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Apresentação Clínica da pneumonia comunitária
Anamnese
A anamnese deverá ser focada no quadro de dispneia e a sua caracterização. O aumento da frequência respiratório é o principal sinal e está presente que quase todos os quadros. Além desse aumento devemos identificar os “sinais de alarme” definidos pela OMS como:
< 2 meses: Frequência respiratória > 60 bpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância, estridor em repouso, letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva;
> 2 meses: Tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vomitar tudo que lhe é oferecido.
História patológica pregressa e epidemiológica: Avaliar presença de doença de base, quadros semelhantes no domicílio e contato com pessoas com tosse crônica. História de conjuntivite, parto vaginal e quadro afebril sugerem infecção por C. tracomathis.
Piodermites e/ou leões osteoarticulares podem ocorrer na pneumonia estafilocócica.
Exame Físico
Caracterizada por sinais e alterações do exame pulmonar.
Ausculta pulmonar: Poderá ou não haver alterações como redução ou abolição do murmúrio vesicular, ocorrência de sopro tubário, presença de crepitações e/ou sibilos. Poderá ocorrer redução do frêmito tóraco-vocal na região acometida. A sibilância ocorre com maior frequência nas crianças com infecções virais ou pneumonias por agente atípicos como M. pneumoniae ou C. pneumoniae.
Sinais de gravidade: Sinais de desconforto respiratório como batimento de asa do nariz, tiragem subcostal e cianose devem sempre ser investigados.
Abordagem Diagnóstica
O diagnóstico é eminentemente clínico mas, na suspeita diagnóstica, radiografia de tórax deve ser realizada sempre que disponível.
Radiografia de tórax: Deverá ser realizada prioritariamente apenas na criança com taquipneia e/ou alterações sugestiva da ausculta respiratória. Idealmente as incidências de PA e perfil devem ser solicitadas.
• Principais alterações: De modo geral, os achados de consolidação alveolar, pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos sugerem etiologia bacteriana, enquanto imagens intersticiais estão mais frequentemente associadas a vírus e Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae.
Hemograma completo: Leucograma das pneumonias bacterianas costumam cursar mais com leucocitose, neutrofilia e desvio para esquerda. Eosinofilina superior a 300 células/mm3 ocorre em alguns pacientes com C. trachomatis. Vale ressaltar que é um exame inespecífico e não precisa ser solicitado em todos os quadros como rotina.
PCR: Valores aumentados corroboram o diagnóstico de pneumonia bacteriana.
Hemocultura: Essencial para todos os quadros com necessidade de internação hospitalar.
Líquido pleural: O derrame pleural ocorre quando se acumula líquido entre as pleuras parietal e visceral. É a complicação mais frequente das pneumonias nas crianças, sendo chamado de derrame parapneumônico. A toracocentese diagnóstica deve ser realizada em todos os pacientes em que se visualiza, na radiografia de tórax, derrame maior do que 10 mm e/ou diante de evidências ultrassonográficas e, idealmente, antes da administração de antibióticos. O empiema sempre deverá ser drenado e, nesse caso, o exame bioquímico do líquido pleural pode ser dispensado.
Critérios de Light (presença de qualquer critério caracteriza o líquido como exsudato)
Critério
Positivo
Proteína pleural / proteína sérica
> 0,5
LDH pleural / LDH sérico
> 0,6
LDH pleural
> 2/3 o limite da normalidade do LDH sérico
Interpretação dos Critérios de Light:
• A presença de qualquer um dos três critérios é suficiente para sua caracterização como exsudato e a ausência dos três critérios é necessária para sua caracterização como transudato;
• Os exsudatos merecem atenção e assim como o empiema podem necessitar de drenagem torácica;
• Nesses casos a penicilina G cristalina é a droga de primeira escolha.
Métodos imunológicos: Não são utilizados de rotina, porém: a sorologia para vírus e bactérias, detecção de antígenos e reação em cadeia de polimerase em secreção de naso ou orofaringe ou material pulmonar podem ajudar na identificação de alguns patógenos.
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