Quais os efeitos das estatinas em hormônios sexais masculinos?

As estatinas demonstram ter uma gama de ações farmacológicas intrigantes, muito além do tão somente reduzir os níveis de colesterol.

O colesterol foi e ainda é considerado um vilão a ser combatido desde a sua associação a doenças cardíacas. A busca da redução do seu nível circulante tornou-se uma constante e a descoberta da primeira estatina em 1971, trouxe uma ferramenta importante para este processo e desde então, estudos dessa classe de fármacos evoluem sem parar, com resultados interessantes que extrapolam sua ação farmacológica principal.

As estatinas demonstram ter uma gama de ações farmacológicas intrigantes, muito além do tão somente reduzir os níveis de colesterol, os chamados efeitos pleiotrópicos, que incluem efeitos anti-inflamatórios, antidiabéticos, melhora da doença de Alzheimer, melhora da disfunção endotelial, antioxidante, entre outros.

Entretanto, as estatinas têm potencial para influenciar para baixo os níveis de hormônios esteroides sexuais humanos ao diminuir o colesterol que está associado a doenças cardíacas, quando este mesmo colesterol é pilar da formação destes hormônios sexuais, devido a uma combinação de dois efeitos distintos: redução do número de células intersticiais e inibição da expressão gênica de Cyp17a1.

Para apimentar mais esta discussão, há uma certa incapacidade de prever-se a resposta individual do paciente à terapia em termos de eficácia e predisposição genética para possíveis efeitos adversos, gerando um potencial questionamento sobre a utilidade e segurança no uso destas moléculas para tratamento em homens e mulheres, quando se pensa na necessidade de manutenção destes hormônios e suas devidas funções. E se não bastecem estas dúvidas, as concentrações plasmáticas de estatinas podem variar muito entre os pacientes que recebem a mesma dose.

Afinal, é boa ou ruim a interferência nestes ciclos hormonais ao utilizar-se estatinas? Depende, como tudo em medicina, do objetivo terapêutico e da clínica do paciente.

mãos de médico segurando vários medicamentos, como estatinas

Estatinas e ciclos hormonais

No geral, as estatinas são consideradas altamente eficazes e geralmente seguras, com efeitos colaterais principalmente relacionados ao músculo, como a fraqueza muscular que atinge de 10% a 25% dos pacientes que recebem este tratamento.

A propriedade mais conhecida das estatinas refere-se à redução do nível de colesterol circulante, devido à inibição do HMGCR hepático, resultando em um aumento compensatório na expressão do receptor de lipoproteínas de baixa densidade hepática (LDL) e consequente absorção de LDL colesterol.

Estima-se que 20 milhões de homens tomem estatina diariamente, sujeitando-se a uma potencial redução na síntese de colesterol em suas células de Leydig (células testiculares).

Leia também: Qual o risco x benefício das estatinas em idosos?

Kayser et al. em estudo com 4166 homens, observaram que o uso de estatinas por longos períodos foi relacionado com níveis menores de testosterona e menor capacidade de ligação da molécula com seus ligantes. Mesmo sem ingestão de estatina, esperara-se que homens com mais de 60 anos tenham concentrações sanguíneas mais baixas de testosterona, especialmente de testosterona livre, do que homens mais jovens o que expõe homens mais velhos a riscos maiores.

A lição de casa para o médico fica sendo o entender e personalizar o tratamento de seu paciente e assim, poder utilizar as estatinas em seu mais amplo potencial, visando o tratamento de diversas doenças que podem ter se beneficiar das várias funcionalidades e a ações destas moléculas.

Quer ter uma sala para seus atendimentos, mas não sabe como começar? Conheça a solução Livance, a maneira mais inteligente de ter seu consultório!

Referências bibliográficas:

  • Cryan JF, O’Mahony SM. The microbiome-gut-brain axis: from bowel to behavior. Neurogastroenterol Motil, 2011; 23, 187–19210.
  • Ghaisas S, Maher J, Kanthasam A. Gut microbiome in health and disease: linking 22 the microbiome-gut-brain axis and environmental factors in the pathogenesis of systemic and neurodegenerative diseases. Pharmacol Ther, 2016; 158, 52–62.
  • Matsuoka K, Kanai T. The gut microbiota and inflammatory bowel disease. Semin Immunopathol, 2015; 37, 47–55.
  • Qin J, Li R, Raes J, Arumugam M, Burgdorf KS, Manichanh C et al. A human gut microbial gene catalogue established by metagenomic sequencing. Nature, 2010; 464, 59–65.
  • Gill SR, Pop M, Deboy RT, Eckburg PB, Turnbaugh PJ, Samuel BS et al. Metagenomic analysis of the human distal gut microbiome. Science, 2006; 312,1355–1359.
  • Xu Z, Knight R. Dietary effects on human gut microbiome diversity. Br J Nutr, 2015; 113, S1-S5.
  • Hooper LV, Macpherson AJ. Immune adaptations that maintain homeostasis with the intestinal microbiota. Nat Rev Immunol 2010; 10, 159–169.
  • Maynard CL, Elson CO, Hatton RD, Weaver CT. Reciprocal interactions of the intestinal microbiota and immune system. Nature, 2012; 489, 231–241.
  • Relly MP, Rader DJ. The metabolic syndrome: more than the sum of its parts? Circulation, 2003; 108, 1546-1551.
  • Ohtani N, Yoshimoto S, Hara E. Obesity and Cancer: A Gut Microbial Connection. Cancer Res, 2014; 74, 1885-1889
  • Schwenk RW, Vogel H, Schurmann A. Genetic and epigenetic control of metabolic health. Mol Metab, 2013; 2, 337-347
  • Haslam DW, James WPT. Obesity. Lancet, 2005; 366, 1197–1209.
  • Turnbaugh PJ, Backhed F, Fulton L, Gordon JI: Diet-induced obesity is linked to marked but reversible alterations in the mouse distal gut microbiome. Cell Host Microbe, 2008; 3, 213-223.
  • Turnbaugh PJ, Ley RE, Mahowald MA, Magrini V, Mardis ER, Gordon JI. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for energy harvest. Nature, 2006; 444, 1027–131.
  • Gonzalez-Muniesa P, Martinez-Gonzalez MA, Hu FB, Despres JP, Matsuzawa Y, Loos RJF et al. Obesity. Nat Rev Dis Primers, 2017; 3, 17034.
  • Profenno LA, Porsteinsson AP, Faraone SV. Meta-analysis of Alzheimer’s disease risk with obesity, diabetes, and related disorders. Biol Psychiatry, 2010; 67,505-512.
  • Elias MF, Elias PK, Sullivan LM, Wolf PA, D’Agostino RB. Obesity, diabetes and cognitive deficit: the Framingham Heart Study. Neurobiol Aging, 2005; 26, 11-16.
  • Sabia S, Kivimaki M, Shipley MJ, Marmot MG, Singh-Manoux A. Body mass index over the adult life course and cognition in late midlife: the Whitehall II Cohort Study. Am J Clin Nutr, 2009; 89, 601-607.
  • Anstey KJ, Cherbuin N, Budge M, Young J. Body mass index in midlife and late-life as a risk factor for dementia: a metaanalysis of prospective studies. Obes Rev, 2011; 12, e426-e437.
  • Gregor MF, Hotamisligil GS. Inflammatory mechanisms in obesity. Annu Rev Immunol, 2011; 29, 415-445.
  • Hanzel CE, Pichet-Binette A, Pimentel LS, Iulita MF, Allard S, Ducatenzeiler A et al. Neuronal driven preplaque inflammation in a transgenic rat model of Alzheimer’s disease. Neurobiol Aging, 2014; 35, 2249-2262.
  • Cancello R, Clement K. Is obesity an inflammatory illness? Role of low-grade inflammation and macrophage infiltration in human white adipose tissue. BJOG, 2006; 113, 1141-1147.
  • Cani PD, Bibiloni R, Knauf C, Waget A, Neyrinck AM, Delzenne NM et al. Changes in gut microbiota control metabolic endotoxemia-induced inflammation in high-fat dietinduced obesity and diabetes in mice. Diabetes, 2008; 57, 1470-1481.
  • Kanneganti TD, Dixit VD. Immunological complications of obesity. Nat Immunol 2012; 13, 707-712.
  • Shu CJ, Benoist C, Mathis D. The immune system’s involvement in obesity-driven type 2 diabetes. Semin Immunol, 2012; 24, 436-442.
  • Weisberg SP, McCann D, Desai M, Rosenbaum M, Leibel RL, Ferrante AW Jr. Obesity is associated with macrophage accumulation in adipose tissue. J Clin Invest, 2003; 112, 1796-1808.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.