Quais os riscos da utilização de antidepressivos durante a gravidez?

Sabemos do risco de radiação e outros durante o período da embriogênese, mas novo estudo mostra os riscos de antidepressivos na gravidez.

Depressão e ansiedade são doenças que afetam um grande número de pessoas nos EUA. Aproximadamente 19% das mulheres em idade reprodutiva com esse diagnóstico são tratadas com antidepressivos e terapia por lá. Dessas mulheres, um número não menor de 10 a 15% recebem uma receita de antidepressivos anualmente.

Sabemos do risco de administração de drogas, radiação entre outros durante o período da embriogênese. Até o momento os estudos têm mostrado os riscos de drogas psiquiátricas em classes medicamentosas, mas não se tinham estudados os antidepressivos isoladamente, em grupos ou em associações (como com a gravidez).

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Exemplos de remédios antidepressivos utilizados durante a gravidez.

Método do estudo

Esse grande estudo de casos e controles, através de entrevistas com mulheres no período de 1 de outubro 1997 a 31 de dezembro 2011. O desenho do estudo foi bastante interessante, uma vez que usou vários centros nos EUA. A participação de geneticistas permitia excluir do estudo nascidos com defeitos genéticos, para que as malformações na gravidez estivessem apenas relacionadas ao uso dos antidepressivos.

Os questionários eram respondidos por telefone através de um sorteio randomizado por computador selecionando os números de telefones das pacientes. As drogas questionadas eram: fluoxetina, sertralina, citalopran, paroxetina, venlafaxina e bupropiona usados nos três meses antes da concepção ou durante a gravidez. Perguntou-se se elas usaram alguma outra medicação e poderiam ser citados outros antidepressivos.

Não se questionaram os diagnósticos, somente o uso de medicamentos. Elas deveriam relatar data de início e término da medicação, duração do uso e frequência das doses. Encontraram drogas nas seguintes classes:

  • SSRIs – Inibidores seletivos da receptação de serotonina;
  • SNRIs – Inibidores da receptação de serotonina e norepinefrina;
  • IMAO – Inibidores da Monoaminoxidase;
  • Antidepressivos tricíclicos e outros inibidores receptação de norepinefrina;
  • Outros antidepressivos.

Mulheres de 12 a 53 anos entraram para o estudo, chegando à cifra de 32.200 casos e 11.829 controles. Com os critérios de exclusão (defeitos genéticos, outras drogas teratogênicas usadas, diabetes tipo 1 ou 2, que tivessem usado as medicações após o período embrionário) ainda tivemos 30.630 casos e 11.478 controles. Outras situações de morbidez como IMC, tabagismo, etilismo, uso de ácido fólico foram contabilizados nos questionários e estatísticas.

Doenças como ansiedade e depressão bastante prevalentes em mulheres em idade reprodutiva ainda permanecem um dilema terapêutico. Muitos estudos que analisaram apenas classes medicamentosas limitaram bastante a terapêutica.

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Conclusão sobre antidepressivos na gravidez

Os resultados deste trabalho com drogas prescritas mais comuns mostraram uma variedade de más formações únicas e múltiplas com uso de SSRIs, venlafaxina e bupropiona. Os resultados deles mostraram que a venlafaxina desponta como a droga mais teratogênica entre as várias drogas pesquisadas ou grupos de drogas em associação. Por outro lado, o escitalopran mostrou ser a droga mais segura para ser usada nesse período de organogênese, tão propenso ao risco de más formações. Esse estudo está entre os poucos estudos que conseguiu relacionar droga e sua principal má formação. Assim mesmo ainda devemos pesar risco x benefício para prescrever antidepressivos no período de organogênese e obter o termo de consentimento livre e esclarecido da mãe antes da prescrição.

Referências bibliográficas:

  • Anderson KN, et al. Maternal Use of Specific Antidepressant Medications During Early Pregnancy and the Risk of Selected Birth Defects. JAMA Psychiatry. Published online August 5, 2020. doi:10.1001/jamapsychiatry.2020.2453

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