Primeiro caso de fístula após teste para Covid-19 por swab nasal

Ontem, 1, o JAMA Otolaryngology Head & Neck Surgery publicou o primeiro caso de fístula liquórica após teste para Covid-19.

A nova doença causada por um coronavírus trouxa a necessidade de realização de testes com coleta por swab nasal. O RT-PCR por swab é hoje o padrão-ouro para diagnosticar infecções agudas pela Covid-19, causada pelo SARS-CoV-2. Porém, não são bem conhecidas as possíveis complicações do esfregaço nasal.

Ontem, 1, o JAMA Otolaryngology Head & Neck Surgery publicou o primeiro caso de fístula liquórica após teste para Covid-19.

médico avaliando imagem de fístula após teste de covid-19

Fístula após teste para Covid-19

Uma paciente do sexo feminino, na casa dos 40 anos, apresentou coriza unilateral, gosto metálico, dor de cabeça, rigidez na nuca e fotofobia após realizar um teste de Covid-19 para uma herniorrafia eletiva.

Pouco depois da cirurgia a paciente teve rinorreia unilateral, cefaleia e vômitos. O histórico médico da paciente apontava uma hipertensão intracraniana idiopática e remoção de pólipos nasais há mais de 20 anos.

O exame físico revelou rinorreia nítida do lado direito e a nasofaringoscopia flexível mostrou uma massa em meato médio anterior direito, mas não a origem do líquido.

Outros exames

A drenagem nasal testou positivo para β2-transferrina. As imagens de tomografia computadorizada e ressonância magnética mostraram uma encefalocele de 1,8 cm que se estendia pela fóvea etmoidal direita até o meato médio e uma pseudomeningocele de asa esfenoidal direita.

Ao comparar a tomografia com imagens de 2017 da paciente, foi identificado que a encefalocele já aparecia, mas na época foi diagnosticada como doença dos seios paranasais.

Leia também: Teste na saliva seria uma boa opção para diagnóstico de Covid-19?

Desfecho

Foi realizada uma correção cirúrgica endoscópica. No início do procedimento, foi infundida fluoresceína intratecal por meio de dreno lombar. Após a redução da encefalocele, um defeito na base do crânio na fóvea etmoidal foi reparado com uma combinação de matriz dérmica humana acelular e um ácido poli (D, L-láctico).

A mulher foi internada no pós-operatório para acompanhamento neurológico e manejo do dreno lombar.

Conclusões

Para os autores, como a hipertensão intracraniana idiopática é um fator de risco para formação de meningocele e a paciente já tinha imagem de 2017 de um defeito da base do crânio na fóvea etmoidal, o swab em si não resultou em uma violação da base óssea do crânio, mas causou um trauma à encefalocele preexistente do paciente.

Veja mais: Quais os principais riscos cirúrgicos em pacientes com Covid-19?

De fístulas liquóricas relatadas em procedimentos intranasais, o trauma cirúrgico na placa cribriforme é o culpado de 8% a 58% das vezes.

Sendo assim, este caso pode demonstrar que intervenção cirúrgica anterior, ou patologias que distorcem a anatomia nasal normal, pode aumentar o risco de eventos adversos associados a testes nasais invasivos, como o swab. Nesses pacientes, é interessante considerar outras opções de coleta para diagnósticos de infecções respiratórias.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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