Preenchimento Facial: tipos e características dos materiais disponíveis

Existe uma grande variedade de produtos destinados ao preenchimento facial, mas não existe um produto ideal que sirva para tratar todos os tipos de rugas em qualquer local da face.

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Existe uma grande variedade de produtos destinados ao preenchimento facial, mas não existe um produto ideal que sirva para tratar todos os tipos de rugas em qualquer local da face. Encontramos várias substâncias destinadas ao preenchimento que são divididas nas seguintes categorias: material autólogo, material biológico e material sintético.

Preenchimentos autólogos: são derivados do tecido do próprio paciente. Precisam ser coletados de outro local do corpo, o que pode produzir cicatrizes, e o processo de coleta e depois inserção desses materiais requer um procedimento em duas etapas. Toxicidade, alerginicidade, imunogenicidade, carcinogenicidade e teratogenicidade não são preocupações, mas pode haver problemas com infecção, migração, resposta inflamatória, perda da persistência e reprodutibilidade. Alguns exemplos desses materiais são: derme, fáscia, cartilagem, fibroblastos cultivados, matriz de plasma/fibrina rica em plaquetas (MPRP) e a gordura que é o material autólogo mais utilizado para volumização facial.

Preenchimentos biológicos: são derivados de fontes orgânicas (humana, animal ou bacteriana), oferecem os benefícios de pronta disponibilidade e facilidade de uso, mas introduzem questões de sensibilização a proteínas estranhas humanas ou de animais, transmissão de doenças e imunogenicidade. Os biológicos proporcionam somente um efeito temporário e tipicamente não corrigem as rugosidades ou vincos completamente. Os três principais tipos de preenchimentos biológicos de tecido são produtos de matriz acelular de partes moles, colágeno e ácido hialurônico.

O ácido hialurônico (AH) é um glicosaminoglicano comum para a maioria dos seres vivos e é um componente do tecido conjuntivo da pele, cartilagem, osso e fluido sinovial. Na pele humana, o AH adiciona volume e age como um amortecedor de choque e lubrificante. Ele se liga à água e, após a injeção, mantém um efeito estrutural conforme é degradado, um processo que tem sido chamado de “degradação isovolêmica”. Existem várias marcas de AH no mercado que diferem no tamanho da partícula, viscosidade e concentração. Essas diferenças resultam em produtos com características específicas, destinados ao tratamento de um tipo de ruga e região facial.

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Preenchimentos sintéticos: materiais sintéticos podem oferecer permanência. Muitos materiais sintéticos injetáveis e implantáveis cirurgicamente têm sido usados ao longo dos anos, e muitos foram condenados por complicações, incluindo granulomas, infecções agudas e tardias, migração ou deslocamento, e deformidades que podem resultar de complicações ou da tentativa de remoção do material. Nos EUA, o FDA controla o acesso desses produtos ao mercado e reforça práticas de rotulagem estritas, o que significa que o fabricante deve especificar a aplicação exata para a qual o material tenha sido aprovado. Os preenchimentos sintéticos aprovados pelo FDA são: AdatoSil 5000 e Silikon 1000, que são géis de silicone para uso no tratamento de descolamento de retina e não têm aprovação para uso cosmético nos EUA.

Artefill (Artecoll) que é o Polimetilmetacrilato (PMMA) foi aprovado pelo FDA em 2006 e trata-se de microesferas polidas de PMMA suspensas em colágeno bovino na razão de 20%-80%. Após a injeção, o colágeno é reabsorvido, e as microesferas arredondadas e lisas são encapsuladas pelo colágeno hospedeiro, onde são estabilizadas e se tornam permanentes. Muitas complicações já foram relatadas com o uso desse material permanente, tais como: processos alérgicos, inflamação aguda e crônica, formação de granulomas, e infecção.

Outro produto liberado em 2006 pelo FDA foi o Radiesse, que consiste em uma mistura de hidroxiapatita de cálcio (30%) e gel polissacarídeo (70%). O gel polissacarídeo é muito branco, o que torna essa produto inadequado para o uso na derme. Foi aprovado para correção de sulco nasolabial e labiomentual, mas atualmente tem sido visto como um bioestimulador, pois a aplicação dessa substância se mostrou mais efetiva no estímulo de colágeno local do que na volumização propriamente dita. Estudos têm sido realizados para a elucidação dos mecanismos de ação desse material. Potenciais preocupações sobre seu uso como preenchimento de partes moles incluem nódulos e granulomas.

O ácido poli-L-lático (PLLA) é mais uma opção de uso. Por não ser obtido de fonte humana ou animal, não requer um teste cutâneo. O PLLA é um material biocompatível e biodegradável que tem sido usado em produtos cirúrgicos por mais de 20 anos como componente de sutura absorvível. Vendido como Sculptra fora dos EUA, desde 1999 tem sido usado para tratamento de deformidades de volume e contorno facial. Foi aprovado pelo FDA em agosto de 2004 como o único produto para correção da lipoatrofia facial associada ao HIV e agora está aprovado para uso cosmético nos EUA. É injetado periosteal ou subcutaneamente nas regiões de perda de gordura/volume para fornecer um aumento gradual de colágeno, melhorando a textura da pele e o volume local. Tem duração reportada de até dois anos após três sessões consecutivas de tratamento, com aproximadamente um mês de intervalo. É, atualmente, considerado um bioestimulador devido à sua capacidade de estímulo de colágeno no local de sua aplicação.

Um grande número de outros preenchimentos sintéticos está disponível em várias partes do mundo. É difícil comentar a eficácia e segurança desses produtos, já que resultados de testes clínicos não têm sido reportados na literatura.

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Referências:

  • Neligan, Peter C., and Richard J. Warren. Plastic Surgery-Aesthetic. Vol. 2. Chapter 4, Soft-tissue fillers. Elsevier Health Sciences, 2012.

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