Quais os fatores de risco para falha do tratamento cirúrgico de correção incontinência urinária mista em mulheres quando utilizado o sling uretral médio?

Estudo descreve características da falha no tratamento cirúrgico de mulheres com incontinência urinária mista utilizando sling uretral médio.

De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC, 2019) um estudo brasileiro conduzido com uma população idosa relatou uma prevalência de incontinência urinária (IU) de 11,8% entre os homens e de 26,2% entre as mulheres. Mais de 50% das mulheres com IU apresentam a forma mista, a qual inclui a incontinência urinária de esforço (IUE) e a incontinência urinária de urgência (IUU) (MINASSIAN, 2017). A terapêutica da paciente com IU mista é mais desafiadora, o que gera insegurança no manejo desta paciente. Diversos protocolos referem piora da IUU após o tratamento cirúrgico, apesar de orientarem tratarem ambas situações separadamente. Porém, segundo Kobashi (2017), esses protocolos são baseados em técnicas cirúrgicas antigas e  com poucos dados para sustentar essa afirmação.

incontinência urinária

Estudo

Em setembro de 2020 foi publicado um estudo descrevendo as características associadas a falha no tratamento cirúrgico de mulheres com IU mista, utilizando o sling uretral médio por um ano. 403 mulheres participaram desse estudo randomizado e foram divididas em dois grupos. Um grupo de pacientes além de realizar a cirurgia com o sling uretral médio, receberam terapia comportamental e do assoalho pélvico; já o segundo grupo, realizou a cirurgia para correção de IU com o sling uretral médio apenas (SUNG, 2020).

O uso de anti-espasmódico geniturinário antes da cirurgia, como a oxibutinina, a hiperatividade do detrusor na cistometria realizada durante o estudo urodinâmico e/ou pressão de perda menor que 60 cm H₂O quando realizado manobra de Valsalva durante o exame e o sobrepeso ou obesidade, são fatores de risco para falha do tratamento cirúrgico com sling uretral médio. Sung (2020) também ressalta que a falha terapêutica é pior nas pacientes que foram submetidas apenas ao tratamento cirúrgico, sem realizar fisioterapia pélvica e receberem orientação comportamental adequada.

Leia também: Como evitar incontinência urinária na gestação?

Considerações

A relevância deste estudo não está apenas em saber a importância da equipe multidisciplinar, mas, também, em orientar a paciente adequadamente no pré-operatório. O autor destaca a importância de mostrar para a paciente o desafio do tratamento da IU mista e dos riscos de falha que ela pode apresentar, levando a tratamentos adicionais além da cirurgia. De acordo com Sung (2020) 30% das pacientes queixaram de falha no tratamento cirúrgico, mas apenas 4,4% apresentavam reais critérios de falha terapêutica. A principal queixa foi relacionada à urgência miccional e somente 13,5% precisou de tratamento adicional para alívio dos sintomas.

Referências bibliográficas:

  • Sung VW, Richter HE, Moalli P, Weidner AC, Nguyen JN, Smith AL, Dunivan G, Ridgeway B, Borello-France D, Newman DK, Mazloomdoost D, Carper B, Gantz MG; Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development Pelvic Floor Disorders Network*. Characteristics Associated With Treatment Failure 1 Year After Midurethral Sling in Women With Mixed Urinary Incontinence. Obstet Gynecol. 2020 Sep;136(3):482-491. doi: 10.1097/AOG.0000000000003989. PMID: 32769647; PMCID: PMC7483953.
  • Minassian VA, Bazi T, Stewart WF. Clinical epidemiological insights into urinary incontinence. Int Urogynecol J 2017;28: 687–96. doi10.1007/s00192-017-3314-7
  • Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Incontinência Urinária Não Neurogênica. Agosto, 2019. http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2019/Relatrio_-Incontinncia_Urinria_no_Neurognica_CP_47_2019.pdf
  • Kobashi KC, Albo ME, Dmochowski RR, Ginsberg DA, Goldman HB, Gomelsky A, et al. Surgical treatment of female stress urinary incontinence: AUA/SUFU guideline. J Urol 2017;198:875–83. doi10.1016/j.juro.2017.06.061

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