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Recentemente, no artigo Septic shock in pediatrics: the state-of-the-art, os pesquisadores brasileiros Garcia, Tonial e Piva descreveram uma proposta de esquema de antibioticoterapia para o tratamento de pacientes pediátricos com sepse. O artigo foi publicado no Jornal de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
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Método do estudo
De acordo com os pesquisadores, a escolha do antibiótico na sepse deve ser direcionada segundo a epidemiologia local, o foco infeccioso e o resultado das culturas. Contudo, esses dados nem sempre estão bem estabelecidos no atendimento inicial. De uma forma empírica, os autores sugerem monoterapia com cefalosporina de terceira geração (ceftriaxona 100 mg/kg/dia por via intravenosa – IV) nos casos de infecções comunitárias. Para os pesquisadores, a associação de antibióticos não parece mostrar nenhum benefício na melhora dos desfechos de crianças previamente hígidas e sem fatores de risco. Ademais, destacam que os efeitos adversos são menos frequentes com a monoterapia. Entretanto, essa proposta pode não ser adequada em um paciente com risco de infecção por estafilocos meticilina resistente da comunidade, por gram negativos multirresistentes ou com história de imunossupressão ou neutropenia.
No caso de pacientes com infecção adquirida no ambiente hospitalar ou internados em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) com quadro de choque refratário, os pesquisadores sugerem a associação de vancomicina a um betalactâmico (piperacilina + tazobactam) ou cefalosporina de quarta geração (cefepime) com ação antipseudomonas, devido ao risco elevado de infecção por estafilococos resistentes a meticilina e Pseudomonas sp. O local da internação e a gravidade influenciam na escolha da antibioticoterapia.
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Os pesquisadores descrevem que utilizam um tempo máximo de tratamento de 7 dias para pacientes com boa evolução clínica e que não isolaram nenhum agente etiológico nas culturas. No entanto, o tratamento pode ser mais prolongado (10 a 14 dias) para pacientes imunossuprimidos, neutropênicos ou difícil resolução do foco infeccioso (como, por exemplo, empiema, necrose ou abcesso).
O esquema de antibioticoterapia em pacientes pediátricos com sepse proposto pelos pesquisadores encontra-se no quadro a seguir:
Sepse sem foco definido | Ceftriaxona 100 mg/kg/dia |
Sepse sem foco definido de origem hospitalar | Vancomicina 60 mg/kg/dia + cefepime 100 mg/kg/dia |
Neutropênico febril | Cefepime 150 mg/kg/dia + vancomicina 60 mg/kg/dia se houver suspeita de infecção de cateter de longa permanência |
Sepse de foco abdominal | Ceftriaxona 100 mg/kg/dia + gentamicina 7 mg/kg/dia + metronidazol 30 mg/kg/dia ou clindamicina 30 mg/kg/dia |
Sepse de foco abdominal de origem hospitalar | Cefepime 100 mg/kg/dia + gentamicina 7 mg/kg/dia + metronidazol 30 mg/kg/dia ou clindamicina 30 mg/kg/dia |
Suspeita de pneumonia atípica | Associar azitromicina 10 mg/kg/dia |
Suspeita de síndrome do choque tóxico estafilocócico | Associar clindamicina 30 mg/kg/dia |
Suspeita de encefalite | Associar aciclovir 30 mg/kg/dia |
Fonte: Adaptado de Garcia, Tonial e Piva (2020).
Autor(a):
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- Garcia PCR, Tonial CT, Piva JP. Septic shock in pediatrics: the state-of-the-art. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre. 2020 Mar;96(supl. 1):87-98.