Pós-datismo: o que as mulheres esperam quanto a indução do parto vaginal

Foi publicado um artigo sobre o que as gestantes pensavam e queriam caso ocorresse o pós-datismo em sua gestação. Saiba mais.

Nos últimos anos temos visto um aumento no interesse das famílias sobre a melhor via de parto, de modo a procurarem informação para se preparem para esse momento. Contudo, as taxas de cesárea no Brasil continuam altíssimas, muito discrepante dos 10 a 15% proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O caminho para alcançar taxas próximas à proposta é longo para os obstetras e famílias brasileiras. Afinal, não se muda uma cultura da noite para o dia. Porém, é necessário que estejamos preparados para informar e prestar assistência a essas famílias que buscam o parto vaginal. E mais importante do que isto, é ser um médico preparado para dar assistência a uma família que se mantém presa a cultura de cesárea em nosso país. Por isso, estudar e se aprofundar nesse tema é de suma importância para quem presta assistência à gestante.

PARTO VAGINAL NO PÓS-DATISMO

Estudo sobre pós-datismo

Em março de 2020 foi publicado um artigo sobre o que as gestantes pensavam e queriam caso ocorresse o pós-datismo em sua gestação. Vale ressaltar que esse artigo foi elaborado por instituições holandesas e uma instituição Australiana, ambos locais com baixas taxas de cesáreas e com cultura de parto vaginal, e até mesmo, parto domiciliar; o oposto da nossa realidade. Mas o artigo não deixa de ser importante para nós, afinal, as mulheres experienciam sentimentos similares nesse período, podendo nos ajudar na melhor abordagem dessas pacientes.

Os autores elaboraram questionários para saber como as mulheres com gestação prolongada se sentiam e o que queriam. Compararam características das gestantes em relação a preferência delas pela indução do parto normal e a conduta expectante quando estão com 41 semanas de gestação. Concluíram que a ansiedade é um fator determinante para escolha da família. O medo de um desfecho desfavorável ou de não ter o parto natural sonhado leva essas mulheres a preferirem a indução do parto vaginal com 41 semanas.

Considerações

Trabalhos de meta-análise mostram que o atendimento ideal da gestação com mais de 41 semanas ainda necessita de mais estudos, alguns mostram vantagens na indução do trabalho de parto e outros não (Matthes, 2010).

A falta de evidências científicas que assegurem o bem-estar materno e fetal fazem as mulheres e os obstetras preferirem a indução do parto com 41 semanas. No Brasil, além da opção pela indução, a grande parte dos obstetras e das famílias preferem a cesárea nesse momento. Exatamente pela insegurança de não termos evidências suficientes que suportam a escolha de esperar entrar em trabalho de parto espontaneamente.

Leia também: Repensando a assistência médica durante o pré natal

O pós-datismo ocorre, aproximadamente, em 10% das gestações, e pode causar acometimentos irreversíveis tanto maternos quanto fetais, aumentando a morbimortalidade de ambos. Por isso devemos estar atentos à vitalidade fetal nesse período, além de orientar adequadamente nossas pacientes e suas famílias. A falta de esclarecimento nesse período pode levar a consequências desfavoráveis para o feto e para a mãe, além de aumentar as denúncias e processos médicos.

Realizar o pré-natal adequadamente com equipe multidisciplinar diminui os desfechos desfavoráveis para o binômio em questão. Portanto, instrua, converse e eduque sua paciente, aqueles cinco minutos a mais na consulta do pré-natal pode diminuir a morbimortalidade materna.

Referências bibliográficas:

  • J.K.J. Keulen, et al What women want and why. Women’s preferences for induction of labour or expectant management in late-term pregnancy, Women and Birth, Volume 34, Issue 3, 2021, Pages 250-256, ISSN 1871-5192, https://doi.org/10.1016/j.wombi.2020.03.010.
  • Matthes, Ângelo do Carmo Silva. Gravidez prolongada: subsídios da literatura médica para uma defesa / Prolonged pregnancy: medical literature support for a defense. Femina ; 38(8)ago. 2010. | LILACS | ID: lil-567183 Biblioteca responsável: BR1365.1. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-567183

 

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