Presença de autoanticorpos no “long Covid”

Estudos demonstram que a presença de autoanticorpos é capaz de predizer uma Covid-19 por longos períodos em pacientes.

A relação entre autoanticorpos, autoimunidade e a presença de quadros arrastados de Covid-19 ainda é incerta, porém aumentam os indícios de que as vias de ativação da doença podem estar interligadas. Estudos recentes demonstram que a presença de autoanticorpos no início do quadro foi o principal fator de risco capaz de predizer se um indivíduo experimentaria Covid-19 por longos períodos.  

Além da autoimunidade, outros fatores associados a quadros mais longos de doença foram a presença de diabetes, a carga viral do SARS-Cov-2 e a presença do Epstein-Barr (EBV) no sangue periférico, sendo que a viremia do EBV sugeriria que o vírus latente no organismo poderia ter sido reativado. Alguns autores consideram o evento tão significativo que chegam a afirmar que a sequela pós-aguda mais importante da Covid-19 são os autoanticorpos, sendo cerca de duas vezes mais importante que os outros fatores.

Com a detecção de autoanticorpos de forma precoce, tratamentos mais agressivos poderiam ser utilizados de forma a evitar sintomas e quadros persistentes, com progressiva redução da qualidade de vida, além de poder informar melhor os pacientes sobre o quadro e o curso da doença. O uso de antivirais nesses casos poderia, de certa forma, contribuir para redução da chance de sequelas a longo prazo nesses pacientes, o que ainda carece de ensaios clínicos randomizados. Além disso, biomarcadores para sequelas específicas como acometimento neurológico foram identificados em certo grupo de pacientes, o que pode ajudar na instituição do tratamento;

Covid longa: pacientes podem ter problemas de raciocínio e memória de longo prazo, aponta pesquisa britânica

long Covid

Estudo  

Pacientes com Covid-19 foram monitorados por dois ou três meses e os resultados do estudo da análise internacional de “perfil multiômico” incluem: 

  • Autoanticorpos de pacientes que reduzem os anticorpos anti-SARS-CoV-2 sugerem que há desregulação imunológica durante a infecção por Covid-19;
  • A reativação de outros vírus latentes durante a infecção inicial pode contribuir para o long Covid;
  • As sequelas gastrointestinais pós-aguda de COVID apresentam-se com uma expansão pós-aguda única de células T citotóxicas;
  • As células T CD8+ específicas para SARS-CoV-2 e específicas para citomegalovírus exibiram uma dinâmica única durante a recuperação da infecção.

Resultados

Segundo os autores, até 69% dos pacientes com Covid-19 sofrem de long Covid. Uma série de problemas novos, recorrentes ou contínuos quatro ou mais semanas após a infecção inicial por SARS-CoV-2. Estes podem incluir perda de memória, desconforto gastrointestinal, fadiga, anosmia e falta de ar. O long Covid tem sido associado à gravidade da doença aguda e suspeita-se que esteja relacionada a fatores autoimunes e fragmentos virais não resolvidos. 

O estudo recrutou 209 pacientes com Covid-19 com diferentes graus de gravidade da doença e os combinou com 457 controles saudáveis. O objetivo dos pesquisadores era identificar fatores associados ao long Covid discretos e quantificáveis e orientar possível tratamento preventivo. Os pacientes foram avaliados em três momentos: no diagnóstico inicial, durante a fase aguda da doença, cerca de uma semana depois, e novamente dois a três meses após o início dos sintomas após a recuperação da fase aguda da Covid-19. Na terceira avaliação, alguns pacientes apresentavam sintomas persistentes como fadiga (52%), tosse (25%) e perda do paladar ou do olfato (18%). Os autores encontraram uma associação entre hiperinflamação T2 e autoanticorpos longos que antecipam a Covid-19. Essa associação implica ainda que as terapias de controle da hiperinflamação no estágio agudo de Covid-19 podem influenciar se um paciente experimenta Covid-19 por muito tempo.

Mensagens práticas

  • A presença de autoanticorpos no início do quadro da Covid-19 pode predizer sintomas a longo prazo, como fadiga e dispneia; 
  • Terapias imunossupressoras mais agressivas em determinados pacientes com Covid-19 no início do quadro podem levar à redução de sequelas a longo prazo; 

Referências bibliográficas:

  • Presence of Autoantibodies Most Predictive of Long COVID in Study – Medscape – Jan 26, 2022; 

 

 

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