NEWS x qSOFA: qual é o melhor para identificar o paciente de alto risco

Um estudo recente comparou o qSOFA com o NEWS, um escore já bastante conhecido, para identificar pacientes de alto risco para eventos adversos e óbito. Confira os resultados

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O qSOFA foi desenvolvido como um escore para identificar, entre os pacientes com sepse, aqueles de alto risco para morte fora da unidade de terapia intensiva. A ideia é ser rápido e simples, sendo composto de três parâmetros:

  • Frequência respiratória ≥ 22 irpm
  • Confusão mental
  • PA sistólica ≤ 100 mmHg

Contudo, estudos de validação questionam se de fato o qSOFA é capaz mesmo de identificar com precisão esses pacientes de alto risco. Um parâmetro estatístico muito usado para ajudar a avaliar a acurácia de um teste é o area under the receiver operating curve (AUROC) de um gráfico entre sensibilidade (verdadeiro positivo) e (1-especificidade ou falso-positivo). Quanto mais próximo de 1,0, melhor o desempenho do teste.

Em um estudo recente, 240 mil admissões hospitalares em enfermaria/quarto foram estudados no Reino Unido. Os pesquisadores incluíram pacientes com e sem infecção, tanto clínico como cirúrgicos. Eles compararam o qSOFA com o NEWS, um escore já bastante conhecido e validado para identificar pacientes de alto risco para eventos adversos e óbito nos hospitais.

A idade média dos participantes foi 63 anos e a mortalidade hospitalar 2,8%. Metade dos pacientes foi internada por doenças clínicas e a outra metade por patologias cirúrgicas. Tendo como desfecho a mortalidade hospitalar, o desempenho da AUROC do qSOFA foi 0,681 vs 0,825 do NEWS. Analisando as admissões por infecção, clínicas e cirúrgicas, o resultado foi mantido, com melhor desempenho do NEWS.

Leia mais: Escores SOFA x qSOFA na sepse

Qual a mensagem então? O melhor resultado do NEWS é de certa forma esperado pois ele contém mais variáveis, o que facilita melhor precisão/estratificação de risco. O que o estudo questiona é se vale a pena introduzir um novo escore, com necessidade de treinamento e mais preenchimento burocrático, a hospitais, no caso do Reino Unido, que já usam um modelo bom e que funciona.

NEWS Score

3 2 1 0 1 2 3
FR ≤ 8 9-11 12-20 21-24 ≥ 25
Oximetria ≤ 91 92-93 94-95 ≥ 96
Oxigênio? Sim Não
Temp. ≤ 35,0 35,1-36 36,1-38 38,1-39 ≥ 39,1
PA Sist ≤ 90 91-100 101-110 111-219 ≥ 220
FC ≤ 40 41-50 51-90 91-110 111-130 ≥ 131
Consciência* A V, P ou U

*Eles usam o AVPU, parecido com Glasgow: A (alerta), V (responde comando verbal), P (responde a dor) ou U (unresponsive).

  • 1-4: atenção, avalie monitoramento mais frequente, avaliação pela enfermeira.
  • 5-6: código vermelho, chame o médico do andar
  • ≥7: emergência – chame o time de resposta rápida (TRR)

Lembrando que se um único sinal vital também pontuar 3, aciona o código vermelho mesmo que a soma não dê 5 ou 6.

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Referências:

  • REDFERN, Oliver C. et all. A Comparison of the Quick Sequential (Sepsis-Related) Organ Failure Assessment Score and the National Early Warning Score in Non-ICU Patients With/Without Infection. Critical Care Medicine. 46(12):1923–1933, DEC 2018. Doi: 10.1097/CCM.0000000000003359

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