Papel do zinco na Covid-19 e seu impacto na reprodução

No último mês, a revista Springer Nature lançou um artigo relatando uma sobreposição entre a sintomas de Covid-19 e deficiência de zinco. 

No contexto da Covid-19, diversas drogas e suplementos têm sido estudados para avaliar tratamento e profilaxia da doença e o zinco é um deles. Já é bem estabelecido que este elemento é essencial no controle da produção de radicais livres, e que diante de sua deficiência há um risco aumentado de infecções e complicações secundárias, redução da cicatrização de feridas e maior vulnerabilidade ao dano celular da resposta de fase aguda.

O zinco é essencial para o funcionamento dos órgãos reprodutivos masculinos e femininos: para completar a meiose e criar blastocistos de boa qualidade. Acredita-se que a tempestade de citocinas induzida por SARS CoV-2 aumente a concentração de radicais livres nas células gametogênicas e empobreça o zinco intracelular, resultando potencialmente em danos aos oócitos e espermatozoides.

No último mês, a revista Springer Nature lançou um artigo relatando uma sobreposição entre a sintomas de Covid-19 e deficiência de zinco. 

Sobreposição entre a sintomatologia da infecção e a deficiência de zinco

No último mês, a revista Nature lançou um artigo relatando que nesse contexto de Covid-19, há uma sobreposição entre a sintomas da infecção e a deficiência de zinco. Por exemplo, alguns dos sintomas incomuns de Covid-19, como perda de olfato e paladar, são secundários ao aumento do estresse oxidativo de neutrófilos e isso foi bem correlacionado com a deficiência de zinco por alguns estudos.

O zinco tem um papel claramente estabelecido na resposta imune a infecções virais:

    • Diminuição na produção de radicais livres.
    • Inibição da polimerase do RNA da SARS-CoV-2.
    • Diminuição de atividade da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), que é um receptor para SARS COV-2
    • Aumento da resistência da célula à apoptose, inibindo caspase 3, 6, 9.
    • Melhora da sinalização antiviral, a partir de proteínas de ligação ao zinco, demonstrada em outras infecções, como flavivírus (por exemplo, febre amarela, HCV) e alfavírus (vírus da encefalite equina da Venezuela).
    • Inibição da replicação viral e degradação do genoma viral, a partir da resposta imune mediada por interferon.
    • Atraso na replicação viral e diminuição de sintomas, demonstrados em outros estudos em rinovírus, herpesvírus, picornaviridae, flaviviridae, togaviridae, retroviridae: HIV e papilomaviridae.

Evidências sobre zinco e Covid-19:

Infelizmente, a literatura atual sobre a suplementação de zinco em Covid-19 é limitada a um estudo retrospectivo muito pequeno realizado em New Jersey, com aproximadamente duzentos pacientes hospitalizados, que não demonstrou uma associação causal entre suplementos de zinco e melhor prognóstico e sobrevida. Isso talvez ocorreu porque os pacientes já estivessem graves e com dano celular irreversível, agudo e oxidativo generalizado. No entanto, se administrado a indivíduos antes da fase de” tempestade de citocinas”, talvez a suplementação tenha seu valor.

Zinco e reprodução: 

O Zinco é um modulador crucial da função reprodutiva masculina:

    • É um fator anti-inflamatório envolvido no metabolismo oxidativo do esperma
    • Participa da estabilização da membrana do esperma, capacitação e reação acrossômica
    • Participa da produção e secreção de testosterona das células de Leydig, mantendo a integridade genômica do esperma e a montagem do esperma.

Infelizmente, os dados sobre os efeitos da suplementação de zinco na fertilidade de casais com exposição à Covid-19 ainda são escassos. Sabe-se até o momento que a deficiência de zinco foi correlacionada com interrupção do desenvolvimento fetal e placentário pós-implantação em camundongos.

Outros trabalhos mostram que a suplementação de zinco protege contra dano testicular induzido por quimioterapia, com melhores contagens de espermatozoides notadas no grupo de pacientes tratados com suplementação.

Além disso, junto com ácido fólico, o zinco melhorou significativamente os parâmetros do esperma em indivíduos após a tratamento de varicocele.

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Expectativas atuais

Em março de 2020, a American Society of Reproductive Medicine (ASRM) diante do risco potencial de complicações associadas à gravidez, aconselhou a suspensão de todos os novos ciclos de tratamento e cessação de transferências de embriões.

Tendo em vista os papéis cruciais do zinco na reprodução e seus efeitos benéficos como agente antioxidante e anti-inflamatório, uma política de suplementação de zinco para homens e mulheres, com no máximo 50 mg / dia, não está associada a efeitos colaterais, poderia prevenir danos mitocondriais e evitar o acúmulo de radicais livres no oócito e na espermatogônia. Na população em geral, a suplementação de zinco pode ser benéfica, tanto no aumento da imunidade quanto na luta contra o processo de doença viral.

Novos trabalhos são necessários para respaldar e protocolar uma recomendação de suplementação de Zinco no contexto de Covid-19.

Referências bibliográficas: 

 

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