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O guideline 2017 da American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA) para prevenção, detecção, avaliação e manejo da hipertensão arterial sistêmica (HAS)¹ em adultos reduziu o ponto de corte diagnóstico de 140×90 mmHg para 130x80mmHg. Uma redução expressiva de 10 mmHg para PA sistólica e diastólica. Esta mudança ocasionou uma elevação na prevalência de portadores de HAS de 32% para 46%. Além disto, esta medida “equaliza” a prevalência de HAS entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Interessante que se mantém a faixa para a normalidade com uma PA < 120 x 80 mmHg, facilitando campanhas na população geral.
Como exemplo de um país em desenvolvimento, em artigo recentemente publicado no JAMA, pesquisadores avaliaram a prevalência da HAS em Nepal². Utilizando-se esta nova classificação, houve uma elevação expressiva no número de portadores: de 21.2% para 44.2% da população (valor próximo ao da população americana, que foi estimada em 45.6%), um incremento absoluto de 23%. Este número expressivamente alarmante de pessoas acometidas alerta-nos para suas complicações diretas e indiretas: infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e renal. Estas patologias somadas, sem dúvida, são causadores do maior número de mortes na população mundial.
Um racional positivo para detectar precocemente indivíduos na população geral com HAS é possibilidade de prevenir eventos cardiovasculares, assim reduzindo a expressiva morbimortalidade desta doença.
Lembrando que a mudança do estilo de vida incluindo uma dieta DASH e restrição de sódio são medidas fundamentais no tratamento. A alimentação típica do nosso país é rica em sódio, necessitando de uma mudança cultural coletiva. Fato que não será obtido rapidamente. Acreditamos que isto tem que começar na infância em casa e nas escolas.
Outro ponto importante é a lembrança que todo profissional de saúde deve aferir a PA do paciente durante atendimento, independente da queixa ou motivo da consulta, visto ser uma oportunidade de flagrar hipertensos, visto tratar-se de uma condição assintomática, popularmente conhecida como “assassina silenciosa”.
Importante ao médico lembrar também que um grande número de substâncias e medicamentos podem elevar a PA e devem ser investigados durante a anamnese, como por exemplo:
- Ingestão alcoólica;
- Cafeína;
- Anfetaminas;
- Vários antidepressivos incluindo inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS ou SSRI), iMAO e tricíclicos;
- Descongestionantes (fenilefrina, pseudoefedrina);
- Imunossupressores (ciclosporina, corticoides);
- Contraceptivos orais;
- AINES
Portanto, a HAS é uma grande vilã para saúde da população global. Medidas para detecção, conscientização, prevenção, tratamento e redução de desfechos negativos, incluindo óbito, devem ter prioridade máxima em qualquer sociedade moderna.
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Referências:
- Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, et al. ACC / AHA / AAPA / ABC / ACPM / AGS / APhA / ASH / ASPC / NMA / PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Hypertension. 2018;71(6):e13-e115. doi:10.1161/HYP.0000000000000065
- Kibria GMA, Swasey K, KC A, et al. Estimated Change in Prevalence of Hypertension in Nepal Following Application of the 2017 ACC / AHA Guideline. JAMA Network Open. 2018;1(3):e180606. doi:10.1001/jamanetworkopen.2018.0606