Profilaxia da conjuntivite neonatal: recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria

A conjuntivite ou oftalmia neonatal é definida como conjuntivite purulenta do recém-nascido que ocorre nas primeiras quatro semanas de vida.

A conjuntivite ou oftalmia neonatal é definida como uma conjuntivite purulenta do recém-nascido (RN), que ocorre nas primeiras quatro semanas de vida. Ela é geralmente causada por bactérias adquiridas no canal de parto, principalmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, pelo contato com secreções genitais maternas.

Leia também: O uso de antibioticoterapia tópica é eficaz para o tratamento de conjuntivite bacteriana?

Profilaxia da conjuntivite neonatal

História

Em 1881, o obstetra alemão Sigmund Franz Credé instituiu um método de profilaxia com o uso oftálmico de solução aquosa de nitrato de prata a 1%, que resultou numa redução drástica nos casos de oftalmia neonatal. O Método de Credé tornou-se  preconizado como rotina em maternidades de todo o mundo, sendo extremamente eficaz na prevenção da oftalmia gonocócica.

No entanto, recentemente, a necessidade do uso de medicações preventivas para oftalmia neonatal vem sendo questionada em países de alta renda. O uso do nitrato de prata pode causar uma conjuntivite química e, em locais de elevado nível de assistência pré-natal, com realização de testes rápidos na gestação, o risco do uso da medicação poderia superar os benefícios. Além disso, os sais de prata não são tão eficazes na prevenção da oftalmia por clamídia, e esta bactéria vem se tornando mais prevalente que o gonococo em mulheres em idade fértil.

Diretriz recente

O Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou recentemente novas diretrizes para a profilaxia da conjuntivite neonatal por transmissão vertical no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2001 mostram que a infecção genital por Chlamydia trachomatis é a infecção sexualmente transmissível bacteriana mais comum em todo o mundo, tanto em países de renda média quanto alta. No Brasil, estudos em diversas regiões corroboram estes dados, com a prevalência da infecção por clamídia ficando em torno de 6-13% das mulheres em idade fértil e, de gonococo, em torno de 1,5%.

Saiba mais: A ceratoconjuntivite pode ser a apresentação inicial do novo coronavírus?

Em vista deste panorama, a SBP reforça a necessidade de se manter o método de Credé em todo o território nacional e endossa as seguintes recomendações medicamentosas:

  • Uso da povidona a 2,5% (colírio), considerando sua menor toxicidade em relação ao nitrato de prata a 1% e maior eficácia contra clamídia;
  • Utilização da pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa, tetraciclina a 1%;
  • A utilização de nitrato de prata a 1% deve ser reservada apenas em caso de não se dispor de eritromicina ou tetraciclina, ainda que o ideal seja a formulação em colírios.

Referências bibliográficas:

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.