Pneumonia associada à ventilação mecânica: FDA aprova uso de imipenem/cilastatina e relebactam

Entre as infecções relacionadas à assistência à saúde, pneumonia associada à ventilação mecânica é uma das com maior impacto nos cuidados em UTI.

Entre as infecções relacionadas à assistência à saúde, pneumonia associada à ventilação mecânica é uma das com maior impacto nos cuidados de pacientes em unidades de terapia intensiva. Com taxas de mortalidade por vezes altas, a participação de bactérias multirresistentes contribui para a dificuldade do tratamento, uma vez que as opções de antimicrobianos são limitadas.

A agência Food & Drug Administration (FDA) aprovou recentemente o uso de imipenem/cilastatina e relebactam (Recarbrio®) para o tratamento de pneumonias associadas à assistência à saúde, incluindo as associadas à ventilação mecânica. Trata-se da combinação de um carbapenêmico (imipenem) com um novo inibidor de beta-lactamase (relebactam). A cilastatina é um inibidor da de-hidropeptidase renal, utilizado em associação com imipenem para prolongar sua meia-vida.

Recarbrio® destaca-se por sua atividade contra bactérias Gram-negativas, incluindo espécies produtoras de algumas carbapenemases, e já havia sido aprovado para uso em infecções complicadas do trato urinário e intra-abdominais.

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Lesão pulmonar induzida pelo ventilador (VILI)

Pneumonia associada à ventilação mecânica

A aprovação para o uso em pneumonias associadas à ventilação foi baseada nos resultados de um ensaio clínico randomizado e duplo-cego com 535 pacientes adultos internados e que apresentavam diagnóstico de pneumonia hospitalar ou associada à ventilação mecânica. Destes, 266 foram tratados com a combinação imipenem/cilastatina e relebactam e 269, com piperacilina-tazobactam, por 7 a 14 dias.

A mortalidade por todas as causas em 28 dias foi menor no grupo que recebeu a associação de antimicrobianos quando comparado com o grupo que recebeu piperacilina/tazobactam (15,9% vs. 21,3%, respectivamente). Da mesma forma, a proporção de participantes com resposta clínica nas visitas com 7 a 14 dias após o fim de tratamento foi maior no grupo que recebeu Recarbrio® (61% vs. 55,8%).

De forma interessante, os resultados se modificam quando estratificados por gravidade. Em pacientes com um escore APACHE II < 15 no início do estudo, as taxas de mortalidade por todas as causas em 28 dias foram de 12,2% no grupo que recebeu Recarbrio® e 8,6% no grupo que recebeu piperacilina/tazobactam. As taxas de cura clínica foram de 64,7% e 70%, respectivamente. Já nos que apresentavam um APACHE II ≥ 15, as taxas de mortalidade em 28 dias foram de 20% no grupo tratado com imipenem/cilastatina e relebactam e de 35,4% no grupo tratado com piperacilina/tazobactam. Nessa população, as taxas de cura clínica foram de 56,8% e 40,2%, respectivamente.

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Conclusões

Recarbrio® foi aprovado para o tratamento de pneumonias hospitalares causadas por organismos das espécies Acinetobacter calcoaceticus-baumannii complex, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Haemophilus influenzae, Klebsiella aerogenes, K. oxytoca, K. pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens. Entretanto, pelos resultados do estudo de base, quando estratificadas por agente etiológico, as infecções causadas por P. aeruginosa apresentaram resultados melhores, com menores taxas de mortalidade em 28 dias e maiores taxas de cura clínica, com o uso de piperacilina/tazobactam (14,3% de taxa de mortalidade com piperacilina/tazobactam vs. 26,9% com Recarbrio® e, como taxa de cura clínica, 57,1% vs. 46,2%, respectivamente).

Anemia, alterações do trânsito intestinal, febre, aumento de transaminases, hipocalemia, hiponatremia e rash cutâneo foram eventos adversos comuns relatados durante o tratamento. Ficam mantidas as advertências de interação medicamentosa de Recarbrio® com ganciclovir e ácido valproico, já que a administração concomitante desses medicamentos favorece a ocorrência de crises convulsivas.

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