Prednisolona pode elevar risco de diabetes?

Apenas sete dias de uso de prednisolona é o suficiente para elevar o risco de diabetes tipo 2, segundo indica um estudo. Veja aqui os resultados!

Apenas sete dias de uso de prednisolona é o suficiente para elevar o risco de diabetes tipo 2, segundo indica um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Sapienza de Roma, na Itália, e que foi apresentado durante a Conferência Anual da Sociedade de Endocrinologia, realizado recentemente em Brighton, na Inglaterra.

Muito utilizado para tratar doenças como asma, artrite, alergias, tosse, eczema e doenças inflamatórias intestinais, a prednisolona é um corticoide, e por isso pode elevar o risco de diabetes tipo 2 após um curto período de uso.

mãos em foco usando caneta de medir glicose para diagnosticar o diabetes

Sobre a prednisolona e o diabetes

“É importante lembrar que a prednisona é um pró-fármaco, ou seja, que precisa ser metabolizado pelo fígado para produzir a prednisolona, que é o fármaco ativo. O uso da prednisolona é vantajoso por não necessitar da biotransformação hepática, sendo o mais indicado para os pacientes que apresentam alguma disfunção hepática”, explica a farmacêutica industrial Geisa Siqueira Sartori Lucho, especialista em Tecnologia Industrial Farmacêutica e Legislação e Vigilância Sanitária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de conteudista do Whitebook.

“Este é o primeiro estudo a examinar os efeitos metabólicos a curto prazo de doses comumente prescritas de glicocorticoides em homens saudáveis. Isso indica que, mesmo com doses mais baixas, o metabolismo da glicose é prejudicado, sugerindo um risco aumentado de diabetes com o tratamento continuado.”, disse Riccardo Pofi, líder do estudo.

Metodologia aplicada

No total, 16 voluntários homens saudáveis foram selecionados para o estudo. Durante o experimento, seis participantes receberam 10 mg de prednisolona e dez receberam 15 mg do medicamento, no decorrer de sete dias. O peso e os marcadores metabólicos dos participantes foram avaliados antes e depois da intervenção.

Os resultados indicaram que os níveis de glicose no sangue em jejum, o peso, o nível de colesterol e a saúde geral não foram afetados pelo medicamento.

No entanto, no grupo que recebeu 15 mg de prednisolona apresentou dificuldade em controlar a glicemia.

O próximo passo dos pesquisadores será o de avaliar se o uso de glicocorticoides em conjunto com medicamentos para diabetes é suficiente para contrabalancear os efeitos colaterais indesejados.

Diante dos resultados, a equipe recomenda que os médicos orientem os seus pacientes sobre o risco de diabetes antes de iniciar um tratamento com glicocorticoides, como a prednisolona. Esses remédios não devem ser prescritos sem indicação, a menos que seja absolutamente necessário.

Já era de conhecimento médico que os glicocorticoides, administrados a longo prazo, podem causar uma diversidade de efeitos fisiológicos negativos. Alguns desses efeitos estão relacionados ao metabolismo da glicose, como o aumento da glicose sérica e do glicogênio hepático, intolerância à glicose e resistência à insulina, elevando o risco de diabetes.

Na opinião da farmacêutica industrial Geisa Lucho, o risco que esse estudo mostra é alarmante, pois em apenas sete dias de uso de prednisolona na dose de 15 mg, já é possível verificar uma alteração da glicemia. “Apesar dessa observação ter sido realizada em todos os dez indivíduos em que foram administrados o medicamento, é importante fazer novos estudos com um número maior de voluntários”, ressalta.

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Cuidados necessários com pacientes diabéticos

É preciso orientar bem os pacientes diabéticos na utilização de alguns medicamentos, uma vez que a administração de corticosteroides pode aumentar o nível de glicose no sangue. Como explica Geisa Lucho, nesse caso, o paciente deve fazer uso da medicação no menor tempo possível, com doses mais baixas.

Leia também: Diabetes: SUS passa a oferecer tratamentos relacionados à doença

“É necessário ter um bom acompanhamento médico, principalmente quando o paciente necessita de uso prolongado dessa classe de medicamentos. Outra questão importante é a composição dos medicamentos, pois alguns, como xaropes, contêm açúcares na sua formulação. Na bula do medicamento é possível encontrar um alerta sobre isso, mas é importante que o paciente receba orientação de um médico ou farmacêutico”, alerta a especialista.

Ainda como lembra a farmacêutica industrial, existe também o risco da associação de medicamentos hipoglicemiantes com bebidas alcoólicas ou com outros tipos de medicamentos. Quando associados ao álcool, podem aumentar o efeito hipoglicemiante, o que pode levar a desmaios e perda de consciência.

A metformina, um dos principais fármacos utilizados no tratamento do diabetes mellitus tipo 2, pode interagir com diversos remédios, entre eles, inibidores da enzima conversora de angiotensina, diuréticos, fenitoína, cimetidina, bloqueadores de canal de cálcio, e outros. Algumas interações podem tornar necessária a elevação da dose de metformina para se obter o efeito desejado.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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