PrEP é um método 100% seguro de prevenção do HIV?

A PrEP é uma estratégia promissora para o controle da transmissão. Contudo, os relatos de falha demonstram a importância de se manter a vigilância.

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A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma das novas estratégias para o controle da transmissão do vírus HIV implementadas em vários países do mundo, sendo altamente eficaz quando usada corretamente. Entretanto, relatos de falha na profilaxia reforçam a necessidade de monitoramento constante nos pacientes em uso desse tipo de estratégia.

A PrEP baseia-se no uso de medicação antirretroviral para reduzir o risco de aquisição pelo vírus HIV. Diferente da profilaxia pós-exposição (PEP), é iniciada antes de o usuário entrar em contato com o vírus. Diversos estudos clínicos já demonstraram sua eficácia, com reduções na incidência de infecção por HIV em até 95%, dependendo da população estudada.

HIV

Prep no Brasil

Liberada no Brasil em 2018, consiste no uso combinado de 2 medicações antirretrovirais (tenofovir e entricitabina) disponíveis em apresentação de pílula única, que deve ser usada diariamente. Está disponível em centros de referência no Sistema Único de Saúde, cuja lista está disponível para consulta no site do Ministério da Saúde, para determinados segmentos populacionais que preencham os critérios de indicação.

O método é 100% seguro?

Apesar dos resultados encorajadores, a PrEP, como toda estratégia de profilaxia, não é 100% eficaz e os pacientes em uso devem ser constantemente acompanhados e testados em relação ao seu status de infecção por HIV.

Recentemente, o segundo caso de falha no uso de PrEP foi apresentado no ID Week 2018, realizado na cidade de São Francisco no início de outubro. Trata-se de um paciente de 23 anos que usava PrEP há 13 meses, com soroconversão documentada por testes rápidos para HIV e exames para detecção de carga viral seriados.

Leia mais: Profilaxia pré-exposição ao HIV: nova estratégia para frear a transmissão do vírus no Brasil

A análise da presença de metabólitos de antirretrovirais em amostras de sangue e cabelos demonstrou adesão adequada, com níveis considerados protetores. O estudo do genótipo do vírus evidenciou a presença de algumas mutações de resistência, mas sensibilidade ao tenofovir e terapia antirretroviral foi iniciada imediatamente, com o paciente ainda assintomático.

A PrEP é uma estratégia promissora para o controle da transmissão. Contudo, os relatos de falha demonstram a importância de se manter vigilância no cuidado com esses pacientes. Além da testagem regular para identificar possível soroconversão, o reforço na adesão e o incentivo à adoção de outras medidas preventivas, como o uso de preservativos, devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde que atendem pacientes nesse contexto.

Saiba mais sobre a PrEP:

  • Estudos como o TDF2 e o Partners PrEP indicam maior eficácia da PrEP entre homens do que entre mulheres.
  • Homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo e parcerias sorodiscordantes são considerados os grupos prioritários para PrEP no Brasil. Os critérios de indicação são: relação sexual anal ou vaginal desprotegida nos últimos seis meses e/ou episódios recorrentes de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e/ou uso repetido de PEP para os três primeiros grupos e relação sexual anal ou vaginal desprotegida com uma pessoa infectada pelo vírus HIV no caso de parcerias sorodiscordantes.
  • Pacientes candidatos à PrEP devem ser encaminhados para os centros de referência, onde passam por uma avaliação inicial e aconselhamento e, se houver indicação para o uso da profilaxia, são acompanhados regularmente.
  • Os efeitos protetores começam sete dias após o início do uso para relações anais e após 20 dias para relações vaginais.
  • Importante lembrar que a eficácia da PrEP está diretamente relacionada ao seu uso adequado diário e que a profilaxia não protege contra outras ISTs e, portanto, adesão e uso de preservativos devem ser incentivados a cada consulta.

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Referências:

  • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profi laxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-profilaxia-pre-exposicao-prep-de-risco
  • SE Cohen, D Sachdev, S Lee, S Scheer, O Bacon, MJ Chen, CO Norvell, H Okochi, PL Anderson, S Coffey, H Scott, D Havlir, M Gandhi. Acquisition of TDF-susceptible HIV Despite High Level Adherence to Daily TDF/FTC PrEP as Measured by Dried Blood Spot (DBS) and Segmental Hair Analysis: A Case Report. ID Week 2018 Poster Abstract Session: HIV: Prevention. Poster 1298. Disponível em: https://idsa.confex.com/idsa/2018/webprogram/Paper69862.html

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