Prática precoce de exercícios físicos pode beneficiar mulheres após cirurgia plástica nas mamas

Um estudo mostrou que a prática de exercícios físicos uma semana após a cirurgia de aumento de mamas não eleva o risco de complicações.

Um estudo conduzido por brasileiros e publicado na edição de janeiro da Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal médico oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), mostrou que para mulheres submetidas a aumento de mamas retornar à prática de exercícios físicos regulares uma semana após a cirurgia não eleva o risco de complicações, mas sim aumenta a qualidade de vida da paciente. 

De acordo com os médicos brasileiros Filipe Basile e Thais S. Oliveira, autores da pesquisa e cirurgiões plásticos em consultório particular em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, os resultados questionam a recomendação realizada pela maioria dos cirurgiões plásticos de evitar exercícios por diversas semanas após a mamoplastia de aumento. 

“Esses achados estão de acordo com uma tendência mais ampla observada recentemente em outros campos cirúrgicos, nos quais o exercício precoce mostrou ser seguro sem aumentar as taxas de complicações”, disse o estudo. 

A pesquisa analisou os resultados do ensaio clínico de 225 mulheres que fizeram cirurgia para aumento dos seios com prótese. 

“Os dados científicos sobre esse impacto do exercício físico após a cirurgia de aumento de mama ainda são limitados, uma vez que as recomendações variam de algumas semanas até alguns meses. Fizemos um estudo para avaliar complicações, qualidade da cicatriz e outros resultados relatados pelas pacientes”, explicou o médico Filipe Basile, especializado em cirurgia plástica na Universidade de Harvard e membro da American Society of Plastic Surgeons. 

Até então, a restrição de atividade física no pós-operatório era baseada em uma suposta perspectiva de que a prática de exercícios poderia levar a complicações, diminuir a qualidade da cicatriz e prejudicar os resultados. 

exercícios

Metodologia 

As pacientes foram divididas em dois grupos. As mulheres no grupo de exercícios começaram um programa supervisionado uma semana após a cirurgia. Elas fizeram exercícios aeróbicos e outros treinos três vezes por semana durante 12 semanas. Já as voluntárias do segundo grupo foram aconselhadas a evitar a prática de exercícios físicos por 12 semanas após a cirurgia. 

No seguimento de um ano, os pesquisadores compararam as taxas de complicações e a qualidade da cicatriz entre os dois grupos. Foi solicitado às pacientes que completassem um questionário de satisfação, validado de BREAST-Q, com os resultados da cirurgia plástica: 75% das pacientes em cada grupo completaram o estudo. 

“Os resultados foram uma taxa geral de complicações de 6,9% no grupo de exercícios e 7,5% no grupo sem exercícios. Foram complicações menores e nenhuma paciente precisou de cirurgia de revisão durante o período de acompanhamento, 12 meses. A qualidade da cicatriz foi semelhante entre os grupos”, descreveu o médico Filipe Basile. 

Inesperadamente, as mulheres do grupo que fizeram exercícios reportaram índices mais altos de qualidade de vida neste período. A pontuação média de satisfação no BREAST-Q de 100 pontos foi de 83 nos grupos de exercícios iniciais versus 66 no grupo de controle sem exercícios. Os resultados foram semelhantes para as mulheres designadas para exercícios aeróbicos versus treinamento de força. 

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Os médicos observaram que os resultados são consistentes com estudos anteriores que mostram que o exercício pós-operatório precoce é benéfico e não aumenta as taxas de complicações após diversos tipos de cirurgia, incluindo a cirurgia cardíaca. 

“Esses resultados estão na mesma tendência de diversos procedimentos na cirurgia e medicina em geral que tem observado que o retorno precoce às atividades diárias é não só permitido, mas também estimulado” afirmou o estudo.   

No entanto, os autores ressaltaram que esses resultados científicos não devem ser extrapolados para pacientes operadas por outras técnicas que não as utilizadas no estudo. “Cabe a cada paciente conversar com seu cirurgião plástico sobre o que é ou não permitido no seu pós-operatório de cirurgia de silicone mamário”, concluíram. 

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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