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O tabagismo durante a gravidez está entre as principais causas evitáveis de desfechos desfavoráveis fetais e maternos. Muitos estudos já foram realizados para avaliar os malefícios para o bebê, antes e depois de nascer, quando a mãe fuma durante a gravidez. Mas, desta vez, o foco de um estudo realizado por pesquisadores de Ohio foi comprovar que parar de fumar, mesmo já com a gravidez em curso, reduz o índice de parto prematuro.
Fumo x gravidez
Em 2016, 7,2% das mulheres grávidas (quase 283 mil) fumavam durante gestação. O estudo descobriu que as mulheres que fumam antes ou no início da gravidez, ou ainda no início do segundo trimestre, apresentam aproximadamente a mesma taxa de parto prematuro das gestantes não-fumantes.
Este estudo transversal forneceu informações sobre certidões de nascidos vivos de 2011 a 2017, obtidas da certidão de nascimento dos Estados Unidos em 2003. No total, 25.233.503 gestantes que tiveram nascidos vivos, com diferentes frequências de tabagismo pré-gestacional foram incluídas nas análises. Foram avaliadas gestantes que fumaram de 1-9 cigarros por dia, entre 10-19 e de 20 cigarros ou mais por dia.
Resultados
De 25.233.503 gestantes que tiveram nascidos vivos entre 2011 e 2017, a média de idade das mulheres grávidas estudadas foi de 25-29 anos; formada por 52,9% de brancas não hispânicas, 23,6% hispânicas e 14,2% de mulheres negras não hispânicas; 22.600.196 mães não fumaram durante os três meses anteriores à gravidez e 2.633.307 fumaram durante os três meses anteriores à gravidez.
A proporção de fumantes pré-gestantes que pararam durante a gravidez foi de 24,3% em 2011 e 24,6% em 2017. A proporção de fumantes que abandonaram durante o terceiro trimestre foi de 39,5% em 2011 e 39,7% em 2017. O tabagismo de alta frequência ocorreu em gestantes que fumaram durante a gravidez (por exemplo, 46,9% dos fumantes do terceiro trimestre fumaram até dez cigarros por dia em 2017).
O número de partos prematuros diminuiu com a suspensão do tabagismo. Por exemplo, o índice de parto prematuro foi de 9,8% (IC95%, 9,7% -10,0%) entre gestantes de 25 a 29 anos, brancas não-hispânicas, primigestas e primíparas (ou seja, gestantes pela primeira vez).
No entanto, não se sabe se esta associação ocorre nacionalmente ou varia de acordo com a frequência do ato de fumar antes da gravidez. O presente estudo aborda essas lacunas de pesquisa, avaliando padrões temporais na taxa de suspensão do tabagismo no início e durante a gravidez, e na ocorrência do alto consumo de cigarro.
Conclusão
Segundo o pneumologista Carlos Jardim, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), o tabagismo durante a gravidez aumenta as chances de infecções, altera a pressão arterial e, às vezes, até a oxigenação do bebê. O feto pode ter dificuldade em ganhar peso, além do risco maior de parto prematuro, como foi o foco do estudo em questão. A qualidade da placenta também pode ficar prejudicada. Tudo isso depende também da idade da mãe, dos fatores de risco associados independentemente do tabagismo e da quantidade de cigarros fumados por dia.
“Sempre que se deixa de fumar há benefícios, em qualquer situação e em qualquer idade. Quanto mais jovem a gestante, maior o benefício porque fumou durante menos anos de vida. O risco não fica exatamente igual ao de quem nunca fumou, as cai muito. Para o feto, o benefício já começa no dia em que a mãe para de fumar. O organismo da fumante se recupera em tempos diferentes. Para o coração, o benefício acontece antes que a queda do risco de câncer, por exemplo”, explica Carlos Jardim.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
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Referências:
- Soneji S, Beltrán-Sánchez H. Association of Maternal Cigarette Smoking and Smoking Cessation With Preterm Birth. JAMA Netw Open. 2019;2(4):e192514. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.2514
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