Permanência da proteína spike nos tecidos cerebrais pós-covid

Estudo verificou a presença de partículas virais da covid-19 (proteína spike) no tecido cerebral, ativas mesmo após um longo período.

Um dos grandes sintomas relatados por pacientes que foram infectados pela covid-19 é o desenvolvimento de alterações do sistema nervoso central após o reestabelecimento da doença. Esses sintomas são caracterizados por perda de memória, brain fog, diminuição da capacidade cognitiva, além de quadros com alterações do humor e depressão.

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Além disso, é sabido que, durante o período de infecção, muitos pacientes também cursam com sintomas neurológicos como anosmia, perda do paladar, cefaleia e até casos de meningite e aumento da incidência de acidente vascular cerebral. Isso nos leva a crer que o vírus possui grande capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e causar danos cerebrais.

Um estudo realizado na Alemanha, em tecido cerebral de pacientes com covid-19 que evoluíram para óbito e em camundongos, evidenciou a presença de partículas virais do covid-19 (proteína spike) dentro do tecido cerebral, que permaneciam ativas mesmo após um longo período da ocorrência do óbito ou remissão da infecção. Além disso, o mesmo estudo mostrou que essas partículas têm a capacidade de crescer e se implantar nos tecidos cerebrais, desencadeando reações inflamatórias locais responsáveis pelo desenvolvimento da síndrome da covid longa em cerca de 22% dos pacientes com diagnóstico de covid-19.

Permanência da proteína spike nos tecidos cerebrais pós-covid

Como a proteína spike se instala nos tecidos cerebrais?

O mecanismo dessa proteína para alcançar os tecidos cerebrais é sugerido, nesse estudo, pelo fato de o vírus, presente na corrente sanguínea, acabar se instalando em depressões ósseas da calota craniana e nas meninges. Uma vez nesses locais, a proteína tem a capacidade de se espalhar pelo tecido cerebral e ali permanecer. A presença insistente dessas partículas no tecido cerebral acaba estimulando a produção de substância inflamatórias locais, que são responsáveis pelos sintomas neurológicos.

Outro fato interessante, também abordado nesse estudo, seria a presença, em todos os cérebros estudados, da proteína spike e não do vírus em si, evidenciando que a proteína spike é a maior responsável por quadros neurológicos pós-covid, mais do que a presença do próprio vírus. Além disso, também não foram encontrados vírus dentro do parênquima cerebral, mas a proteína spike estava presente.

Pacientes que foram infectados por covid-19, mas morreram de alguma outra causa adversa, também apresentaram proteína spike impregnada em seu tecido cerebral e no crânio.

Mensagem final

Os sintomas neurológicos apresentados por esses pacientes, como perda de memória, perda de massa cerebral, brain fog e declínio na capacidade cognitiva, claramente sugerem a existência de danos cerebrais causados pelo vírus da covid-19. E o fato dessa proteína ser encontrada em tecido cerebral pós morte é um grande fator de preocupação entre os pesquisadores. O importante é focar em estudos que consigam identificar uma maneira de bloquear o acesso dessas partículas para dentro do tecido cerebral.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Rong Z, et al. SARS-CoV-2 Spike Protein Accumulation in the Skull-Meninges-Brain Axis: Potential Implications for Long-Term Neurological Complications in Post- Covid-19. bioRxiv. 2023 Abril 5. (Preprint). DOI: 10.1101/2023.04.04.535604  

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