRNA-1273 contra a Covid-19 e divididos randomicamente em dois grupos iguais. Um receberia uma terceira dose da vacina e o outro receberia placebo com solução salina, ambos no intervalo de 2 meses após a segunda dose. O resultado esperado para uma resposta adequada seria uma resposta sorológica caracterizada por níveis de até 100 U/mL de anticorpos antirreceptor RBD dosados no 4º mês. Esses níveis, de acordo com estudos em primatas conferem uma imunidade protetiva de 50%. Todos os pacientes faziam uso de medicações imunossupressoras semelhantes tanto em tipo como em dose, assim como a contagem de linfócitos. 

Resultados 

No 4º mês foi analisado que 55% dos pacientes que receberam a terceira dose da vacina contra Covid-19 apresentaram níveis de anticorpos de até 100 U/mL, contra 18 % dos pacientes do grupo placebo. Depois do mês 4 a percentagem média da neutralização viral foi de 71% no grupo anti mRNA-1273 e 13% no grupo placebo. A contagem de células T para a Covid-19 foi maior após a terceira dose do que no grupo placebo (432 contra 67 células por 106 células T CD4+). E em ambos os grupos houve uma mínima resposta de células T CD-8+ polifuncionais. Eventos sistêmicos mínimos e locais foram mais encontrados no grupo que recebeu a terceira dose, porém sem ocorrência de eventos graves ou casos de rejeição. A pequena percentagem do grupo placebo que apresentou um aumento dos níveis de anticorpos foi provavelmente pela estimulação das células B induzida pela vacinação prévia. 

Saiba mais: Aborto espontâneo após vacinação Covid-19 de gestantes: o que sabemos até agora?

Conclusão

O estudo acima demonstrou que uma terceira dose de vacina anti mRNA-1273 em pacientes transplantados aumentou substancialmente a resposta imunológica comparada ao grupo placebo. Apesar de existir alguns fatores limitantes como o curto follow-up e a determinação arbitrária da quantidade de anticorpos (100 U/mL), a terceira dose mostrou-se segura principalmente em relação ao risco e benefício, o que se permite concluir que um reforço da vacina anti-mRNA-1273 em pacientes transplantados deve ser considerada e incluída nos protocolos de imunização contra a Covid-19. 

Referências bibliográficas: 

  • Hall VG, et al. Randomized Trial of a Third Dose of mRNA-1273 Vaccine in Transplant Recipients. NEJM. 2021. doi: 10.1056/NEJMc2111462

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.