Pressão arterial elevada em crianças e encaminhamento para a Nefrologia

Estudo conclui que crianças com pressão arterial elevada (PAE) geralmente não eram encaminhadas imediatamente para um nefrologista.

Crianças com pressão arterial elevada (PAE) geralmente não eram encaminhadas imediatamente para um nefrologista, especialmente pacientes obesos. Essa é a conclusão do estudo Time to referral to a nephrology clinic for pediatric hypertension, de Hamby e colaboradores, publicado no jornal Pediatric Nephrology.

Nesse estudo, os pesquisadores objetivaram investigar a linha do tempo e os preditores de tempo para encaminhamento de crianças com PAE ao serviço de nefrologia. Foi realizado um estudo retrospectivo em pacientes com idades entre 3 e 18 anos, encaminhados para a clínica de nefrologia do Cook Children’s Health Care System em Fort Worth, Texas, Estados Unidos, devido à PAE, por um período de três anos.

Os pacientes foram excluídos se fossem encaminhados anteriormente, encaminhados devido a outras condições ou se não tivessem ≥ 1 consulta prévia com PAE. As análises foram realizadas para determinar se sexo, idade, etnia, status socioeconômico e obesidade iriam prever o número de visitas anteriores à PAE e o tempo para encaminhamento.

Criança com pressão arterial elevada realiza consulta com médica que segundo novo estudo não a encaminhará à nefrologia.

Pressão arterial em crianças

Foram incluídos 120 pacientes (64% do sexo masculino; 53% obesos) e 82 (68%) tiveram ≥ 3 consultas anteriores com PAE ≥ 95%. As medianas foram as seguintes: 15,08 anos de idade no encaminhamento; 5 visitas com PAE e 3,45 anos a partir da primeira PAE ≥ 90%; 4 visitas com PAE e 1,42 anos a partir da terceira PAE ≥ 95%.

Nenhuma variável previu significativamente o número de visitas anteriores à PAE ou o tempo para encaminhamento a partir da primeira PAE. Começando com a terceira PAE ≥ 95%, apenas a obesidade previu significativamente o número de visitas anteriores e o tempo para encaminhamento: os pacientes obesos tiveram mais visitas (p = 0,01) e levaram mais tempo para serem encaminhados (p = 0,03) do que os pacientes saudáveis.

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Os pesquisadores destacam, no entanto, que embora o presente estudo ofereça novos achados, houve limitações. Por se tratar de um estudo retrospectivo de instituição única, os resultados devem ser replicados em outras instituições. Além disso, o desenho do estudo está sujeito a viés de referência. Por exemplo, embora o status socioeconômico não tenha predito tempo para encaminhamento, pacientes com baixo nível socioeconômico usam serviços de emergência desproporcionalmente e podem estar super-representados.

Por fim, os encaminhamentos eram limitados à nefrologia, mas a cardiologia é uma alternativa viável. Entretanto, apenas 6% da amostra teve ≥ 1 encaminhamento prévio para cardiologia, observado em consultas anteriores com PAE.

Conclusão

Os pesquisadores concluíram que crianças com PAE geralmente não eram encaminhadas imediatamente para um nefrologista, especialmente pacientes obesos. Todavia, ressaltam que estudos adicionais poderiam avaliar a eficácia de abordagens sugeridas (por exemplo, bandeira vermelha em prontuários eletrônicos, educação dos profissionais) na melhoria do reconhecimento precoce da PAE em crianças. Os pesquisadores sugerem que, para controlar o viés de referência, um estudo de caso-controle compatível poderia comparar pacientes que foram e não foram encaminhados.

Por fim, apontam para a seguinte questão que permanece em aberto: por que os médicos não estão reconhecendo esses pacientes em risco e tomando as medidas de precaução necessárias? O presente estudo, portanto, é de extrema relevância para chamar a atenção de pediatras quanto à necessidade de melhor investigação de PAE em crianças.

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Referências bibliográficas:

  • Hamby T, et al. Time to referral to a nephrology clinic for pediatric hypertension. Pediatric Nephrology. 2020;35(5):907-10.

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